A atual novela das 23h (ou “supersérie”, como a Globo prefere chamar) continua mantendo seu alto nível. Onde Nascem os Fortes tem apresentado novos desdobramentos da busca de sua protagonista, Maria (Alice Wegmann), pelo irmão desaparecido, desafiando os poderosos da pequena cidade de Sertão. E a saga da corajosa jovem, praticamente uma cangaceira dos tempos modernos, tem valorizado bastante o talento de Alice Wegmann, sendo até o momento o melhor papel da carreira da jovem atriz.

Filha de Cássia (Patrícia Pillar), Maria tinha uma forte ligação com seu irmão gêmeo Nonato (Marco Pigossi), que sumiu após ser agredido depois de uma briga com o poderoso Pedro Gouveia (Alexandre Nero), motivada por cantadas do rapaz na amante do empresário, Joana (Maeve Jinkings). Desde então, a garota acusa o produtor de bentonita de ser responsável pelo desaparecimento do rapaz e segue em uma implacável e incansável busca para encontrá-lo.

Sua procura divide espaço com a paixão por Hermano (Gabriel Leone), que é justamente filho de seu pior inimigo. Apesar da intensa química do casal, Maria se vê impedida de viver este amor justamente por causa dos laços entre o amado e seu rival. A garota chegou, inclusive, a atirar em Joana e matou um capanga de Pedro para escapar de uma tentativa de estupro, o que a obrigou a fugir. Agora, a irmã de Nonato conta com a ajuda de Simplício (Lee Taylor) e Mudinho (Démick Lopes) para conduzir sua vingança.

Enquanto isso, outros conflitos movimentam Sertão: Pedro conta com a ajuda do corrupto delegado Plínio (Enrique Diaz) para usar Hermano como isca na captura de Maria. Ao mesmo tempo, o policial se aproximou de Aurora (Lara Tremouroux), filha do empresário, que sofre de lúpus; e a esposa Rosinete (Débora Bloch) descobriu, pela filha, o caso secreto que o marido mantém com Joana. Cássia, em sua busca implacável pelos filhos, tem se aproximado de Ramiro (Fábio Assunção), que usa a mãe de Maria para tirar proveito da situação.

E a poderosa interpretação de Alice Wegmann deu ainda mais credibilidade ao rico enredo criado pelos autores George Moura e Sérgio Goldenberg. O desempenho visceral da atriz tem chamado a atenção de todos os colegas de trabalho, que destacam sua força cênica e maturidade na pele de uma jovem totalmente diferente do que normalmente se espera de uma mocinha. E não é para menos: desde o primeiro momento, Alice se destaca ao engrandecer o rico conjunto de sua personagem e formou grandes parcerias, especialmente com Patrícia Pillar, Alexandre Nero, Gabriel Leone, Marco Pigossi (que participou apenas do primeiro capítulo) e, mais recentemente, Lee Taylor e Démick Lopes (revelado na série Treze Dias Longe do Sol).

Maria é a coroação de uma notável trajetória iniciada na temporada 2010-11 de Malhação, vivendo a descolada Andrea. Logo depois, na primorosa A Vida da Gente (2011-12), chamou a atenção do público na pele da tenista Sofia, filha da rigorosa treinadora Vitória (Gisele Fróes), que rompe com a mãe e se torna pupila da mocinha Ana (Fernanda Vasconcellos), já recuperada do coma. Mais tarde, retornou a Malhação, desta vez na temporada Intensa (2012-13), na qual viveu a rebelde Lia, uma das três protagonistas da história.

Em 2014, participou da segunda fase da fracassada Em Família, na qual roubou a cena vivendo a fase jovem da vilã Shirley (que caberia a Vivianne Pasmanter, que pouco pôde fazer em virtude da má condução do roteiro). No mesmo ano, na mediana Boogie Oogie (2014-15), interpretou Daniele, prima da patricinha Vitória (Bianca Bin), mas o papel infelizmente não valorizou seu talento. Voltaria a ganhar destaque em 2016, vivendo a ingênua Cecília na ótima série Ligações Perigosas; e ainda deu vida à misteriosa Isabela na também malfadada A Lei do Amor (2016-17), protagonizando um cansativo triângulo amoroso com Tiago (Humberto Carrão) e Letícia (Isabella Santoni).

Curiosamente, por pouco Maria não foi de Alice – que estava reservada para viver a Ema de Orgulho e Paixão, atual novela das seis, enquanto Pamela Tomé seria a responsável por dar vida à protagonista das onze. Por decisão da direção da emissora, as atrizes trocaram de novelas: Pamela passou a interpretar Jane, uma das cinco irmãs Benedito; e Wegmann assumiu o posto principal da supersérie. Uma troca justa, permitindo que as duas atrizes pudessem mostrar sua competência. Por sua vez, Ema ficou nas mãos da também talentosa Agatha Moreira, que dividiu o protagonismo de Malhação Intensa com Alice e Juliana Paiva, que esteve recentemente em A Força do Querer (2017).

Por tudo que foi apresentado – e deve se levar em conta que a trama ainda não chegou à sua metade – Maria é, até então, a melhor personagem da carreira de Alice Wegmann. Com muita energia, entrega, força e coragem, a jovem atriz deixou de ser um nome promissor para se tornar uma realidade, fazendo por merecer todos os elogios recebidos do público, crítica, colegas de elenco e equipe técnica e se tornando, assim, o maior destaque de Onde Nascem os Fortes.


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