Algumas tramas da história da televisão brasileira falharam em diversos motivos, confundindo o público, que acabou fugindo da atração. A maioria dessas atrações teve que sofrer ajustes no roteiro para tentar recuperar a audiência, nem sempre obtendo bons resultados.

Confira 10 exemplos na lista:

Anastácia, a Mulher sem Destino

O público não entendeu o enredo de Anastácio, a Mulher Sem Destino, novela de 1967 da Rede Globo. A história era confusa e longe da realidade brasileira, o que era comum nas atrações daquela época. Além disso, existiam muitos personagens, o que dificultava o desenvolvimento da história.

Com os baixos índices de audiência e muitas reclamações, a emissora teve que tomar uma atitude: afastou o autor Emiliano Queiróz e chamou Janete Clair para dar um jeito.

A autora, em seu primeiro trabalho na Globo, criou um terremoto na ilha, eliminando mais de 100 personagens. A partir daí, a história de um salto de 20 anos, recomeçando com apenas sete personagens.

O Casarão

Em 1976, um fato único ficou marcado na história da Globo. A emissora estreou a novela das oito O Casarão, de Lauro César Muniz, em 7 de junho daquele ano, mas o público não entendeu a complexa história.

Diante da reclamação de inúmeros telespectadores por telefone, o primeiro capítulo foi reprisado no mesmo dia, às 23 horas. Em uma época de experimentação na televisão brasileira, O Casarão foi uma tentativa de inovação no gênero feita pelo autor.

A saga da família do cafeicultor Deodato Leme (Oswaldo Loureiro) acontecia em três tempos distintos, com diferentes atores interpretando os mesmos personagens, apresentados simultaneamente. O primeiro momento acontecia entre 1900 e 1910; a fase seguinte, vinha de 1926 a 1936; e a última se passava quarenta anos depois, em 1976. Todas as fases foram marcadas pela presença do casarão da família que dava título à obra.

Espelho Mágico

Apesar de ter sido bastante inovadora (ou, principalmente, por isso), Espelho Mágico está na lista dos maiores desastres da Globo. A trama de Lauro César Muniz tinha um elenco de peso, como Tarcísio Meira, Glória Menezes, Lima Duarte, Sônia Braga e Vera Fischer, entre outros, mas não engrenou.

A iniciativa de contar tudo o que acontecia nos bastidores da própria televisão – a trama tinha até uma novela dentro da história – não foi bem vista pelos telespectadores. A queda no Ibope chegou a 20 pontos, numa época em que a Globo dominava completamente os índices.

A novela que existia dentro da novela, Coquetel de Amor, chamava mais atenção do público do que os problemas que os artistas enfrentaram nos bastidores e eram mostrados na trama.

O Amor é Nosso

Numa época que a Globo dominava praticamente toda a audiência nacional, O Amor é Nosso conseguiu ser a mais problemática trama já exibida pela emissora.

A novela contava, basicamente, a história do jovem cantor Pedro (Fábio Jr.), em busca do sucesso e do reconhecimento da crítica. O público simplesmente não entendeu a história, que misturava romances com elementos policiais e confusões típicas dos jovens.

O Amor é Nosso ainda tinha excesso de personagens – muita gente não tinha sequer função na trama. Exatamente no meio da novela, em uma situação emergencial, Walter Negrão assumiu o lugar dos autores originais, seguindo até o final da conturbada história.

Amazônia

Depois do sucesso de Pantanal e da regularidade de A História de Ana Raio e Zé Trovão, a Manchete resolveu abrir os cofres e gastou o que não tinha para fazer Amazônia, com Cristiana Oliveira e Marcos Palmeira nos papeis principais.

A confusa trama se passava em duas épocas simultaneamente, afugentando o público. A partir do capítulo 43, mudou tudo, ficando somente a trama histórica, em Amazônia, Parte 2.

Não adiantou e a novela ficou marcada como um dos maiores fiascos da história da televisão brasileira, contribuindo para o agravamento da eterna crise financeira da emissora da família Bloch.

Suave Veneno

Aguinaldo Silva prometeu que sua nova novela teria uma virada a cada 30 capítulos, mas isso ficou longe de acontecer. Com ritmo muito ágil, problemas de narrativa e de direção, o público não se interessou pela história inicialmente e a Globo sofreu com grande perda de Ibope.

A produção só entrou no eixo a partir do capítulo 70, quando o autor colocou um basta nas interferências e, segundo ele mesmo, acertou a mão no texto.

Mesmo assim, o resultado ficou muito abaixo do esperado.

As Filhas da Mãe

As Filhas da Mãe

Típica comédia rasgada de Silvio de Abreu no horário das sete, As Filhas da Mãe teve elenco estelar, com nomes como Fernanda Montenegro, Tony Ramos, Raul Cortez, Cláudia Raia e Thiago Lacerda, entre outros.

Mas deu tudo errado. O público não entendeu e não gostou da história, que não tinha elementos típicos, como casal de protagonistas, e tinha as cenas costuradas por raps.

A audiência ficou muito abaixo do esperado e a novela foi encurtada.

Metamorphoses

A Record resolveu voltar a produzir novelas em grande estilo, fazendo um enorme investimento, inclusive gravando em alta definição quando ninguém ainda falava nisso. Fechou uma parceria com a produtora Casablanca e inventou de estrear a produção num domingo.

Depois de alguns dias com audiência satisfatória, o Ibope começou a despencar, ficando na casa dos dois a três pontos.

No final das contas, a trama confusa de Metamorphoses terminou com 20 capítulos a menos do que o previsto e um narrador contou como seria o destino de alguns personagens.

Tempos Modernos

Facilmente inserida em qualquer lista das piores novelas da história da Globo, Tempos Modernos derrubou o Ibope da faixa das sete. O público não se interessou pela história, que envolvia um robô que controlava um prédio modernoso e uma vilã, vivida por Grazi Massafera, que não convenceu.

Como os telespectadores acharam a história confusa, muitas mudanças foram feitas, mas não havia muito o que ser feito. Restou à emissora esperar pelo término da produção.

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Além do Horizonte

A novela queria ser diferente, com um clima de série, como Lost. Mas a história, sem pé nem cabeça, foi rejeitada pelo público, só engrenando (um pouco) quando foi dado maior enfoque romântico.

A produção acabou ficando na lista de piores novelas do horário da história da emissora.

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Thell de Castro

Apaixonado por televisão desde a infância, Thell de Castro é jornalista, criador e diretor do TV História, que entrou no ar em 2012. Especialista em história da TV, já prestou consultoria para diversas emissoras e escreveu o livro Dicionário da Televisão Brasileira, lançado em 2015 Leia todos os textos do autor