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Barbara Reis já havia provado ser uma ótima atriz em trabalhos como a Shirley em Éramos Seis (2019) e a Débora de Todas as Flores (2022). Mas a profissional não deu sorte em sua estreia como protagonista no horário nobre da Globo, em Terra e Paixão.
Caio (Cauã Reymond) e Aline (Barbara Reis) em Terra e Paixão (divulgação/Globo)Isso porque a mocinha Aline foi muito mal construída pelo autor, Walcyr Carrasco. Mesmo carismática e levando o trabalho com talento e dignidade, a atriz não conseguiu suprimir os defeitos do roteiro, que fizeram da heroína o maior erro da trama da Globo.
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Plantou e não colheu
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Curiosamente, Walcyr Carrasco desperdiçou uma história que tinha muito potencial. O embate de Aline com Antônio La Selva (Tony Ramos) era potente e poderia ter chamado a atenção do público. Só não o fez por conta dos rumos equivocados dados pelo autor à personagem.
Aline sobreviveu a um massacre e jurou a si mesma que produziria nas terras que herdou do falecido marido, e que eram alvo da cobiça do vilão. Ela também demonstrou ter força suficiente para enfrentar Antônio, já que, nos primeiros capítulos, Aline não baixava a cabeça e costumava encará-lo de frente.
Sendo assim, esperava-se que a resposta de Aline viria como fruto de seu trabalho e esforço. Ela, que tanto prometeu “plantar e colher” nas terras, mal foi vista plantando e nunca chegou a colher, de fato. A novela perdeu a chance de transformar Aline numa produtora de grãos próspera, o que geraria imediata identificação com o público.
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Romances insossos
O autor também construiu histórias de amor frágeis para Aline. Inicialmente, ela se apaixonou por Daniel (Johnny Massaro) num romance sem qualquer credibilidade. O casal simplesmente não combinava, já que ela era uma mulher forte, enquanto o advogado era fraco e mimado.
Não havia uma razão plausível para fazer o público acreditar que Aline poderia estar verdadeiramente apaixonada por Daniel. Com isso, o casal não empolgou. Pelo contrário, parecia forçado.
Após a morte de Daniel, Carrasco se apressou a unir Aline e Caio (Cauã Reymond). Outro erro. Aline nem ao menos viveu o luto e já estava nos braços do cunhado. Depois disso, o casal teve um final feliz antecipado, sem nenhum obstáculo para o romance, o que os fez perder ainda mais força na novela.
Trama frágil
Por fim, Aline penou diante de uma construção de trajetória frágil. Deu a impressão de que Walcyr Carrasco tinha um plano no início do folhetim, mas acabou mudando de ideia e se perdeu pelo caminho.
A história envolvendo os diamantes nas terras de Aline, por exemplo, ficou com cara de improviso para que houvesse uma razão mais forte que justificasse a cobiça de Antônio. No fim, revelou-se que não eram tantos diamantes assim e ficou tudo por isso mesmo.
Teria sido bem mais interessante se Aline tivesse cumprido a promessa que fez a si mesma e fosse mostrada plantando e colhendo. O embate com Antônio seria mais rico se envolvesse os negócios de ambos, retratando um poderoso latifundiário que se sentiria ameaçado por uma pequena produtora em ascensão.
Ficaria mais fácil o público embarcar nessa rivalidade e torcer por Aline. E a mocinha, por sua vez, se mostraria uma mulher poderosa, uma verdadeira heroína. A verdade é que Walcyr Carrasco ficou devendo uma grande personagem a Barbara Reis.