O Outro Lado do Paraíso estreia com imagens cinematográficas e trama promissora
24/10/2017 às 10h00
“Tudo o que você faz um dia volta para você. Se você fizer o mal, com o mal mais tarde você vai ter de viver”. A música Boomerang Blues, da icônica Legião Urbana, é tema da abertura de O Outro Lado do Paraíso, nova novela das nove, que estreou nesta segunda (23/10) com a missão de manter a qualidade e os elevados índices de A Força do Querer, trama de sucesso de Glória Perez. E essa canção faz jus ao contexto desse novo enredo, escrito por Walcyr Carrasco e dirigido por Mauro Mendonça Filho, cuja premissa é justamente a popular lei do retorno.
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Após vários sucessos seguidos no currículo e escrevendo para todas as faixas da Globo, Walcyr encara mais uma missão e prova que é o autor mais ativo da emissora. Está praticamente todo ano no ar e fazendo a alegria do canal através de expressivos números de audiência – Amor à Vida (2013), Verdades Secretas (2015) e Êta Mundo Bom! (2016) tiveram Ibope e repercussão excelentes, citando apenas seus trabalhos mais recentes.
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Depois de uma novela sobre traumas familiares, outra focada na sensualidade somada a um clima sombrio, e a última explorando o universo caipira, o escritor optou pelo clássico mote da vingança para prender o telespectador.
A partir de agora, o público acompanhará a saga de Clara (Bianca Bin), mocinha inocente e íntegra que jura ter achado um príncipe encantado até se ver no meio de um jogo de interesses, sofrendo ainda violência doméstica, temendo o próprio marido. A menina se encanta por Gael (Sérgio Guizé) logo no primeiro capítulo, sendo correspondida.
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A estreia termina com um belo pedido de casamento. O rapaz, porém, sofre de bipolaridade e tem rompantes agressivos. Não demora para agredi-la, iniciando os ataques na noite de núpcias. Para culminar, ele é filho da poderosa Sophia (Marieta Severo), a grande vilã da trama, que se interessa pela terra recheada de esmeraldas da nova nora.
A novela, ambientada em Tocantins (aproveitando bem as belas imagens do Jalapão) e no Rio de Janeiro, tem duas fases. A primeira, em 2007, terá cerca de 30 capítulos, ou seja, é longa. E servirá para explorar o calvário da mocinha, que sofrerá cada vez mais nas mãos do marido e terá embates com a sogra, pois não aceitará ceder as terras para garimpo em virtude do trauma da morte do seu pai (Eucir de Souza), vítima de uma explosão enquanto garimpava – a cena, exibida na estreia, ficou muito bem feita.
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Clara tem como grande amigo o justo Renato (Rafael Cardoso), médico que nutre um amor platônico por ela, mas, desiludido com o casamento da amiga, acaba se envolvendo com Lívia (Grazi Massafera), filha problemática de Sophia e irmã de Gael.
O primeiro capítulo teve um começo igual ao de Verdades Secretas: créditos exibidos junto com as cenas iniciais e sem abertura. As imagens do Jalapão foram de encher os olhos e a fotografia impressionou. Parecia cinema. Mauro Mendonça Filho mais uma vez expõe seu talento como diretor, sendo necessário destacar ainda a trilha sonora primorosa – Vou Te Encontrar (Paulo Miklos), Weird Fishes/Arpeggi (Radiohead), Hold On (Alabama Shakes), I Don`t Want To Talk About It (Fernanda Takai), entre outras.
O elenco repleto de talentos também já disse a que veio, sendo necessário lembrar que falta bastante gente para entrar na trama. Bianca Bin, Sérgio Guizé e Rafael Cardoso se destacaram positivamente e ver Fernanda Montenegro em cena é um privilégio. As previsões da doce Mercedes já emocionaram. Lima Duarte, na pele do desconfiado Josafá, é outro grande nome e vê-lo de volta à televisão é um prazer. Marieta Severo e Grazi Massafera também merecem menção, repetindo a boa dobradinha de Verdades Secretas.
Foi um início mais lento, sem maiores correrias. Ou seja, morno, parecido com o de A Força do Querer, inclusive. Basicamente a trama central foi apresentada, cedendo um pouco o espaço para o drama de Elizabeth (ótima Glória Pires), que precisa lidar com as ausências do marido diplomata (Henrique – Emílio de Mello) e com as armações do sogro Natanael, grande Juca de Oliveira.
É um enredo clássico e o autor se preocupou em apresentar somente o drama principal, para só depois ir inserindo os demais núcleos. É um conjunto promissor e há muitos elementos para conquistar o telespectador. O Outro Lado do Paraíso começou bem.
SÉRGIO SANTOS é apaixonado por televisão e está sempre de olho nos detalhes, como pode ser visto em seu blog. Contatos podem ser feitos pelo Twitter ou pelo Facebook. Ocupa este espaço às terças e quintas