Renascer chega ao fim nesta sexta-feira (6) sem atingir as expectativas da Globo. Embora não possa ser considerada um fiasco, a novela não repetiu o sucesso de Pantanal (2022), remake anterior assinado por Bruno Luperi.

Giullia Buscacio e Juan Paiva em Renascer
Giullia Buscacio e Juan Paiva em Renascer

A recepção morna reflete alguns erros da produção, como a trama lenta e a falta de grandes vilões. No entanto, a novela teve vários acertos, sobretudo a primeira fase primorosa.

Confira o que deu certo e o que deu errado na novela das nove da Globo:

O que deu certo em Renascer?

Primeira fase

Em 1993, a primeira fase de Renascer encantou o público e entrou para a história da teledramaturgia brasileira. E, no remake, o autor Bruno Luperi conseguiu o impossível: superar a primeira fase da versão original.

Na nova versão, a segunda fase ganhou mais capítulos, novos personagens e aprofundou melhor os principais conflitos da trama. Além disso, o casal formado por Humberto Carrão (José Inocêncio) e Duda Santos (Maria Santa) caiu nas graças do público.

João Pedro e Sandra

Renascer derrapou na construção dos principais casais da segunda fase. No entanto, a novela entrou nos trilhos com a história de João Pedro (Juan Paiva) e Sandra (Giullia Buscacio).

Os atores demonstraram química e a história do casal envolveu o espectador. Na reta final, João Pedro e Sandra dominaram a narrativa com belas cenas românticas.

Volta de Malu Mader

Sem fazer uma novela inteira desde Haja Coração (2016), Malu Mader reapareceu em Renascer e agradou em cheio o público da novela. Os noveleiros estavam com saudades da atriz, grande musa da TV entre os anos 1980 e 2000.

Deu tão certo que sua personagem, Aurora, ganhou mais tempo dentro da trama e desenvolveu uma bonita história de amor com José Inocêncio (Marcos Palmeira), o que permitiu ao protagonista sair da eterna repetição com os mesmos conflitos de sempre.

O que deu errado em Renascer?

Trama lenta

Benedito Ruy Barbosa é um autor reconhecido pelo estilo mais lento e contemplativo. Bruno Luperi até conseguiu imprimir mais ritmo, mas não conseguiu driblar a falta de história da novela, que andou em círculos durante vários capítulos.

Após o capítulo 100, Luperi criou novas tramas para tirar a novela do marasmo. Ainda assim, Renascer não conseguiu se livrar da sensação de que a trama parecia sempre parada no mesmo lugar.

Vilões desperdiçados

Egídio (Vladimir Brichta) foi o grande vilão de Renascer e aprontou poucas e boas ao longo da trama. O personagem acabou levando a novela nas costas, já que era o único a movimentar a história.

Personagens como Eliana (Sophie Charlotte) e Mariana (Theresa Fonseca) poderiam ter evoluído para grandes vilãs, mas acabaram ficando pelo caminho. Faltou um pouco de pimenta no enredo.

Personagens sem carisma

A primeira versão de Renascer apresentou vários tipos marcantes, como José Inocêncio (Antonio Fagundes), Tião Galinha (Osmar Prado), Joana (Tereza Seiblitz) e Buba (Maria Luisa Mendonça). Já a segunda versão não emplacou grandes personagens.

Exemplo disso é o próprio protagonista. O José Inocêncio de Antonio Fagundes tinha uma presença poderosa, marcante, que ficou na memória do público. Já o Inocêncio de Marcos Palmeira ficou mais apagado.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor