Os bastidores de A Moreninha, clássico do horário das 18h

10/02/2018 às 2h30

Por: Duh Secco
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A novela A Moreninha chegou ao fim há 42 anos, celebrados no último dia 6. Adaptação de Marcos Rey para o romance homônimo de Joaquim Manuel de Macedo, a produção marcou época no horário das 18h, por conta do apuro de cenários, figurinos e direção. Também fez de Nívea Maria uma das mais promissoras atrizes de sua geração, queridinha de todos os noveleiros. Confira abaixo os bastidores do folhetim:

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– A obra de Joaquim Manuel de Macedo já havia sido adaptada em quatro ocasiões: a primeira em 1956, exibida pela Tupi do Rio de Janeiro às terças-feiras e quintas-feiras, com Yoná Magalhães e Paulo Porto como protagonistas; a segunda em 1959, então na Tupi paulista, com roteiro de Tatiana Belinky; a terceira em 1961, na TV Itacolomi de Belo Horizonte, com texto de Léa Delba. Por fim, a versão de 35 capítulos levada ao ar pela Globo em 1965, às 19h – uma das primeiras produções da casa – com Marília Pêra e Cláudio Marzo. Ainda, o longa-metragem de Glauco Mirko Laurelli, estrelado por Sônia Braga e David Cardoso, de 1970.

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– Por sugestão do diretor Herval Rossano, Marcos Rey deslocou a história no tempo. Transferiu a ação do 1844 do livro para 1866 e 1868, possibilitando assim a abordagem de acontecimentos históricos, como a Guerra do Paraguai e a luta pela abolição. Três personagens foram criados para atender a este último tema: o capitão-do-mato João Bala (Jayme Barcellos) e os escravos Duda (Léa Garcia) e Simão (Haroldo Oliveira).

– A intenção de Rey era reverenciar toda a obra de Macedo. Além de A Moreninha, a novela contou com referências a obras como Rosa (1849), O Primo da Califórnia (1858) e, especialmente, da crônica Memórias da Rua do Ouvidor.

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– O folhetim contou com gravações na Ilha de Paquetá, Rio de Janeiro, lugarejo citado no livro, famoso em todo o Brasil graças à novela. Ainda hoje, a cidade recebe visitas de turistas em buscas de pontos turísticos que serviram de locação, como a Pedra da Moreninha e a Praia dos Frades.

– Os cenários e a cidade cenográfica em Barra de Guaratiba, confeccionados por Arlindo Rodrigues a partir de pesquisa de Marilena Cury, foram remodelados a partir dos utilizados pela versão censurada de Roque Santeiro, prevista para 20h, e por Gabriela, do horário das 22h.

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– Gabriela, aliás, dividiu a grade noturna da Globo com A Moreninha por uma semana, de 20 a 24 de outubro de 1975. Neste período, Nívea Maria e Marco Nanini foram vistos nas duas produções – como Jerusa e Carolina; como Professor Josué e Filipe.

– Aqui, a primeira parceria de Nívea Maria e Herval Rossano, com quem a atriz viria a se casar em 1976. Os dois se divorciaram após 27 anos de união, em 2003.

– Por conta de seu desempenho como o estudante Leopoldo – abolicionista que tem sua namorada, Quininha (Carmem Monegal), sequestrado por escravocratas -, Eduardo Tornaghi foi contemplado com o protagonista da novela seguinte, Vejo a Lua no Céu, substituindo o inicialmente escalado Ney Latorraca. Foi também estrela de Sinhazinha Flô (1977) e Memórias de Amor (1979), até se afastar do vídeo após A Gata Comeu (1985); desde então, foi visto apenas em pequenas participações em séries.

– Em 1975, as cenas dos próximos capítulos não traziam músicas, como nas décadas seguintes. Textos eram narrados sobre as sequências exibidas neste bloco. A Moreninha contou com duas locuções diferentes: “O amor com a força da vida. A vida brotando dos sonhos. A esperança, as juras eternas. Cada noite nascendo, cada dia vivendo. A Moreninha!” e “O amor com a força da vida. A vida com a poesia dos sonhos. A esperança cada noite nascendo. Juras de amor, cada dia vivendo. A Moreninha!”.

– A trama foi toda gravada entre 23 de setembro de 1975 e 7 de janeiro de 1976, consumindo um total de 500 horas de trabalho. O elenco se hospedava em dois hotéis durante a realização de cenas externas: o Hotel Club do Brasil, em Guaratiba; e o de Paquetá.

– O folhetim chegou a marcar cerca de 70 pontos de pico, segundo o Ibope.

– Êxito também com a trilha sonora, um compacto simples com apenas seis canções. Bem aceita comercialmente, a seleção de A Moreninha induziu o então diretor a produzir LPs para o horário das 18h – o que já ocorria nas outras três produções da casa. O plano, contudo, só saiu da intenção em 1977, com a primeira trama contemporânea da faixa, Dona Xepa.

– A Moreninha foi reapresentada na faixa das 13h30 em duas ocasiões: poucos meses após seu término, entre 23 de agosto e 10 de dezembro de 1976, e de 4 de outubro a 31 de dezembro de 1982, quando o horário destinado a reprises já havia sido denominado Vale a Pena Ver de Novo.


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