Sem chance: personagem de Alma Gêmea seria proibida atualmente
18/05/2024 às 16h43
Um dos principais clássicos do autor Walcyr Carrasco, Alma Gêmea fez um enorme sucesso na faixa das 18 horas da Globo em 2005, e também em suas reprises na TV Globo, em 2009, e no canal Viva, em 2022.
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Atualmente em sua segunda reprise no Vale a Pena Ver de Novo, a novela é a grande aposta da Globo para alavancar sua programação. Mas, curiosamente, a trama estrelada por Priscila Fantin e Eduardo Moscovis dificilmente seria produzida nos dias de hoje.
Ao menos, não da maneira como foi feita em 2005. Num tempo em que a Globo dá cada vez mais importância à representatividade – e com toda razão -, uma novela com brancos interpretando indígenas seria inconcebível. Ou seja, Priscila Fantin seria proibida de viver Serena.
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Mocinha mestiça
Em Alma Gêmea, a mocinha Serena é filha de uma mulher indígena e um homem branco. Ela nasceu e cresceu numa aldeia, onde conviveu com outros descendentes dos povos originários.
No entanto, nem Serena e nem seus amigos e parentes foram vividos por atores indígenas. André Gonçalves viveu seu amigo José Aristides, enquanto o pajé de sua tribo foi interpretado por Francisco Carvalho.
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Já Jacira, a mãe de Serena, foi interpretada por Luciana Rigueira, enquanto a indígena Aliena Anauê foi vivida por Thaissa Carvalho. Ou seja, o núcleo indígena que aparece no início de Alma Gêmea é composto por atores majoritariamente brancos.
Diversidade
Quando Alma Gêmea foi gravada, a diversidade não era uma preocupação na Globo – e nem em emissora nenhuma. Tanto que era comum as novelas terem pouquíssimos atores negros, normalmente como personagens periféricos. Mais raro ainda era ter personagens descendentes de asiáticos ou indígenas.
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Em Geração Brasil (2014), por exemplo, a emissora chegou ao absurdo de escalar Rodrigo Pandolfo para viver um coreano. O ator aparecia com uma maquiagem que deixava seus olhos “puxados”.
Mas, aos poucos, o público e a sociedade passaram a reagir diante desta situação. Tanto que a escalação de Luis Melo para viver um japonês em Sol Nascente (2016) foi duramente criticada, rendendo um manifesto de atores de origem asiática. Em Segundo Sol (2018), a falta de atores negros numa novela que se passava na Bahia também gerou críticas.
Erro corrigido
Nos últimos anos, a Globo mostrou que aprendeu com os erros. Tanto que o protagonismo negro virou uma realidade em todas as suas novelas. Além disso, há uma preocupação maior com a representatividade.
Se no passado a Globo escalou Claudia Raia para viver uma mulher trans em As Filhas da Mãe (2001), agora a emissora escala atores trans para estes personagens, como Gabriela Medeiros (Buba) em Renascer, ou Maria Clara Spinelli (Renée) em Elas por Elas.
O mesmo vale para personagens indígenas. Em Terra e Paixão (2023), por exemplo, o núcleo dos povos originários era formado por atores indígenas. Ou seja, a emissora tem mostrado uma preocupação maior do que nos tempos de Alma Gêmea.