Famosa por nunca sorrir, musa dos anos 80 acabou virando costureira

Cleusa Maria

Édson Cury, mais conhecido como Bolinha, foi um famoso apresentador de auditório nos anos 1970 e 1980. Com seu jeito despojado e informal, ele fez enorme sucesso com o seu Clube do Bolinha, exibido pela Bandeirantes. No palco que comandava, lançou e apresentou grandes nomes da música popular, calouros e transformistas.

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Cleusa Maria (Reprodução / Web)

Uma das características do programa eram as bailarinas conhecidas como Boletes. As dançarinas eram parte da atração e faziam enorme sucesso, especialmente com o público masculino. Mas uma garota se destacou não apenas por sua beleza, mas porque nunca sorria.

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Cleusa Maria, filha de um feirante e de uma lavadeira, descobriu que tinha talento para a dança e resolveu investir na carreira. Logo, ela faria parte do grupo de bailarinas do Bolinha e se destacaria por permanecer séria, sempre sem sorrir, diferentemente das outras colegas.

Longe dos holofotes há tempos, Cleusa faleceu na madrugada do dia 7 de dezembro de 2022, aos 70 anos. Ela estava hospitalizada desde junho, quando foi intubada por complicações da Covid-19.

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Motivo

Clube do Bolinha (Reprodução / Web)

Por muitos anos, o público buscou entender o motivo para Zulu, como era chamada no programa, não esboçar um único sorriso. Em 2018, durante o Domingo Show, da Record, ela revelou o porquê.

“Eu tive uma paralisia facial, e desde pequena eu não podia sorrir. Até hoje não consigo. Graças ao Bolinha eu consegui meu ganha-pão sem precisar rir”, disse ao apresentador Geraldo Luís.

Bolinha viu a oportunidade de manter Zulu no programa e ainda fazer dela uma personagem. O apresentador mexia com ela, fazendo piadas, provocando e brincando com Zulu, que não dava risada e olhava sério.

Clube do Bolinha (Reprodução / Web)

Artistas também mexiam com a dançarina, que olhava enfezada.

“A gente tentava de tudo para fazê-la rir, não é lenda. A gente aprontava, mas ela sempre com aquele jeito dela. Até hoje eu não sei o que aconteceu para ela ficar assim”, contou Gilliard.

“Ela não ria, a gente fazia um monte de palhaçada na frente dela, e ela sempre de boca fechada”, relembrou Sérgio Mallandro.

Gratidão

Geraldo Luís e Cleusa Maria (Reprodução / Web)

Até então, Cleusa nunca havia falado sobre seu problema de saúde.

“O Bolinha foi um pai para mim, graças a ele eu venci na vida. Eu morria de vergonha, nunca tive vontade de dar entrevista. E graças ao Bolinha eu podia aparecer séria”, declarou. “Muita gente tem o que eu tenho, mas tem vergonha de assumir. Hoje, eu não tenho mais vergonha de falar”, completou.

Vitória Cury, filha de Bolinha, contou que seu pai adorava Zulu.

“Meu pai gostava de todas as boletes, mas a Zulu começou muito cedo e ficou do começo ao fim, então era como uma filha para ele”, destacou durante a reportagem do Domingo Show.

Após o fim do programa Clube do Bolinha, em 1994, Zulu, ou Cleusa Maria, afastou-se dos estúdios de TV. Ela passou a trabalhar em uma casa de costura.

Despedida

Cleusa Maria (bolete Zulu) (Divulgação / Record)

A notícia da morte de Cleusa Maria foi divulgada por Vitória Cury através de um grupo de fãs do programa no Facebook.

O roteirista Henrique Zambelli, responsável pelas adaptações de Pérola Negra (1998) e Esmeralda (2004), no SBT, lamentou a partida dela em seu perfil na rede social.

“Finalmente, os dois vão se reencontrar! A querida ex-bolete Zulu, conhecida nos anos 80 e 90 por nunca sorrir no Programa Clube do Bolinha da Band, alcançou mais um estágio da sua jornada espiritual e nos deixou seu legado de alegria. Meus sentimentos aos familiares, fãs e amigos!”, escreveu.

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