Por que a Globo quer agradar evangélicos na próxima novela das sete? Autora responde

15/12/2022 às 13h15

Por: Nilson Xavier
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João Miguel Júnior / Globo

Nilson Xavier

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A Globo promoveu, nesta quinta-feira (15), a primeira coletiva de imprensa da próxima novela das sete, Vai na Fé, escrita e criada por Rosane Svartman, com direção artística de Paulo Silvestrini. Desde as primeiras notícias sobre a produção, a mídia frisa que esta é a primeira protagonista evangélica das novelas da Globo, o que tem gerado burburinho e curiosidade.

Vai na Fé - Carla Cristina e Sheron Menezzes

João Miguel Júnior / Globo

Atualmente a TV Globo tenta se aproximar e cativar o público evangélico crítico à emissora, em especial o mais conservador. Prova disso foi o quadro Altas Promessas, dentro do Altas Horas, de Serginho Groisman, que dava espaço a cantores gospel.

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Coincidência

Cara e Coragem - Rosane Svartman

João Miguel Júnior / Globo

Perguntei a Rosane se a protagonista evangélica era uma criação sua ou um pedido da Globo.

Ela respondeu que foi uma coincidência a novela estrear coladinha com o Altas Promessas e que até entrou em contato com a equipe do Altas Horas para estudar a possibilidade de um crossover (de o programa entrar na trama da novela). Porém não daria tempo, a não ser que aconteça uma segunda temporada do Altas Promessas durante a exibição de Vai na Fé.

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Temas progressistas x evangélicos

Vai na Fé - Sheron Menezzes

João Miguel Júnior / Globo

Rosane Svartman é uma autora de novelas com abordagens notoriamente progressistas, que nunca deixou de levantar pautas de interesse social, como a diversidade sexual e racial, além de fomentar discussões sobre feminismo e opressão social, entre outros assuntos.

Questionei a autora como ela iria equilibrar temas progressistas ante uma protagonista evangélica criada para agradar ao público conservador.

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Rosane Svartman começou contando como surgiu a ideia para a personagem Sol, vivida em Vai na Fé por Sheron Menezzes. Foi em 2019, quando escrevia sua última novela, Bom Sucesso. A autora reparou que de cada 10 pessoas do grupo de discussão que avaliava a novela, de 4 a 6 se diziam evangélicos.

Este dado não só lhe chamou a atenção, como também provava que o público evangélico não estava afastado da Globo – pelo menos não da novela Bom Sucesso – e que aprovava a personagem Paloma (Grazi Massafera), que era uma mulher de fé, cristã, católica praticante:

“Isso me fez pensar como seria essa personagem, como seria a família de Sol, que nasceu dessa pesquisa e desse entendimento”.

Pontes de empatia

Bom Sucesso - Antonio Fagundes e Grazi Massafera

Divulgação / Globo

Rosane destaca que a telenovela parte do entendimento dos diálogos e dos assuntos que se pretende abrir. Contudo, o telespectador não gosta quando os temas são expostos com um ponto de vista formado, como se fosse o correto. A autora ainda salienta que suas abordagens são múltiplas porque os diálogos que propõe ao público nunca são de forma impositiva.

“O que o autor mais quer é criar pontes de empatia. A gente quer contar uma boa história, mas também não quer ofender ninguém”.

Rosane Svartman finalizou afirmando que, independentemente da vertente religiosa de Sol e sua família, a protagonista de Vai na Fé está sendo escrita com a mesmo carinho que Paloma (de Bom Sucesso) e Eliza (Marina Ruy Barbosa, de Totalmente Demais), e com o desejo de criar e de construir pontes de empatia com o telespectador, de qualquer fé.

Vai na Fé estreia em janeiro, em substituição a Cara e Coragem.

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