Saiu de cena um romance musical, escrito pela estreante Maria Helena Nascimento, e entrou no lugar uma comédia policial, também de uma autora novata. Rock Story foi um êxito e a missão de Claudia Souto é manter o bom nível do horário das sete da Globo com Pega Pega, uma trama que falará de ética com muito humor, apresentando como foco central um roubo milionário praticado por quatro pessoas que nunca cometeram um crime antes.

A autora trabalhou como roteirista de programas como TV Colosso, Casseta e Planeta: Urgente, Sai de Baixo, entre outros. Também foi colaboradora de Walcyr Carrasco em Sete Pecados, Caras & Bocas e Morde & Assopra, além de ter feito parte da equipe de roteiristas de Alto Astral, trama de Daniel Ortiz.

A responsabilidade de conduzir um enredo de sua própria autoria, dirigido por Luiz Henrique Rios (responsável por Malhação Sonhos e Totalmente Demais), é grande e agora Claudia terá que mostrar seu talento. A sinopse, por sinal, é arriscada.

Explorar o roubo de um hotel é uma ótima premissa, mas será que tem estrutura para se sustentar por tantos meses? Só o tempo irá dizer e o primeiro capítulo terminou com um gancho que expõe o começo desse plano. Malagueta (Marcelo Serrado) chamou Júlio (Thiago Martins), Sandra Helena (Nanda Costa) e Agnaldo (João Baldasserini) para o roubo dos 40 milhões de dólares que serão usados como pagamento na venda do Hotel Carioca Palace, onde o quarteto trabalha.

O bon vivant Pedrinho Guimarães (Marcos Caruso) está falido e resolveu se desfazer do negócio, vendendo-o para Eric (Mateus Solano), sem o conhecimento da neta Luiza (Camila Queiroz).

A trama central, entretanto, não foi bem apresentada. A vida dos quatro futuros ladrões acabou em terceiro plano e nem ficou clara a proximidade deles, com exceção de Sandra e Agnaldo que são namorados. A primeira cena, aliás, foi da policial Antônia (Vanessa Giácomo) prendendo um ladrão de joias. Mas o foco da estreia foi a relação conflituosa de Eric e sua filha, Bebeth (Valentina Herszage). O poderoso empresário é o mocinho do enredo e nunca mais sorriu desde que a esposa faleceu em um trágico acidente. Até surgir Luiza.

A aproximação dos dois, inclusive, foi rápida demais. Eles mal se conheceram e já estavam trocando declarações no final do capítulo. Faltou cuidado na construção dessa relação, prejudicando a química do par. Mas Eric tem tudo para ser o perfil mais complexo da trama. Aparentemente antipático e frio, o homem solitário sofre e não consegue tolerar a rebeldia da filha, que tem uma imaginação fértil (a ponto de conversar com um canguru de pelúcia falante). Ele ainda é fruto da cobiça da ambiciosa secretária Maria Pia (Mariana Santos), a vilã da novela. Ao que tudo indica, renderá bons momentos para Mateus Solano, sempre bem em cena.

E causou uma ótima impressão a dupla formada por Cristina Pereira e Nicette Bruno. As fofoqueiras Prazeres e Elza prometem sequências impagáveis, destacando o talento dessas atrizes maravilhosas. As duas são tias de Júlio e estão correndo risco de despejo. Por isso, o sobrinho ajuda no roubo da fortuna do hotel.

Outro acerto foi a abertura, muito bem feita e ao som de A Hard Day`s Night (composta por John Lennon e Paul MacCartney na época do The Beatles), regravada por Skank. Mas o todo dessa nova produção não empolgou. Até mesmo o Hotel Carioca Palace, principal cenário, apareceu pouco.

Pega Pega teve uma estreia tímida e não ‘pegou’ nesse primeiro capítulo. Mas é sempre difícil analisar uma produção que ficará seis meses no ar levando em consideração apenas um dia de história. A apresentação do enredo e dos personagens não foi convidativa e a autora errou em não começar contando a vida dos quatro ladrões do hotel. Afinal, não é esse o foco principal? O ritmo arrastado também prejudicou o conjunto. Resta esperar os próximos capítulos para uma mudança de impressão ou uma constatação.

SÉRGIO SANTOS é apaixonado por televisão e está sempre de olho nos detalhes, como pode ser visto em seu blog. Contatos podem ser feitos pelo Twitter ou pelo Facebook. Ocupa este espaço às terças e quintas


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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor