Os bastidores das primeiras coberturas da Globo News

O jornalismo não para em qualquer lugar do mundo: 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano. E essa é a realidade de canais dedicados a notícias. No Brasil, o primeiro canal 100% jornalístico foi a Globo News que, desde 1996, exibe ao vivo os principais fatos do país e do mundo.

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Nesses 21 anos de existência, foram transmitidas muitas coberturas marcantes e, neste artigo, vamos listar algumas delas, ocorridas nos primeiros anos de vida do canal.

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A queda do Fokker 100 da Tam (31 de outubro de 1996)

Apenas 15 dias após sua estreia, a equipe da Globo News enfrentou sua primeira prova de fogo: às 8h26 daquela quinta-feira de 1996, um Fokker 100 da Tam, que partiu do Aeroporto de Caxias do Sul, caiu próximo ao aeroporto de Congonhas, matando todos os ocupantes do avião, destruindo casas e prédios. Morreram 99 pessoas nessa tragédia, sendo três em solo.

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Nesse momento, Ricardo Calil, que cuidava do programa Em Cima da Hora daquele dia, montou às pressas um esquema envolvendo apresentadores e editores. Era impossível saber de imediato a gravidade do acidente.

Eleonora Pascoal, repórter da TV Globo, sobrevoava a área do acidente e Calil utilizou as imagens da Globo, fazendo uma cobertura conjunta.

O jornalista adotou uma estratégia: gravava as imagens do helicóptero e, caso o sinal fosse perdido, a fita era rebobinada e as imagens gravadas entravam no ar, mostrando todos os detalhes do acidente.

A cobertura foi comandada pelos apresentadores Maria Beltrão e Marcio Gomes, que viviam a primeira experiência de uma cobertura ao vivo.

Para Beltrão, o fato foi além do profissionalismo: ela soube, ao vivo, que havia perdido um parente no acidente. Por esse motivo, Alice-Maria, diretora do canal, sugeriu que ela saísse da bancada, porém, a jornalista não saiu do ar e se manteve firme, comandando o plantão até o fim

A morte da Princesa Diana (30 de agosto de 1997)

Era um sábado de plantão comum e a programação do canal prosseguia normalmente. Porém, um informe de uma agência de notícias deixou todos em alerta: um acidente de carro mata Dodi Al Fayed, namorado de Lady Di.

Após a confirmação, o apresentador André Trigueiro informava a morte do empresário egípcio e o estado da princesa, que era grave.

Após esse boletim, a cobertura derrubou toda a programação e Trigueiro não saiu da bancada.

Todos que estavam de folga naquele final de semana saíram de casa e foram até à redação do canal.

Editores e jornalistas fizeram um mutirão, trabalhando juntos atrás de imagens e entrevistas de Diana, ilustrando cada informação apresentada sobre o estado da princesa, que se agravava cada vez mais.

Renato Cunha, coordenador de telejornais, não tirava o olho do computador, atento a cada nova informação vinda das agências europeias. Foi quando a France-Presse soltou a frase “Diana Died”, Cunha saiu gritando pelos corredores.

Às 00h47, André Trigueiro entra ao vivo informando a morte de Diana, usando a France-Presse como fonte. Na mesma hora, na Globo, Sandra Annenberg divulgava o fato no clássico Plantão da Globo.

Rosa Magalhaes, diretora da Globo News, foi informada por uma amiga cujo marido vivia na Itália. Ela falou que Diana havia morrido, mas seu esposo, que assistia à CNN, disse que o canal americano nada falou sobre o assunto.

A Globo News “furou” a CNN e até a BBC, que deu a notícia pouco depois, segundo diretores da emissora.

Muitos jornais questionaram a Globo, afirmando que a Rede Manchete exibiu a notícia em primeira mão. Entretanto, a diretora assistente, Alice Maria, fez uma varredura e confirmou que a Manchete deu a noticia às 00h51, 4 minutos depois da emissora global, usando, inclusive, a CNN como fonte.

O sequestro do ônibus 174 (12 de junho de 2000)

Era uma segunda-feira quando o sequestrador Sandro Barbosa do Nascimento paralisou o bairro do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, assim como o Brasil, que assistia, perplexo, o sequestro do ônibus 174.

Naquele momento, os jornalistas Sidney Rezende e Leila Sterenberg estavam no comando do Em Cima da Hora. Tudo ocorria normalmente, até que o noticiário é interrompido com imagens da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), mostrando um ônibus parado e cercado por policiais.

A repórter Vanessa Riche, que fazia uma matéria próxima da região, foi até o local e começou a transmitir, por telefone, toda a tensão do sequestro.

Um dos momentos tensos que Riche viveu foi quando o sequestrador atirou contra os policiais e os jornalistas, felizmente não atingindo ninguém.

Nesse momento, a bateria do celular da jornalista acabou e a estagiária Marina Araujo se dirigiu de bicicleta até o local do sequestro para levar um novo aparelho para a jornalista continuar a cobertura.

O tempo foi passando e o sequestro continuava tenso, assim como sua transmissão. A cobertura tinha que continuar ao vivo, sem cortes, mas o medo de mostrar um assassinato ao vivo tomava conta da redação.

Evandro Carlos de Andrade, então diretor da Central Globo de Jornalismo, decidiu manter a transmissão da Globo News no ar, mesmo com o risco de uma morte ser transmitida em tempo real. Na Rede Globo, por sua vez, a transmissão ao vivo não teve continuidade, justamente pelo receio da exibição de um assassinato em rede nacional.

Às 18h51, o sequestrador sai do ônibus, usando a refém Geisa Firmino como escudo. Um policial do BOPE se aproxima e atira, acertando de raspão o queixo da refém. O sequestrador, portanto, disparou três tiros em Geisa.

A Globo News transmitiu todo o fato ao vivo e Vanessa Riche narrou a tragédia dessa forma: “Meu Deus! Mais um tiro! A multidão esta querendo linchar o bandido!”

Foram as imagens da Globo News que mostraram o sequestrador entrando no camburão da polícia ainda vivo e sendo morto por asfixia pelos próprios policiais.

Entre elogios e críticas, sem sombra de dúvidas, essa cobertura da Globo News foi um marco em nosso jornalismo.


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