O Rei do Gado ficou marcada por festival de mulheres mal-amadas
24/02/2023 às 17h24
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Em O Rei do Gado (1996), Léia (Silvia Pfeifer) é amorosamente frustrada. Ela passou anos presa a um casamento arranjado com Bruno (Antonio Fagundes), que nunca lhe deu a devida atenção. Tamanha carência a levou a se envolver com Ralf (Oscar Magrini), um vigarista que só está de olho na fortuna da dondoca.
Divulgação / GloboMas Léia não é a única… Liliana (Mariana Lima), Maria Rosa (Ana Rosa), Rafaela (Gloria Pires) e Suzane (Leila Lopes) também integram esse verdadeiro “festival” de mulheres mal-amadas mostrado diariamente na novela de Benedito Ruy Barbosa.
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Azar no amor…
A família do senador Caxias (Carlos Vereza) é um verdadeiro reduto de mulheres frustradas. Começando por Maria Rosa, sua esposa, com quem tem um relacionamento complicado. Ela mal vê o marido, que vive em Brasília, mas, quando se encontram, é só reclamação.
Maria Rosa não se conforma em levar uma vida de classe média. Sua ambição contrasta com o jeito humilde do marido, que nunca quis utilizar seu cargo como senador para ascender socialmente.
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A filha deles, Liliana, também vive aborrecida. Ela é apaixonada por Marcos (Fabio Assunção), a ponto de furar uma camisinha apenas para engravidar do amado. Mas, em troca, só recebe indiferença do filho do Rei do Gado.
Sem chance
A golpista Rafaela chegou à fazenda de Geremias Berdinazi (Raul Cortez) alegando ser Marieta (Patricia Pillar), sua sobrinha desaparecida. Mas seu plano não deu muito certo. Entre tantos acontecimentos que levaram ao seu desmascaramento, o maior de todos foi a sua paixão por Marcos.
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O rapaz até embarcou num romance com a moça, mas uma série de reviravoltas jogou contra o casal. Além disso, Geremias tem insistido para que a falsa sobrinha se case com Otávio (Guilherme Fontes), o que leva a megera a embarcar num relacionamento sem amor, visando apenas o ganho financeiro.
Propósito
Uma matéria da Folha de São Paulo, publicada em 21 de julho de 1996, apontou essas e outras mulheres mal-amadas de O Rei do Gado. A situação contrastava com a que era visto na primeira fase do folhetim, repleta de casais que se amavam verdadeiramente. Antonio (Antonio Fagundes) e Nena (Vera Fischer) viviam felizes, assim como Berdinazi (Tarcísio Meira) e Marieta (Eva Wilma).
De acordo com o autor Benedito Ruy Barbosa, essa diferença não foi mero acaso.
“O contraste é proposital. Mostra que a luta pelo poder e a riqueza distancia as pessoas do amor”, afirmou. “Na época em que trabalhavam nas fazendas, os casais passavam muito mais tempo juntos”, explicou o dramaturgo.
Mariana Lima concordou que a passagem do tempo prejudicou os relacionamentos amorosos.
“A solidão é uma característica dos anos 90. Na primeira fase da novela, a fidelidade à terra aproximava as pessoas. Nos dias de hoje, a mulher urbana não tem onde se fixar”, analisou a intérprete de Liliana.
No entanto, nem todas as mulheres da segunda fase de O Rei do Gado são tão frustradas. Luana e Bruno, entre idas e vindas, encontraram o amor. Até mesmo Lia (Lavínia Vlasak), que teve relacionamentos furtivos no passado, consegue se realizar ao se apaixonar por Aparício (Almir Sater).