A Viagem – Semana #27

O que mais me chamou a atenção na penúltima semana de A Viagem foram os erros grosseiros de edição. Houve dois, pelo menos. Na realidade, foram sequências que ficaram truncadas. Faltaram cenas que explicassem melhor os entrechos, ou que dessem uma continuidade digna às situações propostas.

1 – No capítulo de quinta-feira, logo no início, Téo aparece em idílio romântico com Lisa. Cenas adiante, neste mesmo bloco, Téo, já possuído pela influência de Alexandre, está andando a ermo em uma estrada. Faltou um meio termo, que mostrasse ao menos ele saindo de casa.

Logo em seguida, Raul liga para Andreza dizendo que encontrou o apartamento de Téo aberto e todo revirado. “Tem sinais de luta no apartamento!Que luta? A polícia é acionada e os investigadores até vão para o local. Faltou mostrar o que aconteceu ali, não?

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Depois, Alberto, à procura de Téo, chega em um restaurante qualquer e conversa com o dono. Téo, em estado alterado, aparece como um garçom. Corta para Alberto já em casa conversando com Estela. Tudo truncado! Não houve sequer uma cena de encontro de Alberto com Téo!

2 – A segunda falha que considerei grosseira foi a partida de Mascarado sem um desfecho com Carmem. Bem, esta é uma trama que já vinha sendo tratada de forma bastante equivocada. Mascarado foi embora e levou suas fantasias. Houve a conversa com Tibério, mas não houve uma despedida para Carmem.

Muito bonita a ideia de que o Mascarado prefere viver a fantasia de ser uma criatura que leva alegria às pessoas, de não querer ficar longe dos aplausos, da magia e do mistério. Lindo. Lúdico. Porém, soa bastante questionável essa atitude às custas de aceitar o seu verdadeiro eu, a pessoa que de fato é. Falta terapia.

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Taí uma boa ideia para a paródia de Sessão de Terapia: Selton Melo atende personagens problemáticos de novelas. Já até agendei dia e horário para Adonay.

E mais…

• Que mal foi esse que acometeu Ismael, que o deixou tetraplégico e com vontade de morrer? Quer dizer, pode ser caô, porque essa foi uma afirmação dele, não de algum médico. E que ceninha anticlímax a “perseguição” a Ismael no aeroporto, quando ele estava tentando fugir do país. Aliás, um festival de perucas e bigodes dignos de Chapolim Colorado!

• As cenas em que Estela conversa ou vê Diná são muito bonitas. Eu entendo que os lábios não se mexam quando conversam, sendo a comunicação por telepatia entre uma pessoa viva e um espírito. Mas há sequências em que Diná e Otávio conversam por telepatia na Terra e outras em que falam normalmente. Curioso que as cenas em que Alberto fala com Alexandre, é por voz. No Nosso Lar todos conversam normalmente. Acho que há uma misturada confusa.

• Bonitinha a cena em que o espírito de Diná conversa com Patty. A menina Viviane Pinheiro comete um errinho na sua fala, que ficou legal no ar. Diná pergunta se Patty escovou os dentes, ela diz que não, mas em seguida se corrige, “sim!“, e Christiane Torloni dá uma risadinha. O “não” vem na sequência, quando Diná pergunta se Patty já rezou. A menina se confundiu na hora de gravar e foi ao ar desse jeito, mas ficou ótimo porque soou muito natural.

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• Alguém me explica porque a criançada no casarão de Mascarado, mesmo tendo comida, brinquedos e abrigo, continuam esfarrapadas, sujas e desgrenhadas? Quer dizer: tem comida, cama e brinquedos, mas não tomam banho nem ganham roupa nova? Pura representação estereotipada da criança de rua.

• Raul recebeu com receio ou reticência a notícia da gravidez de Andreza. Tem coisa aí e saberemos na última semana.

• Não lembro se já elogiei antes, mas a representação do Vale dos Suicidas é muito boa. Gosto de tudo, do cenário à iluminação e trilha sonora ambiente.

Imperdível: o perfil do canal Viva no Instagram promove, no dia 2 de julho, às 14h (antes da exibição do último capítulo da novela), uma live especial com Christiane Torloni e Lucinha Lins. As atrizes vão comentar as emoções finais da novela e relembrar momentos marcantes de suas personagens, as irmãs Diná e Estela. Não perco esse evento!

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Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira. Leia todos os textos do autor