Passando dificuldades, astro fez as pazes com a Globo no fim da vida
19/07/2022 às 16h27
Estrela do cinema e da televisão brasileira nos anos 1960, Geraldo Del Rey se envolveu em algumas polêmicas durante a sua carreira. O ator, que nasceu em Ilhéus (BA) em 29 de outubro de 1930, nos deixou há 29 anos, após se reconciliar com a Globo.
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Após cursar arte dramática em Salvador (BA), o artista se destacou em O Pagador de Promessas (1962), importante filme do cinema nacional. Ainda esteve em outro clássico, Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964). Em seguida, foi para a televisão, atuando em novelas de praticamente todas as emissoras. Galã da época, era chamado de “Alain Delon brasileiro”.
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Autora apaixonada
Em 1968, ele vivia o vilão Gino Falconi em A Gata de Vison, na Globo. No entanto, um fato mudou a trajetória do ator e da novela: a autora da trama, Glória Magadan, simplesmente se apaixonou por Geraldo e fez seu personagem crescer, deixando outros nomes do elenco descontentes.
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Gino foi se transformando e virou o protagonista, papel que cabia a Bob Ferguson (Tarcísio Meira). O crescimento dele causou efeito reverso para Ferguson: foi se descaracterizando, a ponto de ficar perdido entre ser o mocinho ou o verdadeiro vilão da novela.
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Tarcísio, já um grande astro na época, evidentemente ficou descontente e pediu para deixar a trama. Um dia, ao receber os capítulos para gravar na semana seguinte, Tarcísio Meira leu e foi direto ao departamento de produção.
“Ou grava a minha morte essa semana, ou meu personagem pega o próximo trem e não volta”, ameaçou o ator.
Ele não morreu e o personagem acabou sendo substituído por Milton Rodrigues.
Declínio na carreira
Em 1970, foi a vez de Del Rey deixar uma trama da Globo pela metade, novamente por conta de Magadan. Ele vivia Luciano em Véu de Noiva e acabou aceitando convite da autora, dispensada pela Globo, para atuar em E Nós, Aonde Vamos?, única novela que ela fez na Tupi.
Para driblar a saída do ator, Janete Clair assassinou o personagem e criou um “quem matou” que contribuiu para o sucesso da trama.
A partir daí, Geraldo teve diversos problemas na carreira, que entrou em declínio. Além disso, ele era perseguido pelo Regime Militar por seu envolvendo com o Partido Comunista Brasileiro. Na década de 1970, ele atuou em tramas da Tupi, como A Barba Azul, O Sheik de Ipanema, Vila do Arco e Roda de Fogo.
Volta à Globo no fim da vida
Nos anos seguintes, teve pequenos papeis em tramas do SBT, da Band e da Manchete. Nesse meio tempo, com dificuldades financeiras, chegou a trabalhar como vendedor em uma loja que alugava roupas para festas.
Depois de um breve retorno à Globo em 1986, para uma participação especial em Cambalacho, o ator fez as pazes definitivamente com a emissora em 1990, atuando em três produções em seus últimos anos de vida.
Em 1990, interpretou Túlio em Lua Cheia de Amor; em 1992, foi o jornalista Orlando Damasceno na minissérie Anos Rebeldes; no mesmo ano, viveu Sebastião em Pedra sobre Pedra.
O ator sempre teve uma vida pessoal bastante discreta, como ressaltou ao jornal O Globo de 10 de fevereiro de 1991.
“Minha vida particular é para ser vivida, não para ser divulgada. Entendo e respeito curiosidade do público, mas não abro mão da minha privacidade”, enfatizou.
Geraldo Del Rey morreu em 25 de abril de 1993, aos 62 anos, após lutar contra um câncer de pulmão. O corpo do ator foi enterrado no cemitério da Vila Mariana, na capital paulista.