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A Viagem – Semana #23
• Assistir na ficção a uma cena de estupro – ainda que sugerido, implícito – é sempre aflitivo. E é necessário haver contextualização, ou uma justificativa, na história. A Viagem exibiu nessa semana a sequência em que Ismael estupra a ex-mulher Estela. O ato em si não foi mostrado, mas o antes e o depois sim. Não restou dúvida de que aconteceu o estupro.
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Claro que, considerando o horário em que a novela foi exibida, não seria possível mostrar. A sequência foi bem gravada e dirigida, com os atores Jonas Bloch e Lucinha Lins entregando tudo. Porém, esse entrecho era necessário?
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Em quê Ismael estuprar Estela ajuda na narrativa 1) se o público sabe do rancor que ele sente por ela e 2) se houve todo um diálogo anterior, em que ele se declarou ainda apaixonado pela ex-mulher? Haverá a intenção de a novela promover a discussão sobre violência contra mulher? Só esses fatores justificam usar o recurso. Caso contrário, será uma sequência gratuita, apenas para chamar a atenção sobre uma trama que anda patinando. Vamos aguardar.
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• Outro acontecimento da semana foi a morte de Kazuo e da mulher de Okida (que nunca apareceu). Bem, Kazuo era um personagem absolutamente aleatório, já critiquei aqui. Novamente pergunto: em quê a morte do personagem beneficia a trama da novela? Vamos aguardar, mas, sinceramente, ficou parecendo que o ator David Y. W. Pond foi limado do elenco. Será que o público da época também não estava gostando?
A maior prova de que a saída de Kazuo da novela foi gratuita é que não foi mostrado o pós-vida dele. Afinal, Kazuo foi para o Vale dos Suicidas ou para o Nosso Lar? Teremos uma justificativa para sua morte? Por enquanto, restou Nori, o mini-Kazuo.
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• Que concurso e campeonato de rodeio rápido esse, hein! Em uma semana Andreza já se tornou a Rainha do Gado, com direito a troféu de peão para Antônio. Como se não precisasse de um grande e detalhado planejamento, com bastante antecedência! Ainda mais quando se envolve muito dinheiro. Alguém já reclamou aqui que a cronologia dessa novela anda bem absurda.
Me cansa ver os personagens fantasiados de cowboy de vitrine de loja. Mas foi bom ver Raul desfazer a armação de Guiomar, que usou o velho truque da peça íntima entre as roupas para plantar a discórdia entre o casal e levantar suspeita de traição.
• O que teve de personagem mal conduzido nessa novela! Coitada da Naná (e da atriz Keila Bueno), terminou como dançarina de música árabe (ou cigana, não identifiquei). Era uma personagem que prometia, mas morreu na praia. Na primeira versão, foi vivida por Teresinha Sodré e teve uma importância maior. Aliás, e o núcleo da banda hein? Sumiram todos! Não que a gente quisesse…
• Achei bacana e bonito o papo de Diná e Tato, ela comparando a rebeldia dele com a de Alexandre. O fantasminha até se emocionou.
• Algumas discussões no Nosso Lar levantaram um tema que eu, em minha ignorância sobre Espiritismo, desconhecia: Allan Kardec explica – ou defende – a Astrologia? O que uma coisa tem a ver com outra? – pensei. Conversei com um amigo que conhece a doutrina e ele revelou que a novela faz uma mistura de correntes filosóficas e místicas. E que, mesmo dentro do Espiritismo, há divergências sobre certas abordagens.
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Parece que Ivani Ribeiro colocou de tudo um pouco do que conhecia ou vivenciava. Lembrei da novela O Profeta (a da Tupi, de 1977-1978, não a da Globo) em que a autora promoveu discussões com católicos, teólogos, cientistas, espíritas e um pai-de-santo. Em sua dramaturgia, Ivani já usou antes personagens que defendiam astrologia. A autora era bem eclética, já abordou até seres de outros planetas (a novela Os Estranhos, de 1969).
• Igor conheceu Lisa e eles se envolveram. Ok. E assim terminou mais uma semana sem grandes acontecimentos que movimentassem a trama. Está demorando para Diná morrer. Não que eu queira a morte da personagem, mas é porque sabemos que este fato fará a novela andar. Enquanto isso, dá-lhe enrolação.
• Já o gancho para semana que vem é ótimo: Ismael é baleado pela polícia na tentativa de fuga.