Em 2019, a chegada da CNN Brasil provocou um enorme barulho na mídia e no mercado. O anúncio do início das atividades da versão brasileira do famoso canal noticioso estadunidense, projeto que tinha Douglas Tavolaro como sócio, gerou enorme expectativa, até pelo tamanho dos nomes envolvidos, entre eles Daniela Lima (foto abaixo).

CNN Brasil - Daniela Lima
Reprodução / CNN Brasil

A novidade mexeu com a Record, que via Tavolaro, seu ex-vice-presidente de Jornalismo, partir para um voo desta magnitude. Um dos temores da emissora de Edir Macedo era que seu elenco fosse assediado pelo novo canal, atraídos pela presença do homem que, por anos, foi o todo-poderoso de seu jornalismo.

Com isso, a reação aconteceu. Antes mesmo de a CNN Brasil entrar no ar, a Record cogitou lançar um novo canal de notícias na TV por assinatura, desvinculado da Record News. A ideia era justamente bater de frente com a aposta de Tavolaro e Rubens Menin.

Novo canal

Record News

Os planos da Record foram revelados pelo portal Notícias da TV, em fevereiro de 2019. Na ocasião, o colunista Daniel Castro informou que a Record estudava lançar um novo canal de notícias até o ano seguinte.

De acordo com a reportagem, a ideia era lançar um novo canal que viesse a substituir a Record News, ou então se tornar uma espécie de concorrente da própria Record News. Mas, diferentemente do primeiro canal de notícias do grupo, esta nova estação seria uma plataforma de TV por assinatura e internet, tal qual a CNN.

A emissora teria descartado a hipótese de simplesmente relançar a Record News porque tinha a intenção de manter o caráter híbrido do canal, que é transmitido por sinal aberto e também está presente em operadoras de TV paga.

Nova marca

Douglas Tavolaro e Monalisa Perrone

Além disso, na época, a Record avaliava que a marca Record News se encontrava desgastada, em razão do processo de sucateamento enfrentado pelo canal de notícias. Lançado em 2007, a Record News havia perdido fôlego logo em seus primeiros anos, passando boa parte de sua existência refém de reprises da Record e horários locados.

Com isso, a Record acreditava que era o momento de lançar algo novo, capaz de se colocar como um forte concorrente do novo canal de notícias que estrearia em breve no Brasil.

O temor da Record até se confirmou, em termos. Tavolaro realmente convidou profissionais da Record para engrossar sua equipe na CNN Brasil, como Reinaldo Gottino, que trabalhou no canal nos seus primeiros meses. Porém, um ano depois do lançamento, Douglas Tavolaro (na foto acima, com Monalisa Perrone) vendeu sua parte da CNN para Rubens Menin e deixou o canal.

Volta por cima

Paralelamente, a Record acabou desistindo de levar adiante a ideia de lançar um novo canal de notícias. Em vez disso, a emissora preferiu reformular a grade da Record News, que passou por uma grande mudança nos últimos meses. Os horários locados desapareceram e o canal voltou a ter programas exclusivos, deixando de ser totalmente um “quintal da Record”.

As mudanças surtiram efeito e a Record News cresceu no Ibope. No mês passado, o canal surgiu em sexto lugar no ranking da TV aberta, deixando a RedeTV! pra trás. À frente dela, estão Globo, Record, SBT, Band e TV Cultura.

Em janeiro de 2023, a Record News anotou média de 0,282, contra 0,280 da RedeTV! em São Paulo, segundo os dados da Kantar Ibope Media divulgados pelo UOL.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor