Clássico de Manoel Carlos, Laços de Família saiu do ar na sexta-feira, 2 de fevereiro de 2001, ostentando a considerável média de 45 pontos – a maior desde A Indomada, exibida em 1997. E foram justamente os autores dessa novela, Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares, os responsáveis pela substituta de Laços, Porto dos Milagres, que estreou cercada de expectativas e acabou fazendo tanto sucesso quanto a antecessora.

O TV História resgata agora a grade da Globo naquele 5 de fevereiro de 2001, há exatamente 20 anos, repleta de grandes sucessos em matéria de folhetins.

Confira:

A emissora entrava no ar às 5h35, com o Programa Ecumênico, atração que reunia representantes de diversas religiões, trazendo interpretações, de acordo com cada crença, de temas de interesse comum. Às 5h40, as aulas do Telecurso 2000 ‘profissionalizante’, seguido do ‘2º’ (5h55) e ‘1° grau’ (6h10). Ainda na “primeira hora” de programação, a versão diária do Globo Rural, então com meses de existência. Rosana Jatobá respondia pela bancada; Lúcio Sturm trazia informações sobre a cobertura meteorológica e cotações do mercado. Em seguida, às 6h45, os jornais locais. Leilane Neubarth e Renato Machado comandavam o Bom Dia Brasil (7h15), que contava com correspondentes em São Paulo e Brasília: José Roberto Burnier e Cláudia Bomtempo.

A grade matutina estava prestes a passar por uma grande (e definitiva) alteração – o Mais Você, então em férias, migraria das 11h para 8h em março. Com isso, o Bambuluá (8h00), encolheu. Angélica, que conduzia o amontoado de quadros (e a novela que dava nome ao infantil, não estava em sua melhor fase – a imprensa demonstrava mais interesse no tumultuado namoro da apresentadora com Maurício Mattar do que em seus projetos na televisão.

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Já ameaçado de extinção, por conta do interesse de Xuxa Meneghel de retomar o horário onde se consagrou com o Xou da Xuxa (1986-1992) e pela apertada disputa de audiência com Eliana (então na Record TV), o Bambuluá acabou chegando ao fim em dezembro daquele ano, sendo substituído pela TV Globinho, outrora quadro do programa.

Os jornais locais – Praça TV – entravam no ar às 11h55. Na sequência, dois minutos para a temporada 2000 da Fórmula 1, no boletim ‘Novo Milênio’ (12h46). O Globo Esporte (12h48) contava com um time da melhor qualidade: Mylena Ciribelli, atual apresentadora do Esporte Fantástico, na Record; Maurício Torres, falecido em 2014; e os sumidos Débora Meneses e Alexandre Bacci. Já o Jornal Hoje (13h20) vivia em clima de despedida: em meados de 2001, o noticiário “aposentou” o estúdio, migrando para a redação. Carlos Nascimento conduzia sozinho a apresentação; naquele ano, o ‘JH’ esteve envolvido em importantes coberturas, como o sequestro de Silvio Santos, em agosto, e os atentados de 11 de setembro – com Ana Paula Padrão ao lado do titular.

O Vídeo Show (13h50), então sob o comando de André Marques, também enfrentava mudanças. Foi o último ano de Miguel Falabella, que passou a conduzir entrevistas em estúdio, e com plateia, aos sábados – dia para o qual a produção reservava especiais como os dedicados ao término de Laços de Família e à estreia de Porto dos Milagres.

Em fevereiro, o ‘VS’ passou a apostar em “novelinhas”: era o quadro ‘Ligações Perigosas’, de Bruno Weikersheimer e Rixa, redator-final, que reunia cenas de diversas novelas, criando uma “nova trama” por meio de recursos de edição. Ainda, a aposta em Ivete Sangalo, primeira convidada para apresentar o Vídeo Game, que estreou em dezembro, com Angélica. Também nesta época, “Andrezinho” assumiu em definitivo o comanda do vespertino.

Para celebrar os 50 anos da TV brasileira e os 35 de existência, a Globo recrutou Roque Santeiro, de Dias Gomes – desenvolvida em parceria com Aguinaldo Silva – para o Vale a Pena Ver de Novo (14h30). A trama já havia sido reexibida em 1991, às 17h; o plano, a princípio, era alocar o folhetim de 1985 no ‘Vale a Pena’, mas sabe-se lá por quê, optou-se pela reapresentação de Cambalacho (1986), deixando um dos maiores sucessos da história das novelas para os fins de tarde.

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Roque Santeiro manteve a média da antecessora, A Próxima Vítima (1995); insatisfeita com os índices, porém, a emissora decidiu substituí-la por episódios do Você Decide (1992). Talvez o período “mais triste” da história da faixa de reprises – que logo defenestrou o programa e a apresentadora Susana Werner.

Logo após, o também clássico Esqueceram de Mim 2: Perdido em Nova York (1992) na Sessão da Tarde (15h20). Aqui, Kevin McCallister (Macaulay Culkin) se via sozinho na Big Apple, novamente sob a mira dos bandidos – antes “molhados”, agora “grudentos” – Harry (Joe Pesci) e Marv (Daniel Stern). Às 17h30, Malhação abordava a homofobia. Joana (Ludmila Dayer) enfrentava a fúria de Sócrates (Erik Marmo), homossexual que havia acabado de se matricular no Múltipla Escolha e que, erroneamente, atribuiu à mocinha uma fofoca a respeito de sua intimidade. O capítulo chegou ao fim com o maléfico Perereca (Márcio Kieling) descobrindo o namoro de Sócrates com um garoto (Gabriel Gracindo).

O “favo de mel” mais amargo de todos os tempos estava que era um doce só no capítulo daquela segunda-feira de O Cravo e a Rosa (18h05). Catarina Batista (Adriana Esteves) havia acabado de descobrir sua gravidez! Qual não foi a surpresa de Batista (Luís Melo), pai da “fera”, ao constatar que a feminista planejava manter o marido, a “cavalgadura” do Julião Petruchio (Eduardo Moscovis), alheio à gestação.

Era a reta final do folhetim de Mário Teixeira e Walcyr Carrasco; lógico que o casal protagonista não poderia ficar afastado por muito tempo – Catarina e Petruchio precisavam enfrentar a vilã Marcela (Drica Moraes) e descobrir o responsável pelo roubo das apólices dela. Sendo assim, a última cena do dia foi a da reconciliação, com o fazendeiro vibrando ao descobrir que ia ser papai…

As emoções de Um Anjo Caiu do Céu dominavam a faixa das sete (19h15), logo após a segunda edição dos jornais locais (18h55). 5 de fevereiro de 2001 foi um dia bastante complicado para Cuca (Débora Falabella). Logo nos primeiros capítulos desta comédia sentimental de Antonio Calmon, a garota fugiu da casa da mãe. Laila (Christiane Torloni), ao descobrir que era fruto da relação desta com João Medeiros (Tarcísio Meira), esposo de sua tia Naná (Renata Sorrah). Cuca fingia ser um rapazote, para poder morar “de boas” na casa de Breno (Henri Castelli), piloto da Aeronáutica. Como mentira tem perna curta, o galã descobriu que o “amigo”, na verdade, era uma mulher. Já apaixonada por ele, Cuca preferiu deixar o apê, se consolar com a tia Naná e ouvir ‘Aonde quer que eu vá’, curtindo a fossa…

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Fátima Bernardes ainda era casada com William Bonner e ainda integrava a bancada do Jornal Nacional (20h15). O noticiário destacava a alta médica de Leonilson Vieira de Oliveira, segurança de Xuxa, herói do incêndio que devastou o cenário do Xuxa Park (1994), no mês anterior. Também o desentendimento entre Globo e Eurico Miranda, dirigente do Vasco, que fez os jogadores do time entrarem em campo com o logo do SBT estampado na camisa – uma clara provocação à emissora detentora dos direitos de transmissão; o cartola, na época deputado, também era alvo da CPI do Futebol. Por fim, a cobertura do Carnaval Globeleza, cujo início estava marcado para o dia 23, com o desfile das escolas de samba de São Paulo. Naquele ano, Silvio Santos foi homenageado pela escola de samba Tradição, do Rio de Janeiro.

Pontualmente às 21h, entrou no ar o primeiro capítulo de Porto dos Milagres, com as desventuras do casal de golpistas Félix Guerreiro (Antonio Fagundes) e Adma (Cássia Kis) em Sevilha, na Espanha. Durante a fuga – que consome boa parte do primeiro bloco – Félix se depara com uma cigana que aponta o seu destino: a litorânea Porto dos Milagres, onde seu irmão gêmeo, Bartolomeu (também Fagundes, claro), é tratado como rei. O problema é que Félix precisa do auxílio de Bartolomeu, mas Bartolomeu não pode ouvir falar de Félix. Capítulos depois, Adma “providencia” o óbito do cunhado, entregando o patrimônio dele ao marido. E contando com a ajuda de Eriberto (José de Abreu) para se livrar do filho que Bartô tivera com a prostituta Arlete (Letícia Sabatella) – na segunda fase, o herói Guma (Marcos Palmeira).

A Tela Quente (22h05) ainda reapresentava os cartazes de destaque no ano anterior – bons tempos em que a faixa só repetia filmes de janeiro a março. MIB: Homens de Preto (1997), que abriu a “temporada de inéditos” em 2000, foi a atração da noite. De novo, na faixa pós-novela, apenas o Jornal da Globo (00h05), com Ana Paula Padrão. O Programa do Jô (00h37) também apostava no repeteco das melhores entrevistas de sua primeira temporada – no ar após outro boletim Fórmula 1 – Novo Milênio (00h35). O público votou e escolheu Homeboy, chance de vencer (1988) para o Intercine (01h55) daquele dia. Por fim, Fanatismo Fatal (1993) no Corujão (03h55).

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Apaixonado por novelas desde que Ruth (Gloria Pires) assumiu o lugar de Raquel (também Gloria) na segunda versão de Mulheres de Areia. E escrevendo sobre desde quando Thales (Armando Babaioff) assumiu o amor por Julinho (André Arteche) no remake de Tititi. Passei pelo blog Agora é Que São Eles, pelo site do Canal VIVA e pelo portal RD1. Agora, volto a colaborar com o TV História.