Após mais de cinco mil exibições, o Video Show precisava se reinventar. Várias tentativas foram feitas anteriormente, mas nenhuma que desse certo como a do formato atual, que quebra o convencional e diverte o público.

Em sua essência, o programa não é humorístico, sabemos. Nem mesmo os atuais apresentadores são humoristas. Apesar de participado do humorístico CQC, Mônica Iozzi é formada em artes cênicas e Otaviano Costa também não tem formação nesta linha já que, antes de se tornar ator, começou a carreira como radialista e depois virou ator.

Se “voltarmos no túnel do tempo” do Video Show e tentarmos relembrar sua época mais marcante, nos lembraremos mais de um apresentador do que do próprio programa em si. Falo de Miguel Falabella, apresentador que ficou mais tempo à frente da atração, durante 15 anos. Hoje, o Vídeo Show é sinônimo de um programa sobre os bastidores Globo e não mais de um apresentador que encerrava a atração com um texto auto-ajuda.

A veia humorística já apareceu em outras ocasiões. Na década de 2000, André Marques e Angélica reproduziam de forma bem-humorada cenas marcantes das novelas da casa. Mas nada se compara a bagunça (no bom sentido) que Iozzi e Otaviano fazem ao vivo no ar, como piadas com a própria emissora ou danças bizarras. É praticamente tudo no improviso.

Improviso. Tá aí. No último 19 de julho, domingo, estreou na Globo um novo programa de humor (pelo menos deveria ser) para substituir o SuperStar: Tomara Que Caia. O programa, ao vivo, prometia situações engraçadas geradas no improviso e interação com o telespectador. Segundo o próprio release da emissora, o Tomara que Caia tem “formato 100% original, criado e desenvolvido pela equipe do diretor de Gênero Boninho”. Sabemos que não, afinal, na TV “nada se cria, tudo se copia”. Nas chamadas já sabíamos que seria uma versão de “Quinta Categoria” (MTV, 2008) misturada com “É tudo improviso” (Band, 2010).

O elenco não era de todo ruim. Heloísa Perissé, Dani Valente e Fabiana Karla são boas. Mas, para uma emissora que tem em seu time Tatá Werneck, Dani Calabresa e Marcelo Adnet, formar um casting com Priscila Fantin, Ricardo Tozzi e Nando Cunha. não precisa ser nenhum vidente para saber que o programa já estrearia dado ao fracasso.

Aliás, como as outras tentativas da emissora ao exibir programas de humor. Podemos lembrar aqui Divertics e Os Caras de Pau. As Aventuras do Didi demorou, mas saiu do ar. O antigo Zorra Total fora reformulado, mas está longe de divertir. É preciso reconhecer o maior acerto da Globo: Tá no Ar. Atual, rápido, auto-crítico. Divertido. Ufa, enfim! Mas o programa assinado e comandado por Marcelo Adnet não entra na discussão, já que falamos de formatos ao vivo.

É curioso, mas, atualmente, o melhor programa de humor na grade da Globo não é um programa de humor. O Vídeo Show tem (e de sobra) o que na essência deveria ter o Tomara que Caia. Talvez o Video Show seja engraçado porque não esperávamos que ele fosse. E talvez o Tomara que Caia não me faça rir porque esperávamos que ele fizesse; mas acaba sendo decepcionante e vergonhoso até em algumas situações.

Fica aqui o nosso desejo: vida longa ao Video Show (com Iozzi) e ao Tomara que Caia, bom. o próprio nome já diz.

JAIANE VALENTIM é jornalista



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