André Santana

Ao entrar no ar, Pantanal apresentou ao público personagens diversos e cheios de personalidade. Contudo, tipos como Guta (Julia Dalavia), Muda (Bella Campos), Tibério (Guito), e até mesmo Juma (Alanis Guillen) e Jove (Jesuíta Barbosa), não tiveram mais muito o que dizer na trama das nove da Globo, que termina nesta sexta (07).

Juma e Jove, aliás, repetiram a trajetória que destruiu o casal principal de muitas novelas: a resolução antecipada de seus conflitos. Inicialmente, os dois pombinhos caíram nas graças do público ao representarem o encontro de duas realidades completamente distintas: a mulher que foi criada livre na natureza e o homem urbano um tanto alienado.

O choque de cultura movia o romance, cheio de idas e vindas. O fato de a família de Jove não enxergar Juma com bons olhos também dava combustível à relação, quase como num Romeu e Julieta. A maneira como Juma e Jove lidavam com estes conflitos davam substância ao casal.

Casal murcho

Porém, após o casamento, Jove e Juma caíram numa espécie de limbo, onde praticamente nada acontece. Houve um conflito pontual ou outro – como quando Juma deixou a casa de José Leôncio (Marcos Palmeira) e Jove se envolveu com Miriam (Luiza Del Dala) -, mas nada que tenha alterado a ordem natural das coisas.

Nos últimos capítulos, Jove e Juma apareceram em cenas sem qualquer importância, como quando Juma pede que o marido lhe traga um livro de presente. O incentivo à leitura é sempre válido, mas quem esperava algo mais emocionante ficou a ver navios.

Militância desapareceu

Pantanal

Outra personagem que perdeu fôlego foi Guta. A jovem entrou em cena causando geral, ao discursar a favor do feminismo e dar boas respostas ao jeito conservador do pai, Tenório (Murilo Benício). Os embates entre pai e filha eram sempre divertidos.

Seus envolvimentos com Jove e com Tadeu (José Loreto) também deram mais camadas a Guta, que teve conflitos diretos com o próprio José Leôncio. E até seu romance proibido com Marcelo (Lucas Leto) tinha algum tempero.

No entanto, atualmente, Guta virou quase uma figurante de luxo. A jovem perdeu brilho e sua força inicial, e parecia apenas aguardar a novela de Benedito Ruy Barbosa chegar ao fim. Não houve mais o que fazer.

Guito em Pantanal

Ela se junta a Muda e Tibério, que também tinham grande importância no início do folhetim. Muda era movida pela vingança e pelo ódio que nutria contra Tenório, enquanto Tibério era o braço direito de José Leôncio, com quem chegou a bater de frente em alguns momentos.

Após o casamento, Muda e Tibério perderam espaço. Não houve mais trama para eles.

Na reta final, Pantanal sobreviveu apenas do embate entre Tenório e Alcides (Juliano Cazarré), além da expectativa quanto à morte do vilão, cuja cena frustrou muita gente, aliás. Além, claro, do romance sem graça entre Irma (Camila Morgado) e José Lucas (Irandhir Santos). Sobrou pouca coisa para o fim.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor