O horário nobre da Globo vinha perdendo público ano a ano. Novelas como O Sétimo Guardião (2019) ou Um Lugar ao Sol (2021) afugentaram a plateia, assim como as reprises de A Força do Querer (2020) e Império (2021), ocasionadas pela pandemia da covid-19.

Dona Beija

Neste contexto, o remake de Pantanal tem cumprido sua missão de resgatar no público a paixão de se acompanhar uma boa novela. Com isso, é até natural que a Globo e outras produtoras de conteúdo comecem a olhar com mais carinho para regravações de tramas que já fizeram sucesso no passado, como Dona Beija (foto acima).

Embora não sejam a prova de erros – são vários os exemplos de remakes que deram errado -, estas regravações têm a vantagem de despertarem a memória afetiva do público. Isso já garante que a produção chame a atenção da audiência.

Pantanal

Não por acaso, refazer ou resgatar histórias tem se tornado uma tendência mundial. Basta ver a quantidade de remakes e reboots que a TV estadunidense vem fazendo. O Star+, da Disney, acaba de lançar Bel-Air, um remake dramático de Um Maluco no Pedaço, enquanto a Netflix lançou recentemente um remake de Rebelde. São inúmeros os exemplos.

Clássico da Manchete

Maitê Proença

No Brasil, a tendência se repete. Meses atrás, quando a Globo anunciou que faria um remake de Pantanal, a imprensa também divulgou que um outro clássico da Manchete estava prestes a ganhar uma nova versão: Dona Beija.

A produtora Floresta anunciou que adquiriu os direitos da trama para fazer uma nova versão da história. Na época do anúncio, a produtora afirmou que “a narrativa será revisitada com um olhar moderno e ousado, à altura da protagonista”. O autor português António Barreira esta à frente desta nova adaptação.

“A luxúria e luxuosidade ganharão mais cor e personalidade, seguindo altos padrões de produção. A história ganha uma tinta a mais nas discussões que escandalizaram a sociedade no século XIX e ainda são tão pertinentes para o século XXI, como empoderamento, questões raciais e classistas”, afirmava o anúncio da Floresta distribuído à imprensa.

O projeto ainda está sendo tocado pela produtora, mas ainda não há elenco escalado e nem data de início das gravações. Também não há uma confirmação sobre onde será transmitida a nova versão de Dona Beija, mas a expectativa é que isso aconteça na HBO Max.

Outros projetos

Renascer

Já na Globo, ainda não há nada certo, mas correm rumores de que outras tramas de Benedito Ruy Barbosa podem ser refeitas. As principais candidatas a ganharem novas versões seriam Renascer (1993) e Terra Nostra (1999).

Vale lembrar que o autor já emplacou vários remakes de suas tramas na Globo. Edmara e Edilene Barbosa, as filhas de Benedito, já reescreveram Cabocla (2004), Sinhá Moça (2006), Paraíso (2009) e Meu Pedacinho de Chão (2014), todas remakes de novelas das seis do pai.

E a coisa não deve parar por aí. De acordo com Flavio Ricco, colunista do R7, várias produtoras de conteúdo estão de olho no sucesso de Pantanal e buscando outras histórias clássicas para refazer. Segundo o jornalista, medalhões como Aguinaldo Silva, Walther Negrão e Lauro César Muniz já foram sondados para isso.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor