Ele é um de nossos atores mais completos. Já viveu personagens dos mais diversos perfis: mocinho, vilão, ambíguo, surdo-mudo, gêmeos, estrangeiros. E em todos eles, sua competência esteve presente, eternizando tipos inesquecíveis na história da teledramaturgia. Ele é nada menos que Tony Ramos, que atualmente interpreta o fazendeiro José Augusto em Tempo de Amar, atual novela das seis, que está em reta final.

José Augusto é o personagem mais rico e complexo do enredo de Alcides Nogueira e Bia Corrêa do Lago. Pai da mocinha Maria Vitória (Vitória Strada), ama muito sua filha e torce por sua felicidade, porém, a mandou para um convento após descobrir que ela se envolveu com Inácio (Bruno Cabrerizo) e ficou grávida do mocinho. Simultaneamente, teve um caso com sua governanta, a ambiciosa Delfina (Letícia Sabatella), a partir do qual nasceu Tereza (Olívia Torres), filha que ele se recusava a assumir.

No meio da história, Augusto reencontrou Maria Vitória, em uma sequência emocionante protagonizada pelos dois atores. Sentindo-se arrependido pelo sofrimento que causou à filha, fez questão de pedir perdão à moça, além de revelar que Inácio estava vivo e se casou com a vilã Lucinda (Andreia Horta), além de se envolver com a Madame Lucerne (Regina Duarte) durante sua estadia no Brasil. E, mais recentemente, de volta a Portugal, descobriu que era enganado por Delfina e que Tereza ficou grávida de Fernão (Jayme Matarazzo), que também a abandonou e se envolveu com Lucinda.

Todos estes desdobramentos têm rendido grandes cenas para Tony Ramos, que pôde mostrar sua competência ao lado de talentosos intérpretes, como Letícia Sabatella, Olívia Torres, Bruno Ferrari e a promissora Vitória Strada, que vem cada vez mais chamando atenção pela maturidade cênica em sua estreia. O grandioso ator honra sua escalação e tem nas mãos o personagem mais atraente do enredo, após participar da fracassada série Vade Retro, onde fez dupla com Mônica Iozzi.

Merece elogios também a sua parceria com Regina Duarte, concretizada quando Madame Lucerne tentou dar um golpe no fazendeiro. A reedição do par romântico de Rainha da Sucata (da qual Alcides foi colaborador) agradou pela intensa química dos veteranos, temperada por referências a Eduardo (personagem de Tony em Sucata) e à inesquecível vilã Laurinha Figueroa (eternizada por Glória Menezes). Entretanto, é de se lamentar que os autores não souberam aproveitar ainda mais uma parceria tão agradável, deixando Lucerne novamente avulsa e sem função.

A versatilidade é palavra de ordem na carreira de Tony. Mocinhos, vilões, tipos ambíguos, homens do interior, personagens estrangeiros, de tudo um pouco já se viu em sua brilhante trajetória, como podemos destacar: Márcio Hayala (O Astro, versão original), Riobaldo (Grande Sertão: Veredas), João Victor e Quinzinho (Baila Comigo), Álvaro (Felicidade), Clementino (Torre de Babel), Coronel Boanerges (Cabocla, remake), Nikos (Belíssima), Opash (Caminho das Índias) e Zé Maria (A Regra do Jogo). Diferentes perfis que contaram com a expertise de Tony em fantásticos desempenhos.

Deve-se também mencionar, em especial, o divertido Tonico Ladeira, de Bebê a Bordo, atualmente em cartaz no Viva. Um atrapalhado e hipocondríaco marqueteiro político, o personagem vive confundindo as palavras e ajudou Ana (Isabela Garcia) a dar à luz em uma situação totalmente atípica. Como representante do humor sagaz do autor Carlos Lombardi, marcado pelo sarcasmo mordaz, Tonico é um dos principais destaques da novela das sete de 1988, mostrando a competência de Tony na comédia. O personagem foi tão forte que inclusive inspirou a personalidade de Arthur Fortuna, vivido por Murilo Benício em Pé na Jaca (2006-07).

Tony Ramos honra o ofício de atuar e merece esse reconhecimento. Atualmente no ar com dois tipos completamente diferentes entre si, o ator emociona com o drama de José Augusto em Tempo de Amar e diverte com as loucuras de Tonico em Bebê a Bordo. Fica aqui o desejo para que seu desempenho na atual trama das seis seja lembrado nas futuras premiações.


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