Para salvar Travessia, diretor usa recurso que desdenhou no passado

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Entre as várias mudanças que começam a ser implantadas em Travessia para tentar elevar os índices de audiência da trama está a entrada do “congelamento” ao final do capítulo. O recurso, que serve para elevar a tensão do gancho e instigar o público, já foi usado em inúmeros folhetins.

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No entanto, Mauro Mendonça Filho, que assina a direção artística da trama de Gloria Perez, já se manifestou contrário à ferramenta. Em 2017, o diretor estava à frente de O Outro Lado do Paraíso, sucesso de Walcyr Carrasco, quando foi questionado sobre “congelamento” no Twitter. Sua resposta foi incisiva:

“Não gosto de congelamento, simples assim. Quando as pessoas se ligam tanto em congelamento, é porque tem algo errado no que se move”, enfatizou, na ocasião.

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Cinco anos depois, Filho foi obrigado a rever sua posição. O fiasco de Travessia tem feito a direção da Globo mexer na novela. Gloria Perez já reescreve capítulos, enquanto a emissora vem fazendo uma espécie de “relançamento” da trama.

E o “congelamento” do fim de capítulo veio nesse pacote de alterações, mesmo a contragosto do diretor.

Público aprova

Apesar de Mauro Mendonça Filho não gostar do recurso, o “congelamento” no final do capítulo costuma agradar o público. O caso mais famoso envolvendo a ferramenta aconteceu em Avenida Brasil (2012), trama de João Emanuel Carneiro dirigida por Ricardo Waddington e José Luiz Villamarim, atuais “chefões” da dramaturgia da Globo.

No final de cada capítulo de Avenida Brasil, um personagem era “congelado” após uma cena de tensão, que armava o gancho para o capítulo seguinte. Neste processo, o personagem ficava em preto e branco, enquanto um efeito de luzes parecido com o da abertura da novela surgia atrás dele.

O congelamento fez tanto sucesso que o público passou a apostar, nas redes sociais, qual personagem seria agraciado com a “honraria” de congelar. Além disso, foram criadas ferramentas para que o espectador pudesse colocar o efeito do congelamento em suas próprias fotos. Foi uma febre!

Recurso antigo

Apesar de ter encontrado seu auge em Avenida Brasil, o congelamento no final dos capítulos de novelas é bem mais antigo que isso. Várias novelas, antes e depois do clássico de João Emanuel Carneiro, faziam uso do recurso.

Segundo uma matéria do Vídeo Show, exibida em 2007, Corpo a Corpo (1984), de Gilberto Braga, foi a primeira novela a encerrar seus capítulos “congelando” os personagens. Era um congelamento simples, com um efeito sonoro marcante, que denunciava o “gancho”. Vale Tudo (1989) também encerrava seus capítulos assim, fazendo a imagem congelar em preto e branco.

Vamp (1991) também usava o congelamento, e de uma maneira original e divertida. Assim que o personagem congelava, sua imagem se transformava num desenho. Pedra Sobre Pedra (1992) fazia algo parecido, mas, neste caso, os rostos dos personagens se tornavam pinturas. Uga Uga (2000) também transformava seus personagens em desenhos.

Já em Felicidade (1991), o congelamento era seguido de um arco-íris, que atravessava o rosto do personagem. Porém, em A Próxima Vítima (1995), o congelamento era mais sinistro, pois um alvo aparecia no rosto do personagem. Em Corpo Dourado (1998), o mar surgia atrás do rosto congelado. E em Celebridade (2003), o rosto do personagem congelava como se fosse um “clique” de uma fotografia.

Outras novelas iam mais além e criavam um efeito que sucedia o congelamento. Era Uma Vez… (1998) e Alma Gêmea (2005), por exemplo, fechavam um livro logo depois do congelamento. Já em Chocolate com Pimenta (2003), os rostos dos personagens viravam estampa numa caixa de bombons.

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