Em 1995, aos 19 anos, Patrícia Moretzsohn assinou o texto da primeira temporada de Malhação ao lado de Andrea Maltarolli, Charles Peixoto e Emanuel Jacobina, com supervisão de Ricardo Linhares e Ana Maria Moretzsohn, sua mãe. Permaneceu na novela até 2000; cinco anos depois, capitaneava o roteiro de Floribella, na Band. Voltou à Globo para repaginar Malhação, em 2007. E após a temporada ‘Casa Cheia’ (2013), outra vez em parceria com a mãe, regressa ao horário das 17h30, com Vidas Brasileiras, estreia do próximo dia 7.
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Na entrevista abaixo – de Thaís Martinelli, disponibilizada pela Globo nas peças de divulgação da próxima temporada da novela -, Patrícia fala sobre a proposta de Malhação – Vidas Brasileiras, estrelada pela professora Gabriela Fortes (Camila Morgado). “A cada 15 dias, vamos fundo na história pessoal de um adolescente da escola, fazendo com que ele ganhe um protagonismo temporário. Caberá à professora Gabriela essa imersão em um drama em particular. Serão cerca de 25 histórias intercaladas com a base que é o arco principal, que envolve o núcleo da professora e seus três filhos“, explica a autora, que conta com supervisão de Daniel Ortiz e direção artística de Natália Grimberg.
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O que essa nova temporada terá de diferente? Como serão contadas as histórias?
Temos uma produção pensada para irmos fundo no universo de cada um dos alunos da escola. Eles ganham um protagonismo muito grande a cada duas semanas. Além disso, têm as histórias com arcos maiores. O primeiro aluno que a gente vai conhecer mais a fundo é o Felipe Kavaco (Gabriel Contente) [filho de Melissa e Jairo, vividos por Malu Mader e Daniel Dantas em participações especiais]. Vamos falar de uma história universal, o vício. Nossa Malhação fala de vidas brasileiras e por isso abordaremos temas presentes no nosso dia a dia, sempre propondo uma discussão mostrando os dois lados da história. As pessoas vão entender que por trás de cada um desses temas existe um ser humano.
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Qual o conceito da nova temporada?
Começamos a raciocinar em cima de como a pessoa se vê, como ela é vista e como ela quer ser vista pelos outros. A Gabriela entra na nossa história como aquela que vê além. Ela vai observar o aluno e enxergar os sinais para então mostrar o que está por trás de determinado comportamento. Muitas vezes nem o aluno percebe o problema pelo qual está passando. A partir do olhar dela o público é convidado a entrar na vida pessoal desse aluno. É um projeto muito ousado, diferente de tudo o que já fizemos.
Como essa malhação vai abordar a importância da educação?
Trabalhamos muito próximos da área de Responsabilidade Social da Globo. Através dessa parceria entramos em contato com jovens e educadores que têm o que falar sobre os assuntos. Vimos a luta de cada um deles. É nesse sentido que surge essa professora que a gente achava que era idealizada, mas nas palestras vimos que existem. São pessoas que acordam todos os dias e pensam na missão que têm de educar e formar seres humanos completos. A gente traz esse personagem como um desejo. Se cada um pensar em como pode fazer a diferença e ajudar, talvez a gente consiga transformar o mundo.
O jovem é muito diferente do de 30 anos atrás. Você estava lá na primeira Malhação, em 1995. Como vê essa mudança?
Adoro fazer Malhação. Ganhei 23 anos de adolescência extra. Você convive com essa energia e precisa continuar conectado, entender como esse jovem está pensando. Imagina o jovem que a gente retratou em uma academia em 1995? Agora cada jovem está preocupado com uma causa. Essa é a grande mudança.
Qual a sua relação com o bairro de Botafogo, onde a trama é ambientada?
Sou do Rio de Janeiro. Acho Botafogo interessante porque não lembro de ter marcado geograficamente um lugar que seria tanto o coração do Rio e um microcosmo como ele é. Conecta vários bairros. As pessoas brincam que é “Botasoho” porque tem muitos bares, uma vida noturna acontecendo. É bastante alternativo. Vemos aquela beleza de cartão postal, além de prédios bonitos em mau estado de conservação. Botafogo nesse momento fala muito sobre o que o Rio está vivendo. Queremos falar dessa cidade, que a gente ama tanto, é um lindo cartão postal, mas quando vai chegando perto vê que tem problemas também.
O que o público pode esperar?
Quero que se envolva como estamos envolvidos. Cada etapa do processo está emocionante. O elenco e cada um dos personagens foram escolhidos a dedo. Fizemos tudo de forma integrada, que dialoga com elenco, direção, Responsabilidade Social, todas as áreas. Os atores vão levar essa emoção para o ar. Se o público sentir como a gente, que o nosso trabalho tem muita verdade, vai perceber que estamos fazendo com o coração. Vai conseguir se conectar com a humanidade que estamos trazendo.