Sumido da televisão desde setembro de 2019, quando se aposentou da Rede Globo após quase 50 anos na emissora, Sérgio Chapelin completou 80 anos em 2021. Mas por onde anda esse importante nome da história da televisão brasileira?

Natural de Valença (RJ), Sérgio Vieira Chapelin, começou cedo na carreira de locutor de rádio, ainda em sua cidade natal. Alguns anos depois, já no Rio de Janeiro (RJ), chegou a trabalhar como bancário e não passou em um teste de locutor de noticiários antes de se tornar conhecido em todo o Brasil ao se tornar apresentador do Jornal Nacional, em 1972.

Após terminar o serviço militar obrigatório, Chapelin resolveu ficar na capital fluminense e conseguiu arrumar emprego em um banco. Quase que a televisão brasileira perdeu um de seus maiores jornalistas para o setor financeiro, mas ele tinha vontade de retomar a carreira nos microfones.

Conseguiu um teste na Rádio Tamoio, onde virou locutor de cabine. Pouco depois, veio algo impensável: foi recusado em um teste para a Rádio Nacional, na época uma das principais emissoras do Brasil, onde disseram que ele não servia para ler noticiários.

“Mas provei que eles estavam errados quando fui contratado pelo Jornal do Brasil. Lá, passei a ler todo o noticiário da emissora e, na condição de noticiarista, fui chamado para a TV Globo, onde havia uma vaga”, enfatizou em reportagem da revista Cartaz de 14 de fevereiro de 1973, citando o período onde trabalhou na Rádio Jornal do Brasil AM, uma das emissoras de maior prestígio nos anos 1960.

Na Globo, também teve que fazer teste. “Entrei para a Globo sem pistolão, nem usando conhecimentos que tinha. Acho até que fui o escolhido por ter certa semelhança física com o Cid Moreira, que apresenta o noticiário nacional”, destacou. Na época, Chapelin se dedicava apenas à parte internacional do JN.

Poucos meses após assumir o posto, Chapelin podia ser comparado a qualquer galã das novelas da Globo. Não podia mais sair de casa tranquilo, de acordo com reportagem da revista. “Esse negócio me pegou de surpresa. Em poucos meses de trabalho, me certifiquei do enorme envolvimento da TV”, declarou.

“Da noite para o dia, passei a receber cartas e telefonemas de todas as partes do país, com os mais variados tipos de solicitações: convites para comparecer a batizados, casamentos, inaugurações de clubes, ensaios de escola de samba. Isso sem falar nas mulheres que me convidavam para jantar, sair com elas, ou simplesmente conversar”, explicou.

No início, ele disse que ficava irritado com o assédio. “Todos queriam conhecer o mito que a engrenagem criou. Eu não passava de um produto do meio, que as pessoas simplesmente consumiam. Daí passei a evitar convites. Mas verifiquei que a criação desse mito me beneficiava. E, sabendo disso, procurei alimentá-lo ainda mais. Afinal de contas, lutava pela minha sobrevivência”, contou.

Rápida passagem pelo SBT

Em 1983, consolidado como um dos principais nomes do jornalismo da Globo, Chapelin resolveu se aventurar em um novo campo. Se tornou apresentador de auditório no SBT, comandando o Show sem Limite durante um ano.

Passou a ganhar seis vezes mais na emissora de Silvio Santos e ainda estava liberado para aparecer em comerciais. Mas a Globo não deixou por menos: proibiu os comerciais de serem veiculados na emissora.

Apesar de obter excelentes índices no Ibope, muitas vezes levando o canal à liderança, Chapelin estava insatisfeito com a estrutura do SBT, que tinha pouco mais de dois anos de vida, e com sua remuneração, já que praticamente perdeu o que ganhava com comerciais ao ser barrado pela Globo.

Dessa forma, um ano depois, em maio de 1984, já estava de volta à antiga casa, na qual vai se aposentar agora. Assumiu o Fantástico, onde ficou até 1989, quando retomou a dupla histórica com Cid Moreira. Nova mudança aconteceu em 1996, quando passou a comandar o Globo Repórter, programa do qual já havia sido o primeiro apresentador, em 1973.

Aposentadoria e novo visual

No Globo Repórter entre 1996 e 2019, Chapelin se tornou a cara do programa, atualmente comandado por Glória Maria e Sandra Annenberg.

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Em 27 de setembro de 2019, teve uma emocionante despedida do jornalístico, marcando, também, sua saída definitiva da televisão. “Estive na maior parte dessa história primorosa do Globo Repórter e isso me deixa muito feliz. Da primeira fase do programa, mais documental, passando pela fase em que éramos mais factuais, até o momento atual, quando falamos sobre todos os assuntos. Saio com a sensação de dever cumprido”, declarou, na época. “Minha trajetória na televisão era tudo o que eu poderia desejar na vida. Sou muito grato ao público e aos colegas por todo esse carinho e simpatia. Me sinto muito honrado”, completou.

Desde então, o jornalista, que sempre foi apaixonado pela natureza, passou a viver definitivamente em sua fazenda, localizada em Itamonte, na região de São Lourenço (MG). Atualmente, está com 80 anos.

Em julho de 2020, em decorrência da morte de José Itamar de Freitas, antigo diretor do Fantástico, Chapelin reapareceu na revista eletrônica para dar um depoimento e surpreendeu os telespectadores com seu visual irreconhecível, de barba e cabelos brancos e longos.

Desde então, ele não voltou ao vídeo e continua levando sua vida no meio do mato, como gosta.

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