Paixão proibida nos bastidores prejudicou galã em novela da Globo
15/08/2023 às 13h09
Uma novela mexicana nos bastidores de uma produção da Globo. Pode-se definir assim o que aconteceu ao longo das gravações de A Gata de Vison, exibida pela emissora entre 26 de junho de 1968 e 6 de janeiro de 1969. O principal prejudicado nessa história foi Tarcísio Meira (na foto abaixo, com Angélica em Um Anjo Caiu do Céu).
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Além de não ter feito sucesso, a trama ficou marcada por um fato inusitado: a autora, Glória Magadan (1920-2001), se apaixonou por um dos artistas do elenco, Geraldo Del Rey (1930-1993), e fez seu personagem crescer, deixando outros atores descontentes.
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A história de A Gata de Vison já não ajudava: gângsters e mafiosos na violenta Chicago de 1920. Ainda era a época das tramas rocambolescas, longe da realidade nacional, que terminariam em seguida – a partir de Véu de Noiva, de Janete Clair, em 1969.
O público e os anunciantes também rejeitaram uma troca de casais realizada pela Globo. Até então, os pares românticos sempre eram formados pelas duplas Tarcísio Meira (1935-2021) e Glória Menezes / Carlos Alberto (1925-2007) e Yoná Magalhães (1935-2015).
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A Globo resolveu misturar: Tarcísio e Yoná protagonizaram A Gata de Vison, enquanto Carlos Alberto e Glória foram para Passo dos Ventos, às 19h. Não deu certo, refletindo no Ibope e no faturamento.
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Mas o grande fato que marcou a produção foi a paixão de Magadan por Del Rey. Os dois tiveram um romance no período. O personagem do ator, Gino Falconi, inicialmente um vilão, foi crescendo e se transformando, a ponto de se tornar protagonista, papel que cabia a Bob Ferguson (Tarcísio Meira).
O crescimento de Falconi causou efeito reverso para Ferguson: foi se descaracterizando, a ponto de ficar perdido entre ser o mocinho ou o verdadeiro vilão da novela.
Meira, grande astro das produções da época, evidentemente ficou descontente e pediu para deixar a trama, sendo substituído por Milton Rodrigues.
A partida no trem e a chegada da irmã gêmea
Como conta o portal Teledramaturgia, quanto maior o ardor entre Magadan e Del Rey, mais Ferguson ia mudando de características e personalidade:
“Um dia, ao receber os capítulos para gravar na semana seguinte, Tarcísio Meira leu e foi direto ao departamento de produção. ‘Ou grava a minha morte essa semana, ou meu personagem pega o próximo trem e não volta’. O personagem não voltou”.
O caráter de Falconi continuou sendo remodelado e a solução encontrada pela autora foi criar uma irmã gêmea da personagem de Yoná Magalhães para servir de par romântico ao personagem.
Falconi, por fim, se entrega à polícia e assina uma confissão onde se diz responsável por todos os crimes que cometeu. A prisão ameaça a Máfia, que teme que seus segredos sejam revelados.
Mas Dino se recusa a ser um delator. Condenado à morte, é inocentado a poucas horas antes de sua execução, graças às provas contra a organização criminosa que são encontradas.
Autora deixou a Globo
Em decadência junto à direção da Globo, Glória Magadan praticamente cavou sua demissão da emissora após esse episódio, aliado a outros acontecimentos.
Depois de sucessos em 1966 e 1967, as tramas de 1968 e 1969 não iam bem. Ao mesmo tempo, Janete Clair ganhava cada vez mais espaço. Magadan deixou a Globo ainda em 1969. A autora foi para a Tupi, onde escreveu uma trama com história contemporânea, E Nós, Aonde Vamos?, que, no entanto, foi um fracasso.
Descontente, se mudou para Miami, nos Estados Unidos, onde continuou sua carreira, mais focada em livros e artigos para revistas. Em 1996, Magadan foi convidada para escrever uma novela para a extinta Rede Manchete, chegando a entregar uma sinopse, mas o projeto não foi em frente em virtude da crise financeira do canal, que fechou as portas três anos depois.
Gloria Magadan morreu no dia 27 de junho de 2001, em Miami.