Onda de remakes dos anos 90 pode estar voltando à televisão
05/08/2022 às 11h40
Com o sucesso de Pantanal na Globo, o público nas redes sociais começou a dar pitacos sobre novos remakes que poderiam entrar no ar e sacudir o horário nobre da emissora, como Renascer, Xica da Silva e outras tramas. Esta não é a primeira vez que a televisão olha para o passado e agrada o público…
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Em meados dos anos 1990, os canais abertos viveram um boom de regravações. A Globo abriu os trabalhos com Lua Cheia de Amor (1990), versão moderna de Dona Xepa (1977). Ivani Ribeiro ampliou os índices das seis e das sete com Mulheres de Areia (1993) e A Viagem (1994), que a própria desenvolveu para a Tupi.
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A estação também revisitou os originais de Janete Clair, com Irmãos Coragem (1995) e Pecado Capital (1998), além da atualização de Anjo Mau (1997), clássico de Cassiano Gabus Mendes. Já a versão “noventista” de Dancin’ Days, assinada por Gilberto Braga, ficou na intenção.
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O SBT reativou seu núcleo de Dramaturgia em 1994, apostando em folhetins que marcaram a TV brasileira. Éramos Seis (1994), As Pupilas do Senhor Reitor (1994), Sangue do meu Sangue (1995) e Os Ossos do Barão (1997) fizeram sucesso em suas versões originais – na Tupi, Record, Excelsior e Globo, respectivamente.
Um título produzido pela própria emissora também foi resgatado: Meus Filhos, Minha Vida (1984) ganhou outro nome, Razão de Viver (1996). A Record, por sua vez, experimento o sucesso com Louca Paixão (1999), derivada da primeira novela diária da TV brasileira, 2-5499 Ocupado (1963), da Excelsior.
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O público adora um “revival”
O telespectador não se incomodava nem um pouco com a “falta de criatividade” dos autores e valorizava o resgate de tramas inesquecíveis. Segundo uma pesquisa feita pelo Datafolha em 1995, 46% do público de São Paulo aprovavam os remakes e preferiam assisti-los às novas novelas.
35% dos entrevistados afirmavam que gostavam de ver os folhetins inéditos e 44% declararam que as segundas versões ficavam bem melhor que as primeiras. E 57% dos que assistiam as novelas da Globo davam chance apenas os textos antigos.
Um remake não é nada simples
Muitos diziam que a televisão vivia um momento de pouca imaginação e que uma segunda versão era simples. Os autores rebatiam… Afinal, atualizar a narrativa não é tão simples assim…
Maria Adelaide Amaral adaptou Anjo Mau e afirmou que era errado achar tudo não passava de cópia do original.
“Dizer que é apenas um remake é inexato. Estou acrescentando novas tramas paralelas. Na época, elas não tinham muita importância, eram frágeis e aproveitadas”, detalhou a autora ao jornal Folha de S. Paulo.
“Um remake só funciona se a trama for bem retrabalhada. Cada tempo tem sua identidade e sua linguagem. Mas uma adaptação com novos recursos mostra a transformação das novelas”, acrescentou Mauro Alencar, então consultor da Globo.
Hoje estamos acompanhando o sucesso de Pantanal, que colocou a Manchete em primeiro lugar e agora garante à Globo ótimos índices de audiência no horário das nove, abrindo uma vantagem enorme sobre suas concorrentes.
Regravar uma novela não é simples, nem todas as novas versões deram certo. Isso mostra que o público é exigente e pede qualidade, mesmo em uma adaptação. A trama de Benedito Ruy Barbosa continua viva, com um elenco e produção a altura do enredo.