André Santana

A trajetória de Caio (Cauã Reymond) é um dos grandes equívocos de Terra e Paixão. Desde o início, o personagem não demonstrou tutano para liderar a história da novela das nove da Globo. Pelo contrário, ficou choramingando pelos cantos e se revelou um fraco.

Rainer Cadete e Cauã Reymond em Terra e Paixão
Rainer Cadete (Luigi) e Cauã Reymond (Caio) em Terra e Paixão (Reprodução / Globo)

Esperava-se que, com a morte de Daniel (Johnny Massaro), haveria uma virada. Mas nada! Além de chorão, Caio vem se revelando ingênuo além da conta, acreditando nas maiores bobagens inventadas por Irene (Gloria Pires). Agora, ele também cai na lábia da mãe, Agatha (Eliane Giardini), acreditando piamente em tudo o que ela diz. É muito difícil torcer por um personagem assim.

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Rejeitado

Terra e Paixão - Cauã Reymond
Cauã Reymond como Caio em Terra e Paixão (Reprodução / Globo)

Nos primeiros capítulos de Terra e Paixão, ficou claro que Caio se sentia deslocado dentro da família La Selva. O jovem era rejeitado pelo pai, Antônio (Tony Ramos), e vítima das armações de Irene, que sempre fez de tudo para tê-lo pelas costas. Além disso, tinha suas diferenças com os irmãos – embora houvesse um carinho aparentemente legítimo de Daniel.

Apaixonado por Aline (Barbara Reis), o rapaz também era rejeitado por seu grande amor. Isso porque a mocinha estava envolvida com Daniel e enxergava em Caio apenas um bom amigo. Com isso, o produtor rural passou capítulos chorando pelos cantos, rejeitado por tudo e todos.

Por estar sempre pelos cantos se lamentando, Caio não mostrou ser um herói típico dos mocinhos de novela. Ele até salvou Aline em alguns momentos, mas a maneira apagada como enxergava a vida o colocou como uma pessoa amarga, obscura, sem carisma. Por isso, ele nunca empolgou o público.

Ingenuidade exagerada

Agatha Moreira
Reprodução / Globo

Com a morte de Daniel, Caio finalmente teve sua chance com Aline. O grupo de discussão da novela apontou que o público esperava por esta união, e o autor Walcyr Carrasco tratou de atender aos pedidos da audiência.

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Porém, nem assim, Caio decolou. Nesta nova fase da novela, a ingenuidade do galã foi elevada a índices estratosféricos, destruindo ainda mais qualquer chance de o personagem decolar como herói.

Caio acredita em tudo! Ele chegou a acreditar que o espírito de Daniel estava conversando com ele por meio de mensagens no celular. Depois, Graça (Agatha Moreira) armou uma falsa doença para segurá-lo e, mais uma vez, ele caiu feito um pato. São situações que beiravam o ridículo.

Parecia que ele teria uma virada ao desistir de se casar com Graça e assumir de vez seu amor por Aline. Mas nada! Agatha voltou dos mortos explicando que ficou presa por 20 anos acusada de um crime que não cometeu. A ladainha não convenceu Jonatas (Paulo Lessa), mas Caio acreditou em cada palavra. A ex-falecida claramente está se aproveitando do filho, mas ele é incapaz de enxergar isso.

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Galã sem sorte

Cauã Reymond e Debora Falabella em Avenida Brasil
Cauã Reymond e Debora Falabella em Avenida Brasil (Reprodução / Web)

Cauã Reymond não dá sorte com seus mocinhos no horário nobre. O ator tem um histórico de protagonistas cabisbaixos e abobalhados na faixa das 21 horas da Globo que até parece perseguição da emissora para com ele.

O atormentado Jorginho de Avenida Brasil (2012), por exemplo, também era feito de otário com frequência. Mas não tanto quanto Juliano, de A Regra do Jogo (2015), que até “traumatizou” o ator: ele ficou um bom tempo longe dos folhetins, dedicando-se a séries e minisséries.

Seu retorno ao formato foi feliz com Um Lugar ao Sol (2021), onde viveu Christian, um mocinho que se corrompeu durante a trama. Mas, neste caso, a novela se revelou um fiasco e o personagem não mobilizou o público como o esperado. E agora, com Terra e Paixão, ele volta aos mocinhos chatos. Complicado…

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor