Por que o Altas Horas foi o programa que melhor se adaptou à pandemia
24/10/2020 às 11h32
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A pandemia do novo coronavírus afetou toda a programação televisiva. Do Brasil e do mundo. Os produtos mais afetados foram o do entretenimento, vide o agravamento da crise do setor cultural. E os programas de auditório sofreram uma inevitável descaracterização. Afinal, todos precisam da aglomeração das plateias. Porém, os apresentadores se viram obrigados a apresentar suas respectivas atrações de casa ou no palco sem ninguém presente (com exceção da produção). E quem melhor se virou com o inusitado novo formato foi Serginho Groisman.
A maior identidade do “Altas Horas”, que completou 20 anos no ar no dia 14 de outubro, era a plateia repleta de jovens estudantes e com uma proximidade muito grande com os convidados. Todos ficavam sentados em um auditório que fazia quase um círculo no estúdio. Era quase uma arena do entretenimento e da informação. O mesmo já acontecia desde a época do inesquecível “Programa Livre”, no SBT. Enquanto não houver a vacina contra a COVID-19 nada disso será possível. Um hiato é inevitável. Mas se engana quem pensa que a alteração do formato afetou a qualidade da atração.
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Serginho foi muito inteligente ao mesclar conteúdo inédito com reprises. Ao invés de simplesmente reprisar programas antigos, como ocorria com o “Domingão do Faustão” e “Caldeirão do Huck”, o apresentador exibe trechos de algumas entrevistas ou números musicais do programa e entrevista o convidado ou a convidada que esteve na época da exibição via vídeo-chamada.
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Também tem sido fundamental na divulgação das “estreias” de novas reprises da Globo. Vide a deliciosa entrevista recente que teve com Vera Fisher, Reynaldo Gianecchini e Carolina Dieckmann para falar da volta de “Laços de Família” (2000) no “Vale a Pena Ver de Novo”.
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As entrevistas remotas que Serginho vem fazendo duram cerca de dez a quinze minutos e enriquecem a atração. O “Conversa com Bial” iniciou esse recurso de uma forma muito bem-sucedida e Serginho acertou ao seguir com a mesma proposta, ainda que com uma duração mais curta. Outro ótimo momento foi um bate-papo descontraído do apresentador com Susana Vieira e Renata Sorrah relembrando “Senhora do Destino” (2004). Marina Ruy Barbosa e Felipe Simas também marcaram presença em vídeo-chamadas para uma homenagem ao sucesso do casal “Joliza” na época de “Totalmente Demais” (2016) e na reprise recém-encerrada. Vale destacar ainda sua entrevista com Marjorie Estiano para falar do especial “Sob Pressão – Plantão Covid”.
O êxito do “Altas Horas” com esse novo formato implicou na mudança no “Domingão do Faustão”. Fausto no início apenas gravava vinhetas em casa e a reexibição dominava quase todo o tempo de programa. Algumas semanas depois, o comunicador começou a realizar entrevistas de sua casa em vídeo-chamadas. Ivete Sangalo foi um das convidadas. Agora Faustão já voltou ao palco com a nova temporada da “Dança dos Famosos”, mesmo sem plateia. Mas é preciso apontar essa mexida da produção após o acerto de Serginho. Sinal que realmente funcionou.
Serginho Groisman sempre foi um dos melhores apresentadores do país e o “Altas Horas” o programa de maior qualidade na televisão aberta. O vitorioso novo formato apenas comprovou que nem uma pandemia será capaz de alterar isso. Está tudo igual, mas um pouco diferente.
SOBRE O AUTOR
SÉRGIO SANTOS é apaixonado por televisão e está sempre de olho nos detalhes, como pode ser visto em seu blog. Contatos podem ser feitos pelo Twitter ou pelo Facebook.