Pé na Cova, A Grande Família, Os Normais, Sai de Baixo, Toma lá da cá, Doce de Mãe, A Diarista… Imagino que, assim como eu, o leitor também sinta grandes saudades desses seriados de humor da Globo. Sua qualidade para qualquer tipo de produto é incontestável. Não à toa, está entre as maiores emissoras do mundo.

Mas por que há uma dificuldade tão grande de emplacar uma série hoje em dia em sua programação? Seria a mudança de comportamento do telespectador? Seria a falta de um texto realmente convidativo? A concorrência está mais preparada? Acredito que sim, as respostas dessas perguntas colaboram para a ausência de sucessos arrebatadores nesse setor, que sempre foi uma vertente muito forte da Globo.

Fazendo uma comparação rápida, entre os anos de 2000 e 2009 foram lançadas 26 séries em sua grade. Já de 2010 até aqui estrearam 32, faltando ainda poucos anos para encerrar esse ciclo. Algum leitor irá pensar: “Mas isso é ótimo para a emissora, que vem investindo cada vez mais em produções do gênero!”. Sim e não, eu diria. É perceptível a dificuldade que existe em emplacar uma boa série que seja capaz de segurar a audiência da novela das nove. Vale ressaltar que prender esse público está longe de ser uma missão impossível. E por que há essa dificuldade?

A ausência de grandes textos, na minha humilde opinião, tem sido o ponto chave para essa criação excessiva sem renovação (ou seja, séries que são lançadas e não passam da primeira temporada). Não vejo mais um preparo assertivo com textos que ganhariam renovações futuras.

O telespectador mudou e continuará mudando cada vez mais. Porém, ainda há como agradar sua maioria e fixá-lo. A mudança comportamental não o impede de acompanhar um produto por algum tempo. De exemplo temos as novelas da própria emissora que, já de um tempo, vivem um crescimento em audiência. A concorrência também se mexeu, é verdade. Cada vez mais produtos de qualidade são lançados em outras emissoras e emplacam com facilidade. Porém, o público é justamente aquele que migra ao final da principal novela do país em busca de algo que o fixe na televisão. Será que, com um produto mais forte, ele precisaria usar o controle remoto?

Não estou dizendo que no meio dessas 32 séries lançadas nada foi bom, mas claramente os bons textos estão sumindo e isso é preocupante. Torço e aguardo alguma série (no começo citei apenas sucessos do humor, mas cabe em outros gêneros também) que seja capaz de trazer esse sentimento a nós, telespectadores, de volta.

*A coluna desconsiderou a “supersérie” Os Dias Eram Assim da contagem por se tratar de um outro tipo de produto.


Compartilhar.