Um dos principais clássicos do autor Walcyr Carrasco, Alma Gêmea fez um enorme sucesso na faixa das 18 horas da Globo em 2005, e também em suas reprises na TV Globo, em 2009, e no canal Viva, em 2022.
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Atualmente em sua segunda reprise no Vale a Pena Ver de Novo, a novela é a grande aposta da Globo para alavancar sua programação. Mas, curiosamente, a trama estrelada por Priscila Fantin e Eduardo Moscovis dificilmente seria produzida nos dias de hoje.
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Ao menos, não da maneira como foi feita em 2005. Num tempo em que a Globo dá cada vez mais importância à representatividade – e com toda razão -, uma novela com brancos interpretando indígenas seria inconcebível. Ou seja, Priscila Fantin seria proibida de viver Serena.
Mocinha mestiça
Em Alma Gêmea, a mocinha Serena é filha de uma mulher indígena e um homem branco. Ela nasceu e cresceu numa aldeia, onde conviveu com outros descendentes dos povos originários.
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No entanto, nem Serena e nem seus amigos e parentes foram vividos por atores indígenas. André Gonçalves viveu seu amigo José Aristides, enquanto o pajé de sua tribo foi interpretado por Francisco Carvalho.
Já Jacira, a mãe de Serena, foi interpretada por Luciana Rigueira, enquanto a indígena Aliena Anauê foi vivida por Thaissa Carvalho. Ou seja, o núcleo indígena que aparece no início de Alma Gêmea é composto por atores majoritariamente brancos.
Diversidade
Quando Alma Gêmea foi gravada, a diversidade não era uma preocupação na Globo – e nem em emissora nenhuma. Tanto que era comum as novelas terem pouquíssimos atores negros, normalmente como personagens periféricos. Mais raro ainda era ter personagens descendentes de asiáticos ou indígenas.
Em Geração Brasil (2014), por exemplo, a emissora chegou ao absurdo de escalar Rodrigo Pandolfo para viver um coreano. O ator aparecia com uma maquiagem que deixava seus olhos “puxados”.
Mas, aos poucos, o público e a sociedade passaram a reagir diante desta situação. Tanto que a escalação de Luis Melo para viver um japonês em Sol Nascente (2016) foi duramente criticada, rendendo um manifesto de atores de origem asiática. Em Segundo Sol (2018), a falta de atores negros numa novela que se passava na Bahia também gerou críticas.
Erro corrigido
Nos últimos anos, a Globo mostrou que aprendeu com os erros. Tanto que o protagonismo negro virou uma realidade em todas as suas novelas. Além disso, há uma preocupação maior com a representatividade.
Se no passado a Globo escalou Claudia Raia para viver uma mulher trans em As Filhas da Mãe (2001), agora a emissora escala atores trans para estes personagens, como Gabriela Medeiros (Buba) em Renascer, ou Maria Clara Spinelli (Renée) em Elas por Elas.
O mesmo vale para personagens indígenas. Em Terra e Paixão (2023), por exemplo, o núcleo dos povos originários era formado por atores indígenas. Ou seja, a emissora tem mostrado uma preocupação maior do que nos tempos de Alma Gêmea.