Os Dias Eram Assim: o que esperar da próxima novela das onze?

13/04/2017 às 11h30

Por: Sergio Santos
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A Globo resolveu chamar as suas novelas das 23h de “supersérie”. A razão é desconhecida, mas parece que nada mais é do que uma simples vergonha em assumir o gênero folhetim em mais uma faixa. A questão é que perceberam isso um pouco tarde, após seis novelas já terem sido exibidas – O Astro, Gabriela, Saramandaia, O Rebu, Verdades Secretas e Liberdade, Liberdade.

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Até porque essa trama terá cerca de 90 capítulos, sendo mais do que os enredos anteriores (que tiveram por volta de 60). Ou seja, essa súbita alteração classificatória soa ridícula. Mas, deixando isso de lado, a nova produção vem apresentando chamadas convidativas e teve um clipe animador.

Com o título de Os Dias Eram Assim, a novela das estreantes Angela Chaves e Alessandra Poggi foi escolhida às pressas para substituir Jogo da Vida, folhetim de Lícia Manzo que iria ao ar este ano e acabou transformado em minissérie, adiado para 2018. A trama das autoras novatas – que já trabalharam como colaboradoras de Manoel Carlos, Gilberto Braga, entre outros -, dirigida por Carlos Araújo, terá a Ditadura Militar como pano de fundo e aproveitará o horário mais permissivo para cenas fortes para explorar toda essa fase tenebrosa do país. Mas, obviamente, terá uma linda história de amor norteando o roteiro, utilizando as diferentes ideologias políticas como foco de conflito. Vale lembrar de produções icônicas que conseguiram mergulhar no tema e contar uma bela trama, como Anos Rebeldes (1992), por exemplo, e até mesmo a primeira fase de Senhora do Destino (2004).

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A trama começa no dia 21 de junho de 1970, dia da final da Copa do Mundo, com o Brasil terminando o torneio tricampeão. É no cenário de euforia das pessoas nas ruas que Renato (Renato Góes) e Alice (Sophie Charlotte) se conhecem, iniciando uma história de amor que atravessará duas décadas, cruzando com eventos históricos importantes do país — da repressão às diretas.

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Ele é primogênito de uma família de classe média de Copacabana. Filho de um professor universitário e de uma dona de livraria chamada Vera, interpretada pela grande Cássia Kiss. O rapaz, que é médico, ainda tem dois irmãos – os estudantes Gustavo (Gabriel Leone) e Maria (Carla Salle) – e os três são engajados na luta pela liberdade, sofrendo graves consequências durante as manifestações que frequentam.

Já Alice é uma libertária que luta contra o conservadorismo da família. Questionadora, a jovem vive protagonizando confronto com os pais: o poderoso Arnaldo (Antônio Calloni), dono de uma construtora e apoiador da Ditadura, e a submissa Kiki (Natália do Vale), que sempre desespera com as atitudes corajosas da filha. A relação conflituada entre os três fica ainda pior quando ela conhece Renato, abalando o seu noivado de anos com o ambicioso Vitor (Daniel de Oliveira), braço-direito do sogro na construtora e filho da interesseira Cora (Susana Vieira). O amor dos mocinhos abalará todos os conluios que os cercam e a situação complicada do país será apenas mais um empecilho para o casal principal, que já demonstra química de sobra nas chamadas.

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A novela não terá ‘fases’, mas dará saltos no tempo, explorando vários contextos históricos relativamente recentes, como já mencionado. Porém, o elenco continuará o mesmo. Uma das exceções será Julia Dalavia, que entrará quando a novela der um salto no tempo. Ela viverá Nanda, irmã de Alice, interpretada por Letícia Braga anteriormente. O curioso é que as duas já dividiram a mesma personagem em Justiça, ano passado, e agora repetem a dobradinha. A irmã da mocinha vai contrair HIV e a trama abordará a doença na década de 80, época em que muitos morriam em virtude da ausência do tratamento e desconhecimento da enfermidade. A atriz emagreceu bastante para o papel e é mais uma situação promissora do folhetim.

Rimena (Maria Casadevall) é mais um perfil que fará parte do enredo, pois Renato será obrigado a sair do país por causa da vingança do poderoso Arnaldo e acabará indo para o Chile. Ele espera que Alice embarque junto, mas ela não aparece e o rapaz acaba conhecendo essa outra mulher, com quem se envolverá, apesar de nunca esquecer o seu amor. Aliás, é importante destacar Antônio Calloni, que tem tudo para ser um dos maiores nomes da produção. O pai da mocinha é um vilão com todas as letras e as suas cenas no clipe já impressionam. E quem está com ele fazendo uma boa dupla é o grande Marco Ricca, intérprete do Delegado Amaral, que também promete ser um canalha daqueles. Além deles e dos mocinhos, Cássia Kiss e Susana Vieira são mais alguns nomes que se sobressaem no vídeo de 15 minutos exibido pela Globo.

Marcos Palmeira (Toni), Letícia Spiller (a ex-miss Arpoador Monique), Felipe Simas (o surfista Caíque), Mariana Lima (Natália), Bukassa Kabengele (Josias), Maurício Destri (Leon), Caio Blat (em uma participação especial como o ativista Túlio, que será morto pelos militares), Cyria Coentro (Laura), Júlio Machado (Marcos) e Nando Rodrigues (Hugo) são mais alguns atores que compõem o elenco, entre outros.

Os Dias Eram Assim tem tudo para ser uma produção de grande qualidade. As chamadas estão cada vez mais animadoras e resta torcer para que a estreia faça jus ao conjunto que vem sendo mostrado. Agora é só aguardar.

SÉRGIO SANTOS é apaixonado por televisão e está sempre de olho nos detalhes, como pode ser visto em seu blog. Contatos podem ser feitos pelo Twitter ou pelo Facebook. Ocupa este espaço às terças e quintas


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