Popstar traz bons momentos, mas não pode ser chamado de original
10/07/2017 às 10h00
Com o fim do Superstar, reality musical de bandas que durou três temporadas e foi cancelado este ano – em virtude de suas derrotas para programas das concorrentes -, a Rede Globo lançou seu mais novo programa do segmento. Popstar, que estreou no último domingo (9 de abril), ocupando o lugar de mais uma temporada de sucesso do Tamanho Família, desta vez aposta em um elenco fixo de artistas da emissora, de diversas áreas (atuação, entretenimento e esporte), aventurando-se pela música, disputando a preferência do público e concorrendo a um prêmio de 250 mil reais.
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Sob a direção de Boninho (diretor responsável pelos realities globais) e a apresentação de Fernanda Lima (que também comandava o Superstar), os artistas fazem suas performances, acompanhados pela banda fixa do programa (a mesma dos The Voice Brasil e Kids) e são julgados por um grupo de dez especialistas, normalmente cantores e músicos famosos, que variam a cada semana e dão uma estrela cada um para os shows que aprovarem. Caso atinjam oito estrelas, os concorrentes recebem uma estrela bônus.
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Há ainda uma plateia interativa de 20 pessoas no meio do público, que dá uma nota de 1 a 10 estrelas. A média da votação altera a cor do piso desta plateia e soma-se às estrelas dos jurados. A partir do terceiro programa, com exibição ao vivo, o público de casa também terá direito a votar, através do portal GShow.
No elenco da primeira temporada, participam os atores André Frateschi, Cláudio Lins, Érico Brás, Fabiana Karla, Lúcio Mauro Filho, Marcella Rica, Marcello Melo Jr., Mariana Rios, Murilo Rosa e Thiago Fragoso, a ex-VJ da MTV Abril Sabrina Parlatore, o jornalista esportivo Alex Escobar, o humorista Eduardo Sterblitch e o apresentador Rafael Cortez.
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O programa se anuncia como “um formato original Globo”, uma alegação discutível. Em parte, tem lá seu sentido, pois foi totalmente desenvolvido dentro da emissora, e não comprado do exterior, como os conhecidos The Voice, Superstar e Big Brother. Porém, a ideia propriamente dita de artistas não-cantores se apresentarem cantando passa longe da originalidade.
Vários outros programas já exploraram este filão, como o Programa Raul Gil (que exibiu o quadro Fora do Ninho”quando era transmitido pela Band), o Esse Artista Sou Eu (exibido pelo SBT em 2014) e até mesmo o recente Show dos Famosos (baseado no mesmo formato do programa do SBT), do Domingão do Faustão. O próprio Superstar, em sua última temporada, tinha a Superbanda, que consistia em um artista do elenco da emissora fazendo uma apresentação musical.
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A escolha do grupo de especialistas do primeiro episódio também teve fortes discrepâncias. A seleção trouxe nomes renomados como Nando Reis, Hamilton de Holanda, Baby do Brasil e Samuel Rosa, mas também nomes questionáveis como Junior Lima e Sophia Abrahão.
Mas nada foi mais bizarro que a presença de Tiago Leifert, que notadamente não tem experiência em carreira musical – ao contrário da Dança dos Famosos, cujo júri se divide em artístico (para as celebridades de diversas áreas) e técnico (para os especialistas de fato).
No tocante às apresentações, performances excelentes dividiram o espaço com apresentações desastrosas. Mariana Rios – que também é cantora, com disco lançado em 2009 – reafirmou seu talento vocal e brilhou ao cantar Empire State of Mind, de Alicia Keys. Sabrina Parlatore esbanjou elegância na interpretação de Preciso Dizer Que Te Amo, de Cazuza e Bebel Gilberto. André Frateschi trouxe uma enérgica e vibrante performance de Can’t Buy My Love (dos Beatles). Cláudio Lins se destacou com Dinorah, Dinorah, de seu pai Ivan Lins. E Thiago Fragoso esteve muito bem com sua versão de Podres Poderes, de Caetano Veloso. Os cinco protagonizaram os melhores momentos da estreia.
Por outro lado, Rafael Cortez e Murilo Rosa foram responsáveis pelos piores shows do dia. O primeiro trouxe uma versão decepcionante de Cama e Mesa, de Roberto Carlos; e o segundo também constrangeu ao cantar Os Amantes, tema de seu personagem Dinho e de Neuta (Eliane Giardini) na novela “América” (2005), na voz de Daniel.
Marcella Rica, ao se apresentar com Who Knew (de P!nk), saiu-se bem em termos vocais, mas faltou energia e presença de palco a ela, que obteve as piores notas – de certa forma, injustamente, pois não foi inferior aos dois anteriores. Marcello Melo Jr., que cantou Bang, de Anitta, fez o contrário: trouxe presença e gingado, mas o arranjo da música não favoreceu sua voz.
Apesar de ser um formato não muito original, ao contrário do que é propagado pela emissora, das incoerências das escolhas de parte do grupo de especialistas e de algumas apresentações que causaram vergonha alheia, o Popstar é um programa que merece atenção. Fernanda Lima está segura no comando do programa, como no Amor e Sexo, enquanto Tiago Abravanel pouco teve o que fazer. Lamenta-se também, mais uma vez, o horário inadequado do programa, que combina mais com a exibição noturna.