André Santana

O SBT vem fazendo uma ampla reforma em sua programação. A emissora, disposta a recuperar a audiência perdida nos últimos anos, lança várias novas atrações, como o matinal Chega Mais, o vespertino Tá na Hora e o semanal É Tudo Nosso.

Circo do Tiru
Circo do Tiru

Porém, até aqui, apenas o novo SBT Brasil e o Circo do Tiru disseram a que vieram. Os dois programas são os únicos do pacote de novidades que parecem dialogar com o público da emissora, que é, reconhecidamente, uma estação popular.

Já as demais atrações terão que passar por ajustes para conquistar os fãs do canal de Silvio Santos.

Emissora popular

O SBT é uma emissora que se construiu buscando ser a “TV do povão”. Silvio Santos optou por concorrer com a Globo indo na contramão da líder de audiência, que sempre foi considerada mais elitista. A ideia sempre foi ser uma alternativa mais popular.

A opção acabou imprimindo uma identidade muito própria ao SBT. A emissora se tornou a TV dos auditórios, dos grandes comunicadores, da distribuição de prêmios e da diversão. É um canal que não teve vergonha do colorido. Tanto que o ar “cafona” faz parte do show.

Dentro deste contexto, o novo SBT Brasil e o Circo do Tiru se mostram como os maiores acertos da nova programação da emissora. Os dois programas conseguiram absorver o DNA do SBT, mostrando potencial para cair nas graças do público do canal.

Dois acertos

César Filho no SBT Brasil
César Filho no SBT Brasil

O maior acerto do SBT Brasil é se livrar do jeito engessado de se fazer jornalismo no horário nobre. César Filho é um comunicador popular bem identificado junto ao público do canal. Ao colocá-lo de pé, conversando com o público, o SBT estabelece um diálogo com sua audiência. O jornal está a cara da emissora, e isso é positivo.

O Circo do Tiru, atração dos sábados do canal, também demonstra muita afinidade com o jeito SBT de ser. Tirullipa levou o circo para a TV, usando o picadeiro como um palco de um programa de auditório dos mais tradicionais.

Na atração, números circenses convivem com games, entrevistas e musicais. Ou seja, é um grande programa de auditório, formato consagrado por Silvio Santos e seus “apresentadores-seguidores”. Com isso, consegue alcançar o público que sempre assistiu ao canal.

Um erro

Neste contexto, o Chega Mais se mostra como o maior erro da nova grade até aqui. O programa de Regina Volpato, Michelle Barros e Paulo Mathias peca pela maneira fria com que se apresenta ao público. Falta o calor dos programas tradicionais do SBT.

O matinal, inclusive, apostou em receitas mais refinadas em sua primeira semana, o que deu um ar elitista à atração. Um erro, já que foge da pegada popular que o canal sempre ostentou.

Enquanto isso, o É Tudo Nosso fica no meio do caminho. O barulho e o caos do programa de Benjamin Black remete aos tempos dos auditórios menos engessados.

No entanto, fica a dúvida sobre a durabilidade de uma atração tão “intensa”. Corre-se o risco de a fórmula se esgotar rapidamente.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor