Na televisão brasileira, muitas figuras se tornaram folclóricas. Seja um câmera, um produtor, uma telemoça, sempre com a ajuda do apresentador, esses funcionários acabavam virando uma atração à parte.

Russo

Antônio Pedro de Souza e Silva, o Russo, um assistente de palco, virou uma figura emblemática na Globo. Antes de trabalhar na televisão, Russo já trabalhava na Rádio Tupi, ajudando na montagem e organização de microfones.

O jovem assistente foi contratado pela Globo, em 1967, quando Chacrinha se mudou para a emissora carioca e viu nele uma figura engraçada, que poderia fazer a diferença no palco.

Parceiro de Chacrinha

Chacrinha e Russo

O sucesso foi tão grande que ele sempre aparecia fantasiado, jogando bacalhau e ajudando o animador na condução do programa. Ele também brincava muito com os convidados, dançando e abraçando os artistas que se apresentavam.

Mas nem todos levavam isso na esportiva. Em 1982, Tim Maia foi lançar seu disco e se irritou quando Russo o agarrou enquanto ele cantava. Bravo, saiu do palco enquanto o Chacrinha perguntava o que havia ocorrido com ele.

Russo e Xuxa

O assistente trabalhou nos principais programas da Globo, como o Domingão do Faustão, Xou da Xuxa, Caldeirão do Huck, Os Trapalhões, entre outras atrações.

No humorístico de Renato Aragão, ele fez uma ponta interpretando o namorado de Catifunda, personagem de Zilda Cardoso.

Saída da Globo

Faustão e Russo

Depois de 46 anos de trabalho, ele foi desligado da Globo em 2014. Mesmo aposentado, Russo continuava trabalhando e batendo ponto nos Estúdios Globo. Dois anos antes, em 2012, ele sofreu um infarto e teve que colocar cinco pontes de safena, além de tomar medicamentos.

Em entrevista ao UOL, o veterano profissional disse que sentia tristeza em não poder mais trabalhar.

“Não posso mais ir ao Projac. Agora só com autorização. Não posso mais entrar lá, porque meu crachá foi cancelado. Passo mal quando chego na portaria, tento passar meu crachá na catraca e não consigo entrar porque me proibiram. Meu coração fica triste. Gosto muito de trabalhar. Não gosto de ficar parado”, desabafou.

Ajuda

Russo

Mesmo criticando a Globo, a esposa de Russo, Adriana Mello, disse em entrevista ao programa Domingo Show da Record que a empresa não deixou seu marido de lado, pagando uma renda fixa e mantendo o plano de saúde. Geraldo Luís ainda preparou uma homenagem para o assistente e ofertou-lhe um cheque de R$ 10 mil.

“Me mandaram embora sem pai e sem mãe. Foi uma covardia que fizeram comigo. Eu não queria parar de trabalhar”, declarou, emocionado.

Mesmo assim, ele continuou afastado da televisão e morreu no dia 28 de janeiro de 2017, depois de sofrer uma embolia pulmonar. Ficou internado por uma semana em hospital de Duque de Caxias (RJ).

Apesar de ter sido esquecido pela emissora, Faustão fez uma homenagem a Russo, destacando seu trabalho e sua simpatia.

“Nós temos que registrar, infelizmente, a morte do operador de microfones Antônio Pedro da Silva, o Russo. Ele trabalhou 46 anos na Globo com muita competência e dignidade. Catarinense, criado no Rio de Janeiro, e que trabalhou nos programas do Chacrinha, no Domingão, no programa da Xuxa, e que morreu aos 85 anos, deixando o trabalho com muita dignidade”, destacou.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor