O Big Brother Brasil está em plena reta final e a décima oitava edição do reality cumpriu bem sua missão de entreter o público com um jogo movimentado. A seleção dos participantes se mostrou inspirada e pela primeira vez não houve jogador irrelevante (o popular “planta”). Todos tiveram importância e momentos de destaque, tanto positivamente quanto negativamente. Foi uma disputa boa de se acompanhar. E a pessoa mais sensata do BBB 18 atende pelo nome de Paula.

Inicialmente, a participante parecia ser apenas mais uma mulher linda com o intuito de aparecer no programa, implicando em futuras tentativas de ser atriz ou apresentadora. Afinal, quase todas participantes com esse ”biotipo” têm esse plano, sonhando em se tornar uma nova Grazi Massafera ou Sabrina Sato, ignorando o fato de ambas terem sido meras exceções ao longo de 18 edições. Ganhar o jogo é o de menos. Mas Paula calou a boca de quem achava isso.

A jogadora foi se mostrando aos poucos, expondo uma visão que melhorava a cada dia. Ela simplesmente começou a “ler o jogo” como se estivesse assistindo de casa, analisando com precisão as atitudes dos adversários e criando boas alianças ao longo das semanas. Raramente errava a conjuntura dos paredões e como os votos seriam articulados.
Fazia questão de expor o que achava para as amigas Gleici, Ana Clara e Jéssica, conseguindo manter o laço com três pessoas que nunca se deram bem.

A participante também conseguiu um elo com Ayrton e o relacionamento com Breno não prejudicou seu jogo, após um período de saia justa com Ana, que havia ficado com o candidato mulherengo em uma festa, no primeiro mês de programa. Após ter dito várias vezes que não ficaria com o rapaz por causa da amizade com Clara, Paula não resistiu e se viu em uma situação delicada. Porém, sempre fez questão de esclarecer qualquer mal entendido e nunca fez nada por debaixo dos panos, favorecendo sua conduta. O relacionamento, então, contrariando as primeiras impressões, não a afetou no programa.

Sempre votou junto com Ana Clara, Ayrton e Gleici, mesmo sem combinar votos explicitamente e estando em minoria. Às vezes, naturalmente, os votos não batiam, mas eram em adversários em comum. Ainda assim, conseguia manter um forte elo com Jéssica, mesmo tendo plena consciência que estavam em grupos opostos. Jogavam separadamente, mas a amizade não era abalada. E seu respeito pelos adversários foi algo surpreendente. Afinal, em um jogo de julgamentos, é perfeitamente normal julgar. Quem assiste, por exemplo, julga o tempo todo cada um. Mas ela não fez isso.

Paula nunca desrespeitou qualquer colega e procurou entender os argumentos de todos. Isso, claro, gerou estranhamento em parte do público, que passou a tachá-la de política, “em cima do muro” e falsa. Como assim uma pessoa que não julga os outros como eu? Como assim uma pessoa que tenta entender as opiniões dos demais, mesmo sendo rivais? Como existe gente que não aponta o dedo? Perguntas que muito telespectador deve ter se feito enquanto a acompanhava na casa, sem admitir, claro. Mas a jogadora realmente procurou entender e respeitar o outro.

Até mesmo Ana Clara e Gleici, suas aliadas, demonstraram incômodo com essa atitude da amiga. “Está cada vez mais difícil falar dos outros com a Paula”, diziam as duas, alegando que ela não julgava nada. Todavia, essa conduta da participante nunca a colocou como política ou sem posição. Basta lembrar o dia em que Patrícia negou veementemente tudo o que Gleici havia contado para Paula, no dia da volta triunfal da jogadora do Acre.

Paula simplesmente disse que não tinha nada contra Patrícia, mas preferia acreditar nas palavras da amiga ao invés de crer na afirmação de uma pessoa que não gostava dela. Também defendeu Clara quando Wagner disse que ela e Ayrton ‘puxavam o saco’ de todo mundo quando voltavam do paredão. Teve coragem até de defender Jéssica de Gleici e Ana Clara, quando a outra amiga votou na Família Lima. Ou seja, nunca teve medo de se colocar. Tanto que ganhou o respeito de todos os seus “inimigos” eliminados. Nenhum teve argumento para criticá-la. Pelo contrário.

E Paula ainda se mostrou uma adversária difícil de se vencer em provas de resistência. Determinada, a jogadora venceu uma Prova de Líder de 14 horas ao lado de Jéssica e resistiu o quanto pôde em uma Prova de Anjo de quase 11 horas, vencida por Viegas. Nunca fugiu do jogo. Sempre deu a cara para bater, sem se importar com julgamentos de terceiros. Então é um ser humano perfeito? Claro que não, ninguém é. Mas, ainda assim, seus tropeços foram poucos até agora e os únicos que merecem menção são: ter julgado Jaqueline assim que a participante saiu da casa – alegou que ela expunha muito o corpo (?) – e dizer repetidamente que Kaysar não merece ganhar o programa por ser sírio e não brasileiro, demostrando um preconceito estúpido (ideia idiota compartilhada por Gleici, Ana Clara e o já eliminado Wagner, diga-se).

Nesta semana, Paula acabou vivendo seu pior momento na casa. Com Kaysar indicado por Breno ao paredão, a participante teve como opções Família Lima, Gleici e Jéssica. Qualquer escolha seria vista como “traição”. Todavia, ela optou em votar na Família, evitando mandar Jéssica para o paredão, até porque ela já seria a escolhida de Ana Clara e Ayrton. Deixou o tiro de misericórdia para a Família, votando em pai e filha, alegando a vantagem que ambos têm em ser uma dupla no jogo. Opinião que já havia dito na cara de Ayrton semanas atrás. Eles, claro, comportaram-se como vítimas, lembrando da “aliança” estipulada pelo quarteto, ignorando o fato de terem dito na semana anterior que preferiam Gleici na final e não Paula (Tiago Leifert mandou escolherem apenas um). Já Paula, novamente, mostrou-se sensata em suas argumentações, deixando claro para Ana que tinha consciência que ela seria votada pela Família caso estivesse disputando com Gleici. Ana até tentou negar dizendo que poderia escolher Gleici para não colocá-la junto com Breno, mas não colou.

O BBB 18 teve bons jogadores e, curiosamente, poucos barracos. O prêmio está nas mãos de Kaysar ou Gleici e ambos merecem. Paula nunca teve chance de ser a campeã, até porque a edição também nunca a priorizou. Mas, sua trajetória é admirável e ela merecia ao menos um honroso terceiro lugar. Quem torce por ela consegue defendê-la com facilidade, sem precisar inventar atitudes ou situações, como costuma ocorrer em algumas torcidas de todo reality show.


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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor