O ator Luiz Carlos Arutin, que se especializou em viver tipos marcantes em novelas escritas por Benedito Ruy Barbosa, iria repetir novamente a parceria com o autor.
Ele estaria presente na trama de O Rei do Gado, estrelada por Antonio Fagundes, mas, devido ao seu trágico falecimento, o personagem que estava sendo criado especialmente para o ator acabou sendo extinto.
Tipos marcantes
Nascido em Barretos (SP) no dia 19 de janeiro de 1993, Luiz Carlos Arutin se especializou em viver tipos marcantes nas novelas em que trabalhou.
Entre seus personagens mais lembrados estão o técnico de futebol Bepe, de Vereda Tropical (1984), e o malandro Oscar, de A Gata Comeu (1985), de Ivani Ribeiro.
Mas ele iria se destacar mesmo ao ser escalado para atuar nas novelas de Benedito Ruy Barbosa. O primeiro trabalho do artista numa novela do consagrado autor foi em Meu Pedacinho de Chão (1971).
Após atuar na Tupi, Arutin ingressou na Bandeirantes, onde fez a trama Os Imigrantes, também escrita por Benedito, em 1981.
Volta à Globo
Eles voltariam a trabalhar juntos, desta vez na Globo, quando Arutin viveu o jornalista Augusto na primeira versão de Sinhá Moça (1986).
Depois, após uma breve passagem pela Manchete, o ator regressou à emissora carioca onde interpretou o libanês Michel em Vida Nova (1988), outro folhetim do novelista, que tinha como pano de fundo a imigração italiana.
Mas a consagração definitiva viria em 1993, quando o veterano ator viveu o turco Rachid (foto acima) em Renascer. No folhetim, Arutin vivia um homem de posses, brincalhão e de coração mole que se apaixonava pela dona Patroa (Eliane Giardini).
O personagem, que entrou no meio da história, ganhou logo de cara a aceitação do público, que passou a torcer pelo final feliz do casal.
A interpretação do ator foi bastante elogiada, chegando a receber convites para participar de várias festas da comunidade libanesa no Brasil.
Morte precoce
No ano de 1996, Arutin já havia concluído sua participação na novela A Idade da Loba (foto acima), da Bandeirantes, quando faleceu tragicamente. O artista, na época com 62 anos, perdeu a vida durante um incêndio ocorrido em seu apartamento, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro (RJ), na madrugada do dia 8 de janeiro daquele ano.
O incidente teve inicio após uma vela acesa pelo filho do ator, Camilo Arutin, entrar em atrito com o isopor e o carpete do isolamento acústico do quarto do rapaz, que ajudaram a espalhar as chamas com mais intensidade.
Arutin chegou a pedir que sua esposa e seus filhos saíssem do local e, quando estava tentando salvar seus móveis, ele acabou perdendo os sentidos após inalar muita fumaça. O artista chegou a ser socorrido por uma ambulância, mas acabou falecendo a caminho do hospital, vítima de asfixia.
Personagem extinto
Com a trágica morte do artista, Benedito Ruy Barbosa, que na ocasião estava envolvido com os capítulos de O Rei do Gado (foto acima), próxima atração das oito da Globo da época, acabou cortando da sinopse o personagem que estava sendo escrito especialmente para ele.
Em declaração ao jornal O Estado de São Paulo em 14 de janeiro de 1996, Benedito afirmou que “se Arutin não poderia interpretar o seu turco, ninguém mais o faria. Não faz sentido”, justificou o escritor emocionado.
No folhetim que foi protagonizado por Antônio Fagundes, Raul Cortez e grande elenco, o ator iria viver outro libanês, caso a fatalidade não o tivesse tirado de cena.
O Rei do Gado retornou à tela da Globo no dia 7 de novembro, substituindo A Favorita no Vale a Pena Ver de Novo.
