Muitos já ouviram que o ano começa após o carnaval, certo? Sem sombra de dúvidas, é um dos feriados mais esperados por todos, no qual o país é paralisado de fato, se tornando palco de uma imensa farra. É claro que a televisão jamais ficaria de fora dessa grande festa e, por isso, as emissoras sempre dedicaram horas da programação mostrando a folia de norte a sul, do samba ao frevo.

Há tempos atrás, o carnaval não era voltado apenas para os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro e São Paulo, ou os trios elétricos de Salvador e outras cidades do Nordeste: os bailes de carnaval não ficavam de fora, invadindo a madrugada e gerando bons índices de audiência. Era nessa hora que o “vale tudo” na televisão era permitido, exibindo cenas que jamais passariam em horário nobre.

Nos anos 1980, a Bandeirantes fazia a transmissão desses eventos, mostrando bailes do Rio, como o famigerado baile da Ilha Porchat Clube. A transmissão, sempre confusa e barulhenta, se tornava cômica, pois ninguém ouvia ninguém: nem o repórter, nem o convidado e muito menos o telespectador entendiam coisa alguma. Um repórter em especial, que sofreu com a barulheira e o empurra-empurra, foi Emilio Surita, entrevistando por horas foliões bêbados e garotas. Até Sandra Annenberg, na época atriz, fez parte da equipe. A Bandeirantes faturava com os bailes fazendo uma compilação dos melhores momentos em VHS e os vendendo após a quarta-feira de cinzas.

Quem de fato faturou com o carnaval foi Otávio Mesquita. Seu início de carreira foi no meio da folia, transmitido de um jeito cômico e irônico e conquistando o público logo de cara. Mesquita invadia camarotes, camarins e até os banheiros atrás de uma entrevista. Um dos episódios mais lembrados é o que envolvia o nome da atriz Cristina Prochaska, que apresentava o carnaval junto com Mesquita. O diretor da transmissão, em determinado momento, pediu para o câmera-man “fechar na Prochaska”. O profissional fez o que foi solicitado, do modo que ele entendeu… Mesquita contou o fato no Agora é da Tarde, da Band, em 2012.

Quem viveu essa época lembra muito dos bailes da Manchete. O carnaval sempre foi uma tradição, a Revista Manchete batia recorde de vendas com a edição especial da festa. Na televisão não seria diferente: além de transmitir o desfile das escolas de samba na Sapucaí, a emissora fazia uma cobertura dos principais bailes de carnaval do Rio. Metropolitan, Monte Líbano e a Scala faziam parte do roteiro da Manchete.

A televisão não exibe mais esses bailes, focando as transmissões nos desfiles das escolas de samba e no Axé de Salvador. O “lado b” do carnaval ficou com a Rede TV!, mostrando os bastidores do carnaval e produzindo cenas bizarras, mostrando que de alguma forma, o carnaval popular se mantém vivo na telinha.


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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor