Na quinta-feira retrasada (17/08), o Brasil perdeu um de seus mais conhecidos e queridos humoristas: Paulo Silvino. O ator, que lutava contra um câncer de estômago, morreu em casa, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, no início da manhã. Segundo a família, ele chegou a ser submetido a uma cirurgia no ano passado, mas o câncer se espalhou e a opção dos familiares foi que ele fizesse o tratamento em casa.
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O humorista era uma verdadeira fábrica de bordões e virou uma referência na comédia brasileira. Não tinha quem não o conhecesse e isso era fruto de uma galeria de tipos marcantes, graças ao festival de caras e bocas que fazia na hora de proferir suas pérolas em diversas atrações humorísticas.
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Paulo iniciou sua carreira em 1957, no filme Sherlock de Araque, onde surgiu como um cantor de rock cujo pseudônimo era Dixon Savannah. Estreou na Globo em 1966, um ano após a inauguração da emissora, apresentando o Canal Zero (atração que satirizava a programação dos canais), e não demorou para ser reconhecido como o melhor comediante do ano.
Entre idas e vindas na Globo, o ator fez parte de vários programas consagrados e até hoje lembrados com carinho pelo público, como Balança Mas Não Cai (1968), Faça Humor, Não Faça Guerra (1970), Uau, a Companhia (1972), Satiricom (1973), Planeta dos Homens (1976) e Viva o Gordo (1981).
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Também participou da Escolinha do Professor Raimundo (1993 – 1995), interpretando um gari malicioso que vivia reciclando o lixo dos políticos. Mas, ele ainda tinha talento como apresentador, substituindo com maestria o gênio Chacrinha, no Cassino do Chacrinha, nas vezes em que o Velho Guerreiro tinha algum problema de saúde.
O multifacetado profissional teve passagens pelo SBT e Record. Entre 1989 e 1992, esteve na Escolinha do Golias e na icônica A Praça é Nossa, abrilhantando a emissora de Silvio Santos com seu talento. Já em 1999 esteve na Escolinha do Barulho, na Record, durante uma época em que quase todos os humoristas da Escolinha do Professor Raimundo se encontravam sem emprego na televisão em virtude da extinção do humorístico de Chico Anysio. Entretanto, no mesmo ano, voltou para a Globo entrando para o elenco do recém-lançado Zorra Total, permanecendo até o fim de sua vida.
No humorístico viveu vários tipos emblemáticos, com destaque para o Severino, porteiro que quebrava um galho do diretor de filmagem, ‘representando’ objetos com o único objetivo de agarrar mulheres bonitas. O personagem tinha dois bordões marcantes: “Cara-crachá” e “Isso é um bichoooona”.
O curioso é que, atualmente, o segundo bordão não seria mais tolerado, pois se classificaria em um ato de homofobia, sendo péssimo exemplo. Porém, a forma como o humorista falava era tão leve que não ofendia. Ele ainda brilhou ao lado de Orlando Drummond no quadro em que dois índios faziam críticas ácidas em torno da política nacional, sempre utilizando o bordão “Pezinho pra frente, pezinho pra trás”.
Fazendo jus ao título de ‘Rei dos Bordões”, Paulo ainda emplacou outro no programa: “Não espera eu molhar o bico” era falado sempre após o seu personagem tomar um gole de whisky, depois de insinuar algo malicioso, interrompendo o comentário no meio.
Outra fase clássica do humorista, e que tinha uma dose elevada de duplo sentido, era o “Ai, como era grande”. Já essa expressão fez muito sucesso na década de 80/90, bem antes do Zorra Total. É até difícil fazer uma seleção de frases porque foram muitas mesmo.
Paulo Silvino foi uma figura que marcou o humor nacional e sua morte deixou todos mais tristes, contrastando com tudo o que ele representou e representará sempre. Seus bordões, suas caras e bocas, seu amor pela família (conhecido pelo público quando Flávio Silvino sofreu um trágico acidente, ficando com sequelas) e sua alegria de viver nunca serão esquecidos. Ai, como era grande… Grande humorista, grande pessoa, grande Paulo.
SÉRGIO SANTOS é apaixonado por televisão e está sempre de olho nos detalhes, como pode ser visto em seu blog. Contatos podem ser feitos pelo Twitter ou pelo Facebook. Ocupa este espaço às terças e quintas