Prática antiga: canais requentam novelas com remakes disfarçados

19/08/2022 às 11h15

Por: Nilson Xavier
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Nilson Xavier

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A base para um autor criar uma novela pode vir das mais variadas fontes, um livro, um filme ou uma peça, por exemplo. Às vezes, de alguma novela antiga.

Quando a inspiração vem de uma novela que não assume tratar-se de um “remake” propriamente dito, a nova produção pode ganhar outro título, até mesmo para disfarçar.

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O Cravo e a Rosa – sucesso atualmente nos inícios de tarde – é assumidamente inspirada na peça A Megera Domada, de William Shakespeare, mas não assumidamente inspirada na novela O Machão, da TV Tupi (1974-1975), criada por Ivani Ribeiro e desenvolvida por Sérgio Jockyman (a partir da peça de Shakespeare).

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O desenrolar das tramas das duas novelas é similar, mas nota-se personagens de O Cravo e a Rosa que existem em O Machão, mas não existem na peça de Shakespare. Ou seja, Walcyr Carrasco baseou-se mais na antiga novela da Tupi do que na peça clássica.

Outros casos

Cidadão Brasileiro

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Em 2006, Lauro César Muniz escreveu Cidadão Brasileiro para a Record TV. Porém, não assumiu que tratava-se de um “quase remake” de sua novela Escalada, produzida pela Globo em 1975, justamente para que não fosse feita uma associação com a produção da concorrente.

Em 1990, a Globo levou ao ar Lua Cheia de Amor, levemente inspirada na novela Dona Xepa, que Gilberto Braga escreveu em 1977 para a faixa das 18 horas. Gilberto participou na nova produção como supervisor do texto.

Lua Cheia de Amor

Os nomes dos personagens foram todos trocados e novas tramas criadas, para enquadrar a produção no padrão das novelas das sete dos anos 1990. A feirante Xepa, vivida por Yara Côrtes em 1977, virou a ambulante Genu em 1990, na pele de Marília Pêra.

Ivani Ribeiro

A Gata Comeu

A autora talvez tenha sido a que mais usou o recurso do disfarce na hora de requentar suas histórias. De suas novelas na TV Globo, apenas a primeira, Final Feliz (1982-1983), era inédita. Todas as demais foram remakes, assumidos ou não, de sua obra.

A saber: Amor com Amor se Paga (1984) foi baseada em sua novela Camomila e Bem-Me-Quer (Tupi, 1972-1973); A Gata Comeu (1985) era um remake da novela A Barba Azul (Tupi, 1974-1975); Hipertensão (1986-1987) foi baseada em Nossa Filha Gabriela (Tupi, 1971-1972); e O Sexo dos Anjos (1989-1990), baseada em O Terceiro Pecado (Excelsior, 1968).

As duas últimas novelas de Ivani foram remakes assumidíssimos: Mulheres de Areia (1993), a partir da novela da Tupi, de 1973-1974, com a adição de tramas de O Espantalho, de 1977; e A Viagem (1994), a partir da novela homônima da Tupi, de 1975-1976.

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