Assassinado nesta quinta (25), João Rebello foi um dos atores mirins de maior sucesso dos anos 1980 e 1990. Sobrinho do ator e diretor Jorge Fernando, neto da atriz Hilda Rebello e irmão da também atriz Maria Carol, João mudou de profissão, mas seguia envolvido com arte.
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A estreia do garoto na TV deu-se aos oito anos de idade, na novela Cambalacho (1986), dirigida pelo tio. João viveu Maneco, um dos meninos adotados pelos trambiqueiros Naná (Fernanda Montenegro) e Jejê (Gianfrancesco Guarnieri).
No entanto, após emplacar outros trabalhos na TV, o ator mudou de profissão e passou a trabalhar na noite.
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Sucesso
O trabalho de maior expressão de João Rebello no início de sua carreira foi em Bebê a Bordo (1988), como Juninho, filho do protagonista Tonico Ladeira (Tony Ramos). O pequeno padecia com as loucuras do pai e da mãe, Soninha (Inês Galvão).
Em entrevista ao Vídeo Show, em 23 novembro de 2018, o ator recordou com carinho do personagem criado por Carlos Lombardi:
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“Era um moleque que trazia essa parada de comédia, os pais eram dois neuróticos, o Tony Ramos e a Inês Galvão”, disse.
Parceria com o tio
No ano seguinte, Rebello atuou em O Sexo dos Anjos, de Ivani Ribeiro. Já para interpretar o intelectual Sig, um dos seis filhos de Carmen Maura (Joana Fomm) no sucesso Vamp (1991), o ator, na época com 11 anos, chegou a ler dois livros de Sigmund Freud.
Em Deus Nos Acuda (1992), de Silvio de Abreu, João Rebello encarnou Nicolau, um ex-garoto de rua adotado pela socialite Baby Bueno (Glória Menezes). Vira Lata (1996) e Zazá (1997) foram seus últimos trabalhos na dramaturgia. Todas estas novelas, assim como Vamp, estiveram sob o comando de Jorge Fernando.
“O clima era bem familiar na Globo, era sempre um conforto fazer (novelas). Eu gosto de rever, acho muito legal ter os registros. É muito maneiro ver como as novelas eram loucas, até a tecnologia, a montagem”, refletiu o ator em matéria do Notícias da TV, de 18 de maio de 2018.
Novos rumos
Como cresceu próximo das câmeras, João criou interesse também pelos bastidores da TV e pela direção. Quando completou 18 anos, ele decidiu estudar Cinema em Londres.
“Sempre tive interesse por todas as áreas da produção. A Globo é uma escola, uma fábrica, eu sempre fui interessado em mexer nas câmeras, ia no switcher em que o diretor fica fazendo os cortes. Achava demais as máquinas”, contou ao Notícias da TV.
Rebello era sócio de uma produtora no Rio de Janeiro e dirigia clipes de artistas como Ludmila:
“A produtora tem 10 anos, fazemos clipe, vídeos publicitários, efeitos. A gente faz clipes que são referência (no funk), sempre pensamos em ideias criativas. Eles ficam eternos no YouTube, queremos fazer clipes elaborados, com ideias que fujam um pouco da fórmula,” explicou o artista, que atualmente não pensa em retomar os trabalhos em frente às câmeras.“A profissão de ator necessita que você acredite muito na sua arte. Tem que estar sempre preparado, fazer testes, se dedicar ao personagem, é uma vocação. Tirei um tempo da minha vida em que fui morar fora, aí fui perdendo o ritmo das novelas, que têm uma jornada muito grande”, confessou.
Trabalho como DJ
No ano de 2013, João fez uma discreta aparição na TV, como o DJ João Woo, interagindo com esquetes do humorístico Divertics – do núcleo de Jorge Fernando.
“Acho que cada vez mais as pessoas estão muito multitarefas na área criativa. Escrevem, têm capacidade de produzir algo, ficam na frente das câmeras e atrás. O trabalho artístico não é tão sedimentado como já foi. Existe um renascimento, as pessoas desenvolvem várias técnicas dentro das artes. Dá vontade de ter várias profissões em vez de uma só”, concluiu, ao Notícias da TV.
Morte
Aos 45 anos, João Rebello foi morto na noite desta quinta (24), em Porto Seguro (BA).
Ele, que estava sozinho no veículo, foi atingido por 12 tiros dentro de seu próprio carro na Praça da Independência, localizada no centro de Trancoso.
Dois homens numa motocicleta se aproximaram do carro e atiraram à queima-roupa.
A mãe do ator declarou que o ex-ator teria sido morto por engano, já que os criminosos teriam confundido o veículo em que ele estava com outro.