Longe das novelas da Globo desde Sete Pecados (2007), Samara Felippo pode ser vista novamente na edição especial de Chocolate com Pimenta, que está sendo exibida pela emissora.

Chocolate com Pimenta - Samara Felippo
Divulgação

Antes disso, a temporada 1999 de Malhação deixou a academia de lado e apostou nos encontros e desencontros dos alunos do colégio Múltipla Escolha. Entre os destaques desta fase, um tema bastante relevante: a AIDS.

Em Malhação – Múltipla Escolha, a jovem Tatiana (Priscila Fantin) se apaixonava por Rodrigo (Mário Frias), artilheiro do time de polo aquático do colégio e namorado de sua amiga de infância, Érica (Samara Felippo).

As duas sofrem muito com essa situação até que Érica descobre estar apaixonada por Touro (Roger Gobeth), também do time de polo. Com a resolução deste primeiro conflito, Érica se envolveu em outra abordagem, a do vírus HIV.

Debate que marcou época

No decorrer da narrativa, Marilu (Carolina Abranches) alerta a amiga de que Papa-Léguas (Matheus Rocha), rapaz com quem ela se envolveu antes do romance com Touro, descobriu estar contaminado pelo vírus.

Érica reage desesperada, tanto por não se recordar do uso da camisinha quanto por temer o teste. Após confirmar suas suspeitas, ela rompe o namoro com Touro sem justificativa e muda para o interior.

Capítulos depois, Touro retoma o romance, dando total apoio à amada. Só que Marco Antônio (Carlos Eduardo Dolabella), pai dele, não aceita o envolvimento do filho com uma soropositiva. O casal encontra apoio em Leila (Débora Duarte), mãe dela.

Audiência lá em cima

A abordagem de um tema tão importante fez com que os índices de Malhação explodissem! O capítulo em que Érica recebia o teste positivo para HIV alcançou 32 pontos de audiência, com picos de 37.

“Acho ótimo que o Emanoel (Jacobina, autor) aborde o tema. Espero que sirva para que os jovens e adolescentes sejam mais cuidadosos”, declarou Samara Felippo ao jornal O Globo, em 8 de outubro de 2000.

Na mesma entrevista, a atriz desabafou sobre a tensão relacionada ao trabalho: “Foram textos muito dramáticos, tive que chorar muito. Chegava em casa cansada e até um pouco deprimida, pedindo colo à minha mãe”.

“Estou muito feliz com o crescimento da minha personagem na trama. Sei que tenho uma grande responsabilidade daqui para a gente”, celebrou ela que, posteriormente, emplacou outros papéis de destaque na telinha.

Discussão que persiste

Mais de 20 anos após a discussão da AIDS em Malhação, Samara Felippo ainda recebe a resposta positiva do público. Ela falou a respeito em matéria da revista Quem, de 12 de abril de 2020:

“Foi muito importante falar de HIV em 2000 para os adolescentes à tarde. Eu era muito imatura ainda e estava entendendo a vida. Hoje, quando olho para trás, vejo o quanto foi relevante essa temporada, não só por abordar o HIV, mas outras questões que até hoje são discutidas como relações inter-raciais, gravidez na adolescência, inclusão de pessoas com deficiência física”.

“Muitas pessoas me procuraram. Existia um blog na época que a gente conversava sobre o assunto. Cheguei até a fazer um ‘Altas Horas’ com o Serginho (Groisman) sobre a personagem. Uma menina portadora do HIV, a Rosa, de quem eu me lembro até hoje, foi comigo. Foi um debate muito lindo. Na época fiz campanhas pelo Brasil, apoiando ONGs que cuidavam de crianças soropositivas. Foi uma época incrível”, completou.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor