Apesar do grande sucesso obtido por O Clone em sua exibição original, um fato presente na novela virou piada entre a imprensa e o público: a facilidade com que os personagens iam e voltavam do Marrocos, como se estivesse uma ponta aérea entre o Brasil e o país africano.
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Em julho de 2001, nomes como Giovanna Antonelli, Murilo Benício, Stênio Garcia, Juca de Oliveira, Reginaldo Faria e Vera Fischer estiveram no Marrocos para as primeiras gravações da trama.
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As sequências foram feitas nas ruelas de Medina, cidade histórica construída no século 8, nos arredores de Fez. A equipe aproveitou os intervalos para fazer as refeições no mercado local, onde pôde experimentar iguarias feitas com carne de pombo.
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Também foram feitas cenas nas ruínas da cidade de Ouarzazate e no deserto, sob um calor superior a 50 graus.
“Bem ao estilo de Jayme Monjardim, diretor de núcleo da novela, várias cenas tiveram de contar com muitos figurantes, recrutados entre moradores. As gravações em Marrocos seguem por mais uma semana. Em seguida, a equipe vai para o Egito”, detalhou o Estadão em 29 de julho de 2001.
Marrocos no Brasil
Mais tarde, a Globo “transferiu” um pedaço do Marrocos para o Projac (atual Estúdios Globo), em uma cidade cenográfica de 850 metros quadrados.
“O público estará diante não só de atores que parecem verdadeiros árabes como de ambientes que poderiam pertencer a casas marroquinas. A maior parte dos objetos e roupas que se verá em cena foi comprada na África”, explicou o jornal O Globo em 2 de setembro de 2001.
As produtoras de arte Tiza de Oliveira e o figurinista Paulo Lóes embarcaram para o Marrocos alguns meses antes, ficaram 40 dias no local e despacharam para o Brasil uma tonelada de material, como tapetes, lenços, pratos de cobre, bules, pecas de roupas, pares de sapatos, vestidos de noiva, pratas, joias, louças, cerâmicas, jogos de cama, toalhas de mesa, almofadas, castiçais, panelas e cinzeiros.
“Além de ser mais barato, tínhamos mais opções, já que os marroquinos vivem do artesanato. Comprei coisas que só lá eu poderia descobrir que existiam, como uma fibra vegetal que eles esfregam nos dentes após as refeições para limpá-los”, destacou Tiza.
Ponte aérea
Em 18 de novembro de 2001, O Globo brincou com o fato do personagem Lucas (Murilo Benício) viajar mais facilmente para o Marrocos do que pegar uma ponta aérea.
“O público já perdeu as contas de quantas vezes ele atravessou o oceano e foi parar no continente africano atrás de Jade (Giovanna Antonelli). Da última vez, ele enfrentou longas horas de vôo só para ouvir da amada que ela (de mentirinha) o esqueceu. Haja paixão”, escreveu o jornal.
A mesma reportagem explicou que, na realidade, uma viagem para o Marrocos era muito cansativa, pois, na época, não existiam voos diretos.
“O turista brasileiro costuma fazer uma conexão em Madri. Do Rio até lá, são dez horas de viagem. Depois, de Madri a Casablanca, mais uma hora e 45 minutos de vôo. Da capital marroquina até Fez, onde foram feitas gravações da trama de Glória Perez, ainda é preciso pegar um vôo doméstico”, enumerou o texto, sem esquecer as longas horas de conexão na capital espanhola.
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Atualmente, existe uma opção, através da Royal Air Maroc.
“Entendo que não é tão simples assim viajar para Marrocos, ficar toda hora de lá para cá, não é uma ponte aérea. Mas há a licença poética da teledramaturgia”, defendeu Stênio Garcia, que vivia o Tio Ali e também ficava com os pés nos dois países.
“As milhagens de Lucas, certamente, já bateram recorde”, concluiu, de forma espirituosa, o jornal.
Vale lembrar que a autora já usou o mesmo recurso em outras novelas, como América (EUA), Caminho das Índias (Índia) e Salve Jorge (Turquia).