O Canto Livre de Nara Leão resgata a carreira da cantora e conquista fãs novos e tardios

14/01/2022 às 12h47

Por: Nilson Xavier
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Adolescente na década de 1980, a música chegava até mim principalmente pela televisão, de Roberto e Erasmo a Caetano, Chico, Ney, Gretchen, Trio Los Angeles, Roupa Nova, Legião, Barão, Titãs e tantos outros. Do sofisticado ao brega, o leque de opções era imenso. Eu não vivi a Bossa Nova, Jovem Guarda, Tropicália e Beatles quando aconteceram, ou porque não era nascido, ou porque usava fraldas.

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Nara Leão chegou aos meus ouvidos nos anos 80, da mesma forma que Rita, Clara Nunes, Gal, Elis, Bethânia, Alcione e outras, por programas musicais e de auditório ou pelas novelas. A música de Nara chamava a atenção pela beleza das letras e pela doçura do timbre da cantora. Mas nunca comprei um disco e sequer pensei em shows. Hoje sei que sabia muito pouco de Nara.

Novos fãs

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O documentário O Canto Livre de Nara Leão (Globoplay) não apenas resgata a sua carreira como tem o poder de conquistar fãs novos e tardios. Não se trata de uma biografia enciclopédica. Não é objetivo o registro de quando e onde Nara nasceu, nem o mês e ano de sua morte. Dividido em 5 episódios, cada um dedicado a uma faceta da cantora, o doc resgata o seu temperamento controverso: doce e tímido e, ao mesmo tempo, afrontoso e determinado.

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A musa da Bossa Nova, como ficou conhecida, a renegou em seguida, peitou a ditadura militar, ajudou a lançar novos talentos, foi da MPB ao samba e música nordestina, enfrentou críticas de amigos (ao gravar um disco com sucessos de Roberto Carlos e Erasmo Carlos), atuou em peças e filmes, desistiu de cantar e voltou a cantar algumas vezes, amou outras tantas, casou e teve filhos.

Inquietude e ousadia

A trajetória de Nara é o tempo todo pontuada e enriquecida com uma edição vibrante de entrevistas, fotos, imagens e áudios de arquivo e depoimentos de amigos e artistas que fizeram parte de sua vida. Quando as imagens são musicadas com a voz da cantora, a atração ganha a amplitude de sua força. As entrevistas de arquivo revelam a inquietude e a ousadia que a doçura de seu timbre, seu tamanho, olhar profundo e sorriso largo escondiam.

O Canto Livre de Nara Leão é um documentário ímpar, carregado de emoção e beleza, capaz de despertar nostalgia inclusive em quem não viveu no tempo de Nara – apesar de terem sido tempos difíceis. Também faz refletir o quanto a música brasileira perdeu com a morte da cantora e derrapou desde então (1989, só para você se situar).

O Canto Livre de Nara Leão: Globoplay, produção musical de Dé Palmeira, edição final de Jordana Berg, fotografia de Dudu Levy, produção de Anelise Franco, colaboração de José Bial, supervisão artística de Pedro Bial e Mônica Almeida, direção de Renato Terra, produção executiva de Erick Bretas e Mariano Boni.

Produção executiva de Erick Bretas e Mariano Boni, pesquisa de texto/personagem de Ricardo Calazans, pesquisa de imagem de Julia Schnoor, Priscila Serejo e Ferdinando Dantas.

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