Ótimos em A Força do Querer, Dan Stulbach e Maria Fernanda Cândido voltaram às novelas em grande estilo

Ele estava longe das novelas há seis anos e ela não participava de um folhetim inteiro há 13 anos (as fracas Fina Estampa e Como Uma Onda foram as últimas de cada um, respectivamente). Agora, Dan Stulbach e Maria Fernanda Cândido estão de volta na ótima A Força do Querer, escrita por Glória Perez e dirigida por Rogério Gomes, em pleno horário nobre da Globo, e fazendo uma dobradinha merecedora de muitos elogios.

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A autora os presenteou com perfis densos e bem construídos. Eugênio e Joyce são casados, mas enfrentam problemas nessa relação e também com os dois filhos. Ele é um sujeito íntegro e doce, enquanto ela é uma mulher autoritária e fútil.

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As diferenças sempre estiveram presentes, mas o relacionamento conseguia uma harmonia. De uns anos para cá, todavia, essas questões começaram a afastá-los. Tanto que o marido vem mergulhando mais no trabalho e a esposa vem se dedicando cada vez mais a controlar a vida de Ruy (Fiuk) e Ivana (Carol Duarte).

O relacionamento sofreu um abalo maior com a chegada de Irene (Débora Falabella), oportunista que tenta dar um golpe em Eugênio. O contexto, por sinal, lembra muito o triângulo protagonizado por Alexandre Borges (Raul Cadore), Débora Bloch (Silvia) e Letícia Sabatella (Yvone) em Caminho das Índias, da mesma autora. Porém, a trama atual vem sendo bem melhor desenvolvida, além dos perfis serem bem mais atrativos. Tanto que o contexto que os cerca é o mais denso do enredo, pois trata da identidade de gênero de Ivana, que não se reconhece como mulher.

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Essa delicada situação, aliás, expõe o pai prestativo que a menina tem, ao mesmo tempo em que mostra o egoísmo daquela mãe que só pensa em transformar a herdeira em uma cópia dela. Eugênio procura ouvir os desabafos de Ivana, enquanto Joyce não consegue entender o porquê da filha se masculinizar tanto.

A traição de Ruy também foi outro bom conflito para o par. Ela se desesperou e não aceitou a nova nora, mas ele, depois de brigar com o filho, tentou resolver todo o ‘problema’. A turbulência permanece até mesmo depois do casamento do rapaz com Ritinha (Isis Valverde), pois a perua não aceita a forma como a ‘sereia’ age e se veste.

Mas apesar de todos os problemas, Joyce e Eugênio sentem carinho um pelo outro e se amam. Os momentos, cada vez mais raros, em que os dois dão uma trégua e se beijam, expõem esse sentimento que não morreu. E a química dos atores é visível. O par funciona e rende cenas delicadas, onde a sintonia entre eles se faz presente. Até mesmo as discussões do casal proporcionam situações que deixam claro o carinho que os personagens construíram ao longo de anos de relacionamento. É sempre prazeroso assistir profissionais que honram as artes dramáticas contracenando, ainda mais duas pessoas que estavam há tanto tempo afastadas dos folhetins.

Dan Stulbach viveu seu melhor momento na carreira quando interpretou o violento Marcos em Mulheres Apaixonadas (2002), trama de sucesso de Manoel Carlos, que o colocou na lista dos vilões inesquecíveis da teledramaturgia. Até hoje lembram da raquete que o descontrolado homem usava para agredir a esposa Raquel, vivida por Helena Ranaldi. E ele deu um show mesmo.

Atualmente, o ator também pode ser visto na reprise de Senhora do Destino (2004), quando viveu o tímido Edgar, um simpático chef de cozinha. Outros grandes trabalhos dele foram as minisséries JK (2006), Queridos Amigos (2008) e Som & Fúria (2009). Ele até se aventurou, e se saiu bem, como apresentador no extinto CQC, na Band, em 2015, substituindo Marcelo Tas. Isso após ter exercido a função de apresentador substituto no Encontro, na Globo (2014). Vale citar ainda a série Era Uma Vez História, exibida recentemente na Band, um ótimo projeto criado e apresentado por ele.

Já Maria Fernanda Cândido caiu nas graças do público em 1999, quando atuou em Terra Nostra, imenso sucesso de Benedito Ruy Barbosa. Na pele da deslumbrante italiana Paola, a atriz formou um lindo casal com o saudoso Raul Cortez e se transformou em um dos destaques da novela.

Mas ela acabou virando uma atriz de minisséries. Esteve em grandes produções, como Aquarela do Brasil (2000), Um Só Coração (2004), Dalva e Herivelto – Uma Canção de Amor (2010), O Brado Retumbante (2012) e Felizes Para Sempre? (2015). A última novela que contou com sua luxuosa participação foi Lado a Lado (2012), onde viveu a elegante Jeanett, pois um folhetim inteiro só mesmo em Como uma Onda, citada anteriormente.

A Força do Querer vem se mostrando uma novela de vários acertos e um deles é, justamente, o retorno desses dois grandes atores, com o bônus de serem um casal na história. Dan Stulbach e Maria Fernanda Cândido voltaram às novelas em grande estilo e o par Eugênio e Joyce desperta interesse no folhetim de Glória Perez, expondo a riqueza dos perfis criados pela autora, fazendo jus ao talento dos intérpretes. Tem sido bom acompanhar.

SÉRGIO SANTOS é apaixonado por televisão e está sempre de olho nos detalhes, como pode ser visto em seu blog. Contatos podem ser feitos pelo Twitter ou pelo Facebook. Ocupa este espaço às terças e quintas


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