As novelas de Benedito Ruy Barbosa costumam abordar dramas familiares, inclusive com pais e filhos como personagens principais. Pantanal não foi diferente.
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Se há críticas à maternidade em muitos folhetins, o outro lado da moeda pôde ser visto no enredo atualizado por Bruno Luperi. A trama que a Globo encerra nesta sexta-feira (7) foi repleta de maus exemplos.
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Mocinho, vilão e pais
Respeitando a sinopse original do avô, Bruno manteve tipos e dilemas: pais ausentes, filhos enganados e preconceitos enraizados – comuns ao ano em que Pantanal foi produzida originalmente, 1990.
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Tais questões estão presentes em dois dos principais personagens da história e nos laços familiares deles: o protagonista José Leôncio (Marcos Palmeira) e o vilão Tenório (Murilo Benício).
O problema com Zé Leôncio vem de berço. Apegado à figura do pai, Joventino (Irandhir Santos), convertido na figura mística Velho do Rio (Osmar Prado), ele sente saudades do tempo de convivência e deseja repetir até mesmo os erros do passado.
O afastamento que se deu quando o pai sumiu foi replicado quando Madeleine (Bruna Linzmeyer / Karine Tele) levou Jove (Jesuíta Barbosa), ainda bebê, embora da fazenda. José Leôncio não procurou mais o filho, que acreditava que o pai estava morto.
Os equívocos de José Leôncio
O reencontro de Zé e Jove representou um choque para ambos. Os dois não se aceitavam, enfrentando muitas dificuldades para lidar com as frustrações causadas pela aproximação, o que só reforçou o erro do pecuarista de não buscar pelo filho e construir tal relação desde a primeira infância.
Tadeu (José Loreto), por sua vez, foi acolhido quando criança, no momento em que Filó (Letícia Salles / Dira Paes) inventou o laço sanguíneo entre eles. Isso não foi suficiente para que o peão fosse, de fato, assumido e criado como filho. Tadeu cresceu chamando o suposto pai de padrinho.
Esse talvez seja o exemplo mais tocante, já que o rapaz é o que mais se aproxima das expectativas do fazendeiro.
Batalha entre irmãos
José Lucas (Irandhir Santos) foi uma surpresa do destino. O rapaz é fruto da primeira relação sexual de José Leôncio, com a prostituta Generosa (Giovana Cordeiro).
Mesmo depois de ser reconhecido, ele demorou a driblar o gênio do pai e fazer parte da família.
Cabe lembrar que, ao longo da narrativa, além de se manter distante dos filhos em muitos momentos, Zé Leôncio estimulou a rivalidade entre eles – a sela de prata será disputada no capítulo desta quinta (6).
Tenório e suas duas famílias
Esse, sem dúvidas, pode ser considerado o pior exemplo de pai. Conservador e hipócrita, Tenório manteve duas famílias, escondendo uma da outra. Ele atacava a esposa oficial Maria Bruaca (Isabel Teixeira) e a filha Guta (Julia Dalavia) com falas machistas.
O outro núcleo do vilão, formado com Zuleica (Aline Borges), precisou lidar com o racismo. Os três filhos do casal são negros: Marcelo (Lucas Leto), Renato (Gabriel Santana) e Roberto (Cauê Campos).
A relação de Guta e Marcelo colocou as duas famílias frente a frente. Fruto de um estupro que Zuleica sofreu durante o trabalho, Marcelo envolveu-se com a suposta irmã e encarou, mais uma vez, a rejeição do homem que o criou, por não ter o sangue dele.