Nesta sexta, 18 de setembro, comemoramos os 70 anos da inauguração da televisão brasileira. Além disso, a data marcou a estreia da primeira emissora de TV da América Latina.

Por este fato, convido você para uma viagem no túnel do tempo: vamos até 1950, relembrar como era o mundo naquele ano que esse veículo de comunicação chegou – e que pouquíssimas pessoas tinham acesso a ele.

O presidente do Brasil era Eurico Gaspar Dutra (que dá nome à famosa rodovia), que estava no final de seu mandato. Em 3 de outubro, o país foi às urnas para escolher o novo presidente. Getúlio Vargas (foto abaixo) voltou ao Catete por meio da democracia, depois ficar 15 anos no poder por meio de um golpe de estado.

A moeda vigente era o cruzeiro, o salário mínimo era de Cr$ 380,00 e a inflação era de 12% ao ano.

O ano foi marcado pela volta da Copa do Mundo, depois de 12 anos suspensa por conta da Segunda Guerra Mundial, e a sede do torneio foi o Brasil. A expectativa era imensa para esse evento: o Estádio do Maracanã foi inaugurado, se tornando o maior do mundo, com capacidade para 200 mil pessoas.

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A Seleção Brasileira fez uma bela campanha no torneiro, goleando o México, Espanha e Suécia. O time era o franco favorito, já tido como o campeão, pois um empate na última partida lhe daria a taça Jules Rimet.

A final foi contra o Uruguai e ninguém esperava que o jogador Alcides Ghiggia calaria o Maracanã: a Celeste Olímpica venceu por 2 a 1, faturou o caneco e deixou um país inteiro aos prantos, que apenas se recuperou em 1958, na Suécia, quando ganhamos o nosso primeiro mundial.

Ainda não existia um campeonato nacional, mas o futebol já corria solto pelos gramados nos estaduais: o campeão carioca foi o Vasco; o Palmeiras levou o Paulistão; o Atlético-MG foi o vitorioso em Minas e, no Rio Grande Sul, o Internacional levantou a taça.

O principal veículo de comunicação era o rádio, que vivia sua era mais glamurosa. A Rádio Nacional era a líder de audiência, contando com um grande elenco, e tinha como principal concorrente a Rádio Mayrink Veiga.

O brasileiro se divertia com programas de auditório e radionovelas, além de se informar através do Repórter Esso.

Cacilda Becker, Paulo Autran, Tônia Carrero, Sérgio Cardoso, Fernanda Montenegro e Walmor Chagas, entre outros, levavam peças inovadoras e ousadas para os teatros do Brasil.

No cinema, a chanchada ajudava a lotar as salas de exibição pelo país. O grande sucesso do ano foi Aviso aos Navegantes, com Oscarito e Grande Otelo, estrelas do humor no cinema nacional.

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Pelo mundo, cinco anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, começava a Guerra da Coreia, que colocou a Coreia do Sul e seus aliados, Estados Unidos e Reino Unido, contra a Coreia do Norte, que tinha o apoio da China e da União Soviética. O combate durou três anos. Ao final, foi selado um armistício entre os dois países, que durou 65 anos, encerrado em 27 de abril de 2018.

Em 13 de maio, foi realizada primeira corrida da Fórmula 1: o Grande Prêmio da Grã-Bretanha, vencido pelo piloto Giuseppe Farina.

Filas se formavam nas portas dos cinemas devido ao sucesso dos filmes “Por quem os sinos dobram”, “A Rosa Negra” e “Crepúsculo dos Deuses” (foto abaixo), entre outros.

Em 2 de outubro, Charles Schulz publicou sua primeira tirinha. Assim nascia a turma de Charlie Brown e Snoopy.

E, é claro, no dia 18 de setembro de 1950, na cidade de São Paulo, Sonia Maria Dorce, uma garotinha de seis anos, olhou para a câmera e disse: “Boa noite. Está no ar a televisão do Brasil”.

Estreava TV na Taba, nossa primeira atração. A primeira de tantas outras nessa gloriosa história de 70 anos da televisão brasileira.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor