Intérprete de José Leôncio na primeira fase da versão original de Pantanal, exibida na Rede Manchete em 1990, o ator Paulo Gorgulho fez tanto sucesso com seu personagem que a saída encontrada pela emissora foi criar um novo papel para que ele retornasse à trama.

Pantanal

Para seguir a trama original, o mesmo expediente vai acontecer no remake exibido atualmente pela Globo às 21 horas. Irandhir Santos (foto acima), que na primeira fase viveu o peão Joventino, sendo bastante elogiado pelo público e critica, retorna ao folhetim agora como o José Lucas de Nada, fruto da relação de José Leôncio (Drico Alves) com a prostituta Generosa (Giovana Cordeiro), ocorrida no primeiro capítulo da trama.

Mineiro de São Lourenço, Paulo Gorgulho fazia teatro em São Paulo desde o final da década de 1970. Ele estreou na televisão em 1984, na minissérie Anarquistas Graças a Deus, da Globo. Dois anos mais tarde, foi contratado pela Manchete, onde atuou em Carmem e Kananga do Japão; em seguida, desembarcou em Pantanal.

Novo personagem

Pantanal

A atuação de Gorgulho na primeira fase da trama arrebatou o público de tal maneira que quando a novela fez a transição para segunda fase, onde o personagem passou a ser interpretado por Cláudio Marzo, o autor Benedito Ruy Barbosa recebeu inúmeras ligações pedindo para que não trocassem o ator.

“O personagem é o símbolo do homem puro, bom, macho e terno. É tudo o que uma mulher procura num marido”, disse Benedito à Folha de S.Paulo, em abril de 1990, garantindo que a continuidade do ator na trama já estava prevista desde antes da estreia.

Gorgulho, por sua vez, comentou ao jornal que não estava surpreso com o sucesso imediato do Zé Leôncio.

“Sempre estudei para ser um bom profissional e consegui isso”, enfatizou. “Tudo vai depender de como faço o novo personagem. Para não correr riscos, estou discutindo muito isso com a direção. De qualquer maneira, confio no meu taco”, completou, quando perguntado se temia que o público rejeitasse o novo personagem.

Paulo Gorgulho retornou à novela no capítulo 49, interpretando o caminhoneiro José Lucas de Nada, filho mais velho do José Leôncio com a prostituta Generosa (Kátia D’Ângelo).

Sem pai

Pantanal

O sobrenome lhe foi dado por ele ter sido criado sem a presença do pai. Na trama, ele fez um tipo solitário, que vivia viajando pelas estradas e que, após ter seu caminhão roubado, para não arcar o prejuízo com a carga que perdeu, sai andando pelo mundo para ganhar a vida.

Acompanhando uma comitiva, ele vai parar justamente na fazenda de seu pai, em pleno Pantanal, e acaba sendo convidado pelo próprio José Leôncio para ser seu empregado, devido à semelhança entre o estranho e ele na juventude.

“O José Lucas tem o sonho de ser um peão. Ele via os peões que passavam pelo prostíbulo onde ele nasceu e viveu. Ele sabe que o avô dele chamava Joventino, e fica sabendo que esse era o nome do pai do José Leôncio. Isso lhe desperta o interesse pela fazenda”, explicou Gorgulho à Folha.

No decorrer da história, ele disputa com seu irmão, Jove (Marcos Winter), o amor da bela Juma (Cristiana Oliveira), criando um clima tenso entre os dois.

Cristiana Oliveira

Num primeiro momento, Zé Lucas seria um vilão, em virtude de sua obsessão por Juma, mas o autor fez com que ele se politizasse, chegando a se candidatar a vereador e encontrando a felicidade ao lado da repórter Érica (Gisela Reitman) no final da história.

Com algumas adaptações, todo esse entrecho possivelmente será vivido por José Lucas de Nada no remake de Pantanal.

Compartilhar.
Avatar photo

Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor