Power Rangers não chamará a atenção pelos efeitos e pelas lutas, mas sim pelo roteiro e relações entre os protagonistas
23/03/2017 às 14h30
Antes de mais nada, eu preciso dizer para você que lê esta crítica: sou realmente muito fã de Power Rangers. Quem acompanha, por pouco que seja, minhas redes sociais, sabe disso. E confesso que tinha medo da minha expectativa acabar cegando os defeitos do filme que estreia nesta quinta-feira (23) – o TV História já conferiu na última segunda-feira (20), na cabine para a imprensa em São Paulo.
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Afinal, foram três anos de espera desde o anúncio e muitas expectativas, principalmente com a boa divulgação feita pela Lionsgate e pela Saban Brands. Mas, curiosamente, o melhor do filme não está nas esperadas cenas de ação.
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O longa conta a história de Jason (Dacre Montgomery), Kimberly (Naomi Scott), Trini (Becky G), Billy (RJ Clyer) e Zack (Ludi Lin). Cinco estilos e problemas diferentes, que, por conta do destino, acabam tendo a responsabilidade de defender Rita Repulsa, interpretada por Elizabeth Banks.
A principal qualidade do filme é dar uma coisa que sempre faltou na série de TV, principalmente na primeira temporada, que é alvo da adaptação: profundidade de personagem. Todos aqui têm seus problemas explorados e discutidos, fazendo o espectador realmente se envolver.
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E o melhor é que não são “problemas Malhação”, digamos assim. São problemas reais e graves. Os 15 primeiros minutos de filme, inclusive, são frenéticos: é acontecimento atrás de acontecimento, sem deixar o espectador respirar e ficar satisfeito com o que vê. O primeiro ato é muito bom e prende quem está no cinema.
No decorrer do longa, outra coisa é corrigida em relação à série de TV: a banalização da morfagem, vamos dizer assim. Enquanto na série os Rangers acabam virando Rangers e pronto, no filme eles precisam fazer por merecer essa transformação.
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E as relações entre os cinco só melhoram daqui para frente. Juntos, o time tem um carisma inquestionável e a forma como tudo foi construído faz você torcer para que tudo dê certo no fim. E isso é ponto para o roteiro do filme, muito bem estruturado e bem feito, principalmente neste segundo ato.
No terceiro ato, quando os Rangers finalmente se tornam Rangers, há uma queda de qualidade. A transformação e aparição dos Zords/Megazord é muito empolgante, mas o modo como se chega lá, com lutas e alguma batalha com Rita Repulsa, não empolga na forma que deveria.
No fator elenco, quem rouba a cena é RJ Clyer, o Billy. Cômico, inteligente e, ao mesmo tempo, amoroso e preocupado com seus amigos, é o melhor personagem do filme. Becky G faz uma Trini sensível e corajosa, atuando perfeitamente quando revela ser gay – ponto para a boa direção de Dean Israelite.
A relação Jason e Kimberly também é explorada, mas não deixa claro se eles, de fato, têm um envolvimento amoroso, ou se virão a ter no segundo filme, que certamente virá, já que a cena pós-créditos revela a entrada de Tommy Oliver, o lendário Ranger Verde.
No fator nostalgia, duas coisas que empolgam: a famosa Go Go Power Rangers toca – e no momento certo. Além disso, Jason David Frank e Amy Jo Johnson, Tommy e Kimberly na série original, aparecem rapidamente, ligando os dois mundos. Toque simples, mas que faz valer a pena.
Power Rangers não chamará a atenção pelos efeitos e pelas lutas – estes são o ponto fraco do filme, que precisa ser melhorado para o próximo. O roteiro e a relações entre os cinco chamam muito mais atenção. Filmes são, acima de tudo, histórias. E Power Rangers contou uma excelente história de original. Vale muito a pena ver.