Uma das mais marcantes minisséries produzidas pela Globo, Hilda Furacão estreava há 26 anos, em 26 de maio de 1998. Estrelada por Ana Paula Arósio, a produção foi recentemente redescoberta pelo público jovem, que passou a acompanhar a história no Globoplay.

Ana Paula Arósio em Hilda Furacão
Ana Paula Arósio em Hilda Furacão

Escrita por Gloria Perez, baseada no livro de Roberto Drummond, a produção contava a história de uma jovem de classe média que escandalizou a sociedade mineira dos anos 1950 ao se tornar prostituta.

No entanto, poucos sabem que Hilda Furacão realmente existiu. A prostituta, inclusive, teve um triste fim, que não foi mostrado na minissérie da Globo…

Produção histórica

A minissérie Hilda Furacão foi ao ar na Globo entre 27 de maio e 23 de julho de 1998. Escrita por Gloria Perez e dirigida por Wolf Maya, a produção marcou a estreia de Ana Paula Arósio na Globo. Detalhe: ela ainda era contratada do SBT e foi “emprestada” à Globo por Silvio Santos.

Na trama, a personagem-título é herdeira de uma tradicional família de classe média mineira, mas decide romper com os parentes ao desistir de um casamento. Depois disso, ela vai viver num bordel, onde se torna uma famosa prostituta.

Hilda Furacão, então, torna-se o sonho de consumo dos homens de Santana dos Ferros, no interior de Minas Gerais. Ela vira a cabeça, inclusive, de Frei Malthus (Rodrigo Santoro), religioso que passa a viver atormentado, dividindo-se entre o celibato e o desejo por Hilda.

Personagem real

A verdadeira Hilda Furacão
A verdadeira Hilda Furacão

Sempre houve dúvidas sobre a real existência de Hilda Furacão. No entanto, em 3 de agosto de 2014, uma matéria do Fantástico revelou que o jornalista Roberto Drummond se baseou na história de Hilda Maia Valentim, jovem bem-nascida que se tornou prostituta em Belo Horizonte (MG).

Nascida em 30 de dezembro de 1930, em Recife, Hilda se mudou muito jovem para Belo Horizonte com seus pais. Ela sempre teve tudo o que quis, já que vinha de família rica, mas sempre se interessou por desbravar os bairros boêmios da capital de Minas Gerais.

Foi assim que ela acabou se tornando garota de programa, recebendo o apelido de Furacão. Ela era chamada assim por conta de seu temperamento forte, pois não costumava levar desaforo para casa.

O que aconteceu com a verdadeira Hilda Furacão?

Hilda passou a fazer muito sucesso entre os homens e adorava ser desejada pelos clientes. Até que, em 1950, ela se casou com o jogador Paulo Valentim, na época atuando no Atlético Mineiro. Por amor a ele, Hilda deixou a prostituição e se casou. Juntos, eles se mudaram para Buenos Aires, onde Valentim foi jogar no Boca Juniors.

Mas a vida de Hilda sofreu um revés quando Paulo Valentim perdeu tudo o que tinha por conta do vício em jogos e bebidas. O casal, com o filho Ulisses, se mudou para o México, onde Hilda passou a trabalhar como faxineira, cuidadora de crianças e costureira para sobreviver.

Paulo Valentim morreu em 1984, quando Hilda e o filho Ulisses se mudaram de volta para Buenos Aires. Ela viveu com o filho até 2013, quando ele morreu. Depois disso, Hilda sofreu uma queda e ficou internada por seis meses em um hospital público. Ao receber alta, foi levada para um asilo.

A morte de Hilda Furacão

Foi a assistente social Marisa Barcelos que descobriu que aquela idosa era a famosa Hilda Furacão.

“Comecei a pesquisar no Google, peguei informações do hospital, fui ver os arquivos do Boca Juniors, escrevi para pessoas de Minas Gerais e cheguei à conclusão de que ela era a Hilda Furacão”, contou a assistente social à Folha de S.Paulo, em 2 de agosto de 2014.

Foi nessa época que o Fantástico foi até a Argentina conversar com Hilda, que, aos 83 anos, alternava momentos de lucidez e de falhas de memória.

Ela morreu em 29 de dezembro de 2014, pouco tempo após a entrevista no programa da Globo.

Compartilhar.
Avatar photo

André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor