Autointitulada como a TV dos anos 2000, a Manchete não viu a cara do novo século, já que chegou ao fim em maio de 1999, com altas dívidas – acrescidas de juros que, na época, cresciam além do normal devido à crise financeira que assolava o mundo. O montante devedor da estação entre fornecedores, bancos e funcionários superava o seu patrimônio.
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Sem recursos, a rede que ficou marcada por exibir Pantanal (1990), estrelada por Cristiana Oliveira e Marcos Winter, viveu o seu fatídico e melancólico fim.
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Quinto lugar
Em seus últimos dias, a programação da Manchete estava loteada de televendas e os poucos programas exibidos sequer conseguiam ultrapassar a marca de um ponto de audiência.
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A única exceção era mais uma reprise de Pantanal, na faixa das 21h, que conseguia atingir os dois pontos de média. Vale dizer que, quando o canal encerrou suas transmissões, o folhetim continuou a ser exibido.
Imbróglio
O grupo Bloch havia realizado a venda da estação em junho de 1992 a Hamilton Lucas de Oliveira, presidente do Grupo IBF (Indústria Brasileira de Formulários).
Mas, por Hamilton haver desrespeitado cláusulas importantes, como o pagamento da dívida da estação carioca, a Justiça do Rio de Janeiro devolveu a empresa a Bloch em junho do ano seguinte.
Contudo, o empresário entrou com um processo afirmando ser o único dono da televisão e, por causa disso, a rede não pôde mais ser vendida, o que criou um imbróglio na Justiça entre o antigo e o suposto novo proprietário.
Após uma tentativa frustrada de parceria com a igreja Renascer em Cristo, Amilcare Dallevo Jr. (foto acima), do grupo TeleTV!, foi anunciado como novo dono da Manchete. Hamilton, porém, conseguiu impedir a venda na Justiça. A essas altura, a dívida da emissora já ultrapassava os 620 milhões de reais.
O Ministério das Comunicações estipulou que se a estação não fosse vendida até 18 de maio de 1999, os envolvidos perderiam a sua concessão.
Extinção da Manchete
Divulgação / MancheteEm um acordo com Hamilton, Dallevo adquiriu a emissora e se comprometeu a pagar os salários atrasados. Mas a outorga da Justiça para passar as ações para o grupo, considerado o sucessor da Manchete, saiu somente em 17 de maio, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, transferiu para a TV Ômega a concessão outorgada da emissora.
Ou seja, o fim da estação de Xica da Silva (1996, foto acima) se deu naquela data, contrariando os dados que afirmam que a empresa deixou de operar em 10 de maio.
Foi, inclusive, a partir do dia 18 de maio o fim do uso da marca Manchete, com o principal jornal da casa passando a ser chamado de Primeira Edição, de acordo com a programação divulgada pelo Acervo Ibope/AEL Unicamp.
Assim, após o definitivo fim, a emissora ainda seguiria em operação com a mesma programação, apenas sem vinhetas e logomarca que se referiam à Manchete. A RedeTV!, sua substituta, somente começaria com a programação própria em novembro daquele ano.
Traço de audiência
Reprodução / MancheteUma semana antes de seu fim, no dia 10 de maio, a TV Manchete passava mais da metade do dia registrando traço de audiência, quando os produtos exibidos sequer saiam do 0 ponto.
Segundo o Acervo Ibope/AEL Unicamp, em dados divulgados por Jhonatan Baltazar no Twitter, naquele dia apenas o Manchete Clip Show, exibido entre 12h54 e 14h10, além dos japoneses Jiraya e Shurato, entre 17h e 18h, chegaram a 1 ponto no ibope em um período de 12 horas.
À noite, o canal voltava a pontuar com o Gold Face e o Pra Valer, também com 1 ponto cada. Na sequência, o Jornal da Manchete repetia o índice.
Pantanal, das 21h12 às 22h18, era o recorde do dia com 2 pontos e 3% de participação. Com a sua ajuda, os sucessores Se Liga Brasil e o infomerciais Grupo Imagem e o Estilo Ramy, marcavam 1 ponto cada.
Curiosamente, a RedeTV!, sua sucessora, hoje apresenta uma grade igualmente loteada de horários vendidos, com a maior parte dos produtos pontuando abaixo de 1 ponto, tal qual a situação da TV Manchete em seu fatídico e triste fim.